Trump é um pouco pior que Bolsonaro, diz economista Deirdre McCloskey

Professora da Universidade de Illinois teve palestra cancelada pela Petrobras

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São Paulo

A economista Deirdre McCloskey, que teve uma palestra cancelada pela Petrobras nesta semana, afirmou que os governos dos EUA e do Brasil são problemáticos, mas que Donald Trump é um pouco pior que Jair Bolsonaro.

Ela participou nesta terça-feira (28) do evento Latin America Investment Conference 2020, promovido pelo banco Credit Suisse.

McCloskey é transsexual, liberal e professora na Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos. Lecionou também na Universidade de Chicago, onde o presidente da Petrobras e o ministro da Economia, Paulo Guedes, estudaram.

A economista americana Deirdre McCloskey, 75, da Escola de Chicago
A economista americana Deirdre McCloskey, 75, da Escola de Chicago - Jorge Araújo - 08.nov.2017/Folhapress

Ela provocou risadas do público quando disse torcer para que os EUA passem por uma pequena recessão neste ano só para tentar garantir que Trump não se reeleja.

“Eu sei que é ruim, mas eu espero que tenha só uma pequena recessão. Eu me sinto mal por desejar isso, mas não posso deixar de desejar. Eu quero que esse cara saia”, afirmou.

“As administrações atuais dos dois países são problemáticas, mas Trump é um pouco pior que Bolsonaro.”

Conhecida como uma economista liberal, ela afirmou que o Chile tem sido um sucesso espetacular por conta dos “Chicago Boys”, os quais ela teve a oportunidade de ensinar. Afirmou ainda que os protestos de 2019 não foram por causa da questão da desigualdade, mas por motivações políticas.

“As pessoas estão nas ruas reclamando. Alguns acham que é sobre desigualdade, mas eles estão melhor do que estavam antes. Existem dois tipos de desigualdade, a boa é a ruim. A desigualdade ruim é tipo que vem do roubo na esfera privada ou pública, e é isso que temos de nos preocupar”, afirmou.

McCloskey também criticou o economista francês Thomas Piketty, autor de “O Capital no século 21”, livro de 2013 que trouxe uma nova visão sobre a questão da desigualdade.

Ela afirmou que o francês errou nas contas ao não contabilizar, além do capital físico e financeiro, o valor do capital humano, que ela classifica como uma das principais fontes de renda no mundo moderno. “Metade da renda nos EUA e no Brasil vem de capital humano e não de capital físico. Está errada a análise [dele].”

Disse ainda que não se pode basear políticas públicas na ideia de inveja, confundindo isso com combate à desigualdade. “Acho que esse é um pouco do combustível emocional que ele [Thomas Piketty] tem no coração, o ódio e a inveja de pessoas ricas.”

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