O Bank of America Merrill Lynch reduziu nesta quinta-feira (27) sua perspectiva de crescimento econômico do Brasil em 2020 para 1,9%, se juntando a outras instituições financeiras que já haviam cortado suas projeções para abaixo dos 2%. A linha de 2% foi dada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao ministro Paulo Guedes (Economia) como uma meta para crescimento do PIB em 2020.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e outras autoridades disseram repetidamente que as reformas econômicas de direita do governo e as baixas taxas de juros produzirão crescimento de mais de 2% este ano, com Guedes confiante em 2,5%.
Mas vários indicadores econômicos ficaram mais fracos do que o esperado recentemente, e a mídia relatou que Bolsonaro está ficando cada vez mais frustrado com Guedes a medida que parece cada vez mais provável que o esperado crescimento de 2% deste ano está em risco.
Citando o impacto do surto de coronavírus, vários bancos reduziram previsões de 2020 para pouco mais de 2%. Economistas do Bank of América Merrill Lynch nesta quinta-feira deram um passo adiante e reduziram suas perspectivas pela segunda vez este mês, de 2,2% para 1,9%.
"O surto de coronavírus deve impactar negativamente as exportações. Dado o maior impacto esperado do vírus e os contínuos indicadores de atividade econômica sem sinal uniforme no Brasil, reduzimos nossa previsão em outros 30 pb (pontos base)", afirmaram os economistas do banco, David Beker e Ana Madeira, em relatório publicada nesta quinta-feira.
A previsão oficial de crescimento do governo para 2020 permanece em 2,4%, embora o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, tenha dito à agência Reuters, em uma entrevista este mês, que pode ser revisada.
Alguns outros analistas do setor privado, como a empresa de pesquisa britânica Capital Economics, estão mais pessimistas, prevendo um crescimento de 1,5% este ano. Antes de o surto de coronavírus realmente ser considerado um risco para o mercado, outros bancos haviam revisado suas projeções para a mesma direção.
O BNP Paribas reduziu sua previsão de crescimento de 2% para 1,5%. O Fator foi ainda mais pessimista e derrubou sua projeção de 2,2% para 1,4%. O JP Morgan já havia oscilado de 2% para 1,9%. Nas últimas
semanas já revisaram para baixo suas projeções (embora ainda no piso de 2%) as casas Santander, UBS, Barclays e Safra.
A média da última pesquisa Focus com economistas, realizada pelo Banco Central, nesta semana caiu de 2,23% para 2,2%.
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