Apertos de mão serão malvistos no maior evento global do setor de tecnologia, o Mobile World Congress (MWC), que acontece em Barcelona no fim deste mês.
Pedir aos participantes que evitem esse contato físico é uma das medidas anunciadas pela organização para tentar reverter o medo da epidemia de coronavírus: desde a última quinta (6), seis corporações gigantes cancelarem sua participação.
Juntas, as desistentes —as americanas Amazon e NVIDIA (fabricante de chips), a sul-coreana LG, a japonesa Sony, a sueca Ericsson (uma das três únicas fornecedoras da tecnologia 5G) e a chinesa ZTE—somam US$ 1,357 trilhão (quase R$ 6 tri), segundo as cotações de hoje do worldmarkets.com.
O congresso é uma das principais datas do setor de tecnologia. É no MWC que as empresas, com exceção da Apple, fazem alguns de seus mais importantes lançamentos.
Questionada, a organizadora do evento, GSMA, não informou o número total de cancelamentos nem deu estimativas de impacto no número de visitantes.
Para tentar evitar novas defecções dentre os 2.800 expositores esperados, a GSMA anunciou que está proibida a entrada de qualquer participante da província de Hubei (epicentro da epidemia, que já matou mais de 800 pessoas e registra cerca de 35 mil infectados em vários países do mundo).
Também estão excluídos todas as pessoas que tiverem passado pela China nos 14 dias anteriores ao congresso.
A organização anunciou ainda reforço na desinfecção de microfones e equipamentos de tradução e dos locais de alta rotatividade e exposição, como lanchonetes, banheiros, corrimãos, portas de entrada e saída, e aumento no número de médicos.
Na última sexta (7), o Ministério da Saúde espanhol afirmou que a região de Barcelona não é zona de risco para a epidemia e que o sistema de saúde está preparado para detectar e tratar o coronavírus.
No mesmo dia, o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Doenças divulgou 29 casos confirmados de infecção na Europa e no Reino Unido e declarou que o risco de contágio na região “permanece baixo”. Nesta segunda, no entanto, o governo britânico falou em “risco crescente”.
“Devido ao surto e preocupações contínuas com o novo coronavírus, a Amazon se retirará da exposição e não participará do Mobile World Congress 2020”, declarou a Amazon em nota.
“Como colocamos a segurança e o bem-estar de nossos clientes, parceiros, mídia e funcionários acima de tudo, tomamos a difícil decisão de deixar de exibir e participar do MWC 2020”, afirmou a Sony.
A empresa japonesa deve manter o lançamento de produtos no dia 24, mas por videoconferência.
A Ericsson elogiou as medidas tomadas pela organização do MWC, mas afirmou que, “como um dos maiores expositores, recebemos milhares de pessoas em nossos estandes todos os dias, e, mesmo que o risco seja baixo, não podemos garantir a saúde de nossos funcionários e visitantes”.
A LG declarou que está seguindo orientação da OMS (Organização Mundial de Saúde) “para que se promova distanciamento social”: “A atitude mais sensata é evitar todos os eventos públicos”.
A recomendação do escritório europeu da OMS é que as pessoas mantenham distância de ao menos um metro de desconhecidos, principalmente dos que estiverem tossindo, espirrando ou com febre.
Os organizadores pretendem controlar a temperatura corporal dos cerca de 100 mil visitantes esperados (de 5% a 6% deles, chineses).
Além do MWC, o medo da epidemia afetou eventos de negócios em outros países. A conferência de inteligência artificial AAAI, em Nova York, registrou queda no número de participantes, principalmente chineses.
O mesmo ocorreu com a feira audiovisual Integrated Systems Europe, de Amsterdam, da qual a LG também desistiu.
Cerca de 50 das 250 empresas chinesas que participariam da Integrated Systems recuaram por causa de restrições de viagem impostas pelo governo chinês.
Segundo a organização do evento, um expositor alemão e um japonês também cancelaram a viagem (nomes não foram revelados).
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