Warren Buffett vende suas operações jornalísticas por US$ 140 milhões

Lee Enterprises compra 30 jornais diários e dezenas de publicações semanais do Berkshire Hathaway

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Jonathan Stempel
Reuters

O grupo Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, fechou acordo para vender suas operações jornalísticas à Lee Enterprises por US$ 140 milhões (R$ 588 milhões) em dinheiro, abandonando um setor que o investidor bilionário defendeu por muito tempo, apesar da deterioração em suas perspectivas financeiras.

A transação inclui 30 jornais diários e algumas dezenas de jornais semanais controlados pelo BH Media Group, entre os quais o Omaha World-Herald, da cidade-sede da Berkshire Hathaway no estado de Nebraska, bem como o Buffalo News, um jornal do oeste do estado de Nova York adquirido pela Berkshire Hathaway em 1977.

Os jornais controlados pela Lee incluem o St. Louis Post-Dispatch. A companhia vinha administrando os jornais da Berkshire Hathaway, exceto o Buffalo News, desde julho de 2018, entre os quais o Richmond Times-Dispatch, da Virgínia, e o Tulsa World, de Oklahoma.

Warren Buffett, presidente do grupo Berkshire Hathaway; bilionário lamenta há muito tempo o declínio do setor
Warren Buffett, presidente do grupo Berkshire Hathaway; bilionário lamenta o declínio do jornal impresso nos últimos anos - AFP

Depois da transação, que deve ser concluída em março, ela passará a ter 81 jornais diários, em vez de 50.

Como parte da transação, a Berkshire Hathaway também se tornará o único financiador da Lee, refinanciando a dívida existente da companhia sediada em Davenport, Iowa, e fazendo um empréstimo de US$ 576 milhões (R$ 2,4 bilhões) a ela, com taxa de juros de 9%. A transação deve ser concluída na metade de março.

Os jornais representavam apenas uma pequena parte dos ativos da Berkshire Hathaway, que controla mais de 90 companhias operacionais, como a ferrovia BNSF e a seguradora de automóveis Geico, e adquiriu a maior parte de seus ativos jornalísticos nos últimos dez anos.

Ainda assim continua a ser incomum que Buffett, cuja vida de trabalho começou como entregador de jornais quando ele era adolescente, venda uma unidade operacional inteira.

Ele diz aos acionistas no site da Berkshire Hathaway que “não tem qualquer interesse” em vender bons negócios e que “reluta muito em vender negócios mesmo que estejam apresentando baixo desempenho”, se eles estão gerando caixa, são bem administrados e apresentam boas relações trabalhistas.

Mas ele lamenta há muito tempo o declínio do setor de jornais, já que a ascensão da internet e a proliferação de recursos noticiosos privaram os jornais tradicionais de suas fontes de receita.

Em abril do ano passado, Buffett disse ao Yahoo Finance que o setor tinha “acabado”, e declarou aos acionistas da Berkshire Hathaway em maio de 2018 que apenas o The Wall Street Journal, o The New York Times e talvez o The Washington Post tinham modelos digitais fortes o suficiente para compensar o declínio na circulação e na receita publicitária das versões em papel.

A Berkshire Hathaway não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

O declínio do setor não poupou o Omaha World-Herald, que cortou dezenas de trabalhadores, entre os quais quase todos os seus repórteres de negócios. No passado o jornal cobria a Berkshire Hathaway com frequência, mas deixou de fazê-lo.

Em comunicado, Buffett disse que a Berkshire Hathaway tinha “zero interesse” em vender a qualquer outra empresa que não a Lee.

“Nenhuma organização se dedica tanto quanto a Lee a servir o papel vital de provedora de notícias locais de alta qualidade, não importa qual seja a mídia de entrega”, ele disse. 

Tradução de Paulo Migliacci

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