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Prévia da CES 2020: vigilância, brinquedos sexuais e gadgets futuristas

Empresas de tecnologia exibirão suas mais recentes inovações

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Heather Kelly
Las Vegas | The Washington Post

Durante uma semana por ano, milhares de pessoas se reúnem aqui para refletir sobre algumas das grandes perguntas da vida. Os robôs podem nos fazer sentir menos solitários? Já inventamos dispositivos suficientes para substituir a caminhada? Um vibrador conectado à Internet conta como tecnologia? Por que Ivanka Trump está aqui?

Milhares de pessoas estão vão a Las Vegas para a CES, antes conhecida como Consumer Electronics Show (feira de eletrônica ao consumidor), um grande evento de marketing no qual as empresas de tecnologia exibem suas mais recentes inovações.

É um desfile de anúncios de produtos, TVs muito nítidas e gadgets estranhos, muitos dos quais nunca serão lançados. A feira só abre na terça-feira (7), mas os eventos começaram no domingo, e já existem algumas dicas de quais serão as maiores sensações.

Elas incluem tecnologia sexual recém-aprovada e reconhecimento facial para rastrear os participantes —além de marketing furtivo fora do espaço oficial da CES. O presidente Donald Trump também está agendado para dar uma palestra na terça-feira sobre o futuro do trabalho, decisão que se mostrou controversa entre alguns participantes.

Na foto, quatro robôs estão dispostos lado a lado: três são brancos e menores e um é preto e um pouco maior.
Robô doméstico Samsung Bot Care, que monitora a saúde de seu dono e avisa quando chega a hora de tomar algum remédio, na CES de 2019 - Eduardo Sodré - 08.jan.2019/Folhapress

Brinquedos sexuais são permitidos; Cannabis não é

A CES organiza seus milhares de expositores em categorias, como casa inteligente, realidade aumentada, transporte —e o crescente segmento de saúde e bem-estar. E pela primeira vez em seus 52 anos a conferência permitirá que empresas de brinquedos sexuais exponham na feira como membros desse grupo, incluindo uma cama multitarefa para sexo e vários vibradores "inteligentes" e conectados à Internet.

A CES mudou sua política após um drama no evento do ano passado. A empresa de brinquedos sexuais Lora DiCarlo ganhou um prêmio de inovação da CES, mas depois ele foi retirado por ser contra as políticas da CES que proíbem produtos "imorais, obscenos, indecentes e profanos".

O prêmio foi restabelecido posteriormente, e Lora DiCarlo recebeu muito mais cobertura da imprensa do que receberia apenas por um prêmio. Depois disso, a CES atualizou suas políticas para permitir expositores de "tecnologia sexual" no grupo de saúde e bem-estar.

Nem todos os vícios estão recebendo convites. Tecnologias para maconha e tabaco, como os vaporizadores, ainda são proibidas na feira. Mas, se os últimos anos servirem de indício, as empresas criativas ligadas à cannabis encontrarão uma maneira de contornar a regra com marketing inteligente e eufemismos.

Existem sistemas de hidroponia para áreas internas e máquinas que misturam óleos essenciais (incluindo, por exemplo, THC). Espere mais do mesmo neste ano, incluindo uma caixa segura e que oculta os odores chamada Trova, para "objetos que não são para todos os públicos".

A identificação facial funciona em uma versão atenuada para o consumo

Quando os participantes se registrarem na CES neste ano, haverá uma nova opção para confirmar que eles são quem dizem ser: reconhecimento facial. Alguns pontos de check-in na CES terão uma câmera configurada para tirar a foto da pessoa e combiná-la automaticamente com a foto que ela usou para se inscrever. É opcional, e um exemplo de como a conferência e seus expositores estão tentando dar à tecnologia uma imagem mais amiga do consumidor.

A tecnologia de detecção facial causou muita controvérsia e preocupações sobre privacidade e preconceito. Ela já é usada nos aeroportos e pela polícia, e foi incluída em outros sistemas de vigilância. Agora, as mesmas empresas que fazem esses sistemas querem que eles sejam adotados como uma tecnologia divertida e amigável, que facilita as tarefas.

A CES é organizada pelo CTA, grupo setorial que representa empresas de tecnologia —muitas das quais gostariam de dar à detecção facial uma imagem mais amiga do consumidor. Firmas como a companhia de publicidade australiana Mikara querem vender reconhecimento facial para as lojas, para que possam veicular anúncios direcionados, enquanto o robô de atendimento residencial Pria, da Black and Decker, o usa para identificar usuários.

Equilibrar os usos éticos da detecção facial com o desejo de lucros da indústria pode ser complicado para a feira. Dois vencedores anteriores da CES listados como expositores no evento deste ano —a empresa de câmeras de segurança Ezviz, pertencente à Hikvision, e a firma de reconhecimento de voz iFlytek— não estão mais presentes, informou a CNET. O Departamento de Comércio dos EUA incluiu as empresas numa lista negra em outubro por seu suposto uso em violações de direitos humanos contra muçulmanos na China. O CTA disse que não comenta empresas individuais.

Muita tecnologia de banheiro, por algum motivo

A tecnologia para casas inteligentes, como termostatos e câmeras de segurança conectados à Web, faz sucesso em quase todas as partes da casa. Um espaço em que as empresas de tecnologia parecem se infiltrar neste ano é o banheiro.

Na CES, várias empresas pretendem mostrar tecnologia relacionada ao banheiro e outros produtos curiosos que elas mesmas admitem que nunca serão vendidos. Eles poderão, entretanto, chamar a atenção para as empresas de torneiras e papel higiênico, normalmente negligenciadas.

Os banheiros estão recebendo sensores para ajudar a determinar quanta água cada descarga requer, assistentes de voz estão a postos para dar a descarga no vaso, e dispositivos "vestíveis" monitoram sua barriga e lhe enviam uma notificação pelo smartphone quando é hora de usar o banheiro. O fabricante de papel higiênico Charmin está fazendo demonstrações de algo misterioso chamado "roll bot" (rolo-bô). E várias empresas prometem revolucionar os dentes com escovas de alta tecnologia.

O chefe da equipe de pesquisa do CTA, Steve Koenig, vê a tecnologia para banheiros como o próximo passo lógico para a tecnologia doméstica conectada.

"Estamos chegando ao ponto em que cumprimos a promessa original da smart home, que está criando espaços inteligentes que cuidam de nós, e não o contrário", disse ele a The Washington Post.

Outdoors: onde o verdadeiro drama da CES acontece

Dentro do Centro de Convenções de Las Vegas, empresas como Sony e Samsung ainda disputam os maiores espaços e exibições mais chamativas da CES. Mas nem toda empresa de tecnologia participa do evento em si. Apple, Facebook e Twitter têm sido ausências notáveis nos últimos anos.

As empresas que não participam do evento propriamente encontraram uma maneira de se destacar, às vezes sem pagar um centavo à conferência.

Nos últimos dois anos, o Google passou de uma presença mínima na CES a cobrir todas as superfícies disponíveis na cidade com anúncios "Hey, Google" para seu assistente de voz, incluindo a cobiçada entrada principal da CES. Está competindo com o Alexa da Amazon e, em menor grau, com o Siri da Apple, para que os parceiros incluam o assistente em seus próximos produtos. (O CEO da Amazon, Jeff Bezos, é dono do Washington Post.)

No ano passado, além de outdoors e trens suspensos, a companhia construiu um brinquedo elaborado —como "É um Mundo Pequeno" da Disney, mas para produtos Google— em frente ao centro de convenções. Neste ano, já existe uma estrutura gigante do Google, com escorregadores diante do centro e mais anúncios no monotrilho.

No ano passado, a Apple gastou uma fração do custo real de participar do evento em um único anúncio sarcástico que gerou muito mais atenção. O outdoor gigante colado ao lado de um hotel Marriott próximo ao centro de convenções dizia: "O que acontece no seu iPhone fica no seu iPhone". Foi amplamente interpretado como uma cutucada no Google e uma promoção do marketing da Apple como a empresa da "privacidade".

Vamos descobrir se a Apple iniciou uma nova tendência de sub-tweeting-via-anúncios de outdoor em poucos dias. A empresa também terá um palestrante na CES pela primeira vez em 28 anos, com a participação de sua diretora sênior de privacidade, Jane Horvath, em uma mesa redonda sobre o tema.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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