Dólar sobe e vai a R$ 4,36 com impacto do coronavírus na Apple

Ibovespa ameniza queda ao longo do pregão e cai 0,3%

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O anúncio da Apple, de que a empresa não vai cumprir sua estimativa de receita para o primeiro trimestre por conta do coronavírus, derrubou os mercados globais nesta terça-feira (18) e levou a cotação do dólar a um novo recorde, a R$ 4,36, alta de 0,6%. O turismo foi para R$ 4,53 na venda.

A gigante americana foi a primeira a alertar para os reais impactos da epidemia em seu resultado e investidores temem que o mesmo aconteça com empresas que têm fornecedores chineses e grande parte do mercado consumidor no país. 

A Bolsa brasileira acompanhou o cenário externo negativo e operou em forte queda durante boa parte do pregão, chegando a cair 1,5%. Ao fim da sessão, o Ibovespa se recuperou puxado por Petrobras e fechou em leve queda de 0,3%, a 114.977 pontos.

​As ações preferenciais (mais negociadas) da petroleira tiveram forte oscilação e foram de queda de 1,4% para fecharem em alta de 1,3%, a R$ 29,75. As ordinárias subiram 0,75%, a R$ 31,94.

Nesta segunda, o ministro Ives Gandra, do TST, decretou que a greve dos funcionários da estatal é ilegal porque teria "motivação política, e desrespeita ostensivamente a lei de greve e as ordens judiciais de atendimento às necessidades inadiáveis da população em seus percentuais mínimos de manutenção de trabalhadores em atividade".

Em sua segunda semana, a paralisação é a maior desde 1995. Segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), ela já tem a adesão de 21 mil empregados. Há mobilizações em 121 unidades da estatal, entre plataformas de produção de petróleo, refinarias e terminais.

A categoria pede a suspensão de quase mil demissões (396 próprios e 600 terceirizados) com o fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, no Paraná, e protesta contra mudanças em temas como troca de turno e pagamento de horas extras que, segundo eles, foram definidas sem negociação prevista no acordo coletivo.

"A greve não deverá afetar a produção de petróleo e combustível, nem ter um impacto negativo no fluxo de caixa da companhia dado o uso de um plano operacional de contingência adequado. A declaração do TST de que a greve é ilegal nos leva a acreditar que as operações serão normalizadas em breve e qualquer impacto nos resultados financeiros da Petrobras será limitado", diz Nymia Cortes de Almeida, diretora executiva da Moody's.

As ações da Petrobras também se recuperaram com a valorização da cotação do barril de petróleo Brent, que chegou a cair 2,4% pela manhã, mas fechou em leve alta de 0,14%.

A Apple comunicou o mercado de que não iria cumprir sua estimativa de receita deste primeiro trimestre por causa do coronavírus na noite de segunda (17).

A empresa disse que a paralisação no país por conta da doença afetou sua venda e produção e que, apesar do fato de as instalações de produção na China já terem sido reabertas, elas estão num ritmo mais lento que o esperado, restringindo o fornecimento de componentes para a montagem do iPhone, carro-chefe da companhia.

A Apple tinha previsto receita de US$ 63 bilhões a US$ 67 bilhões no trimestre, acima das estimativas do mercado de US$ 62,4 bilhões.

Analistas estimam que o coronavírus poderá reduzir a demanda por smartphones na China em 50% no pri-
meiro trimestre. O país é o maior mercado do mundo para os dispositivos.

“Este comunicado da Apple, manifestando de forma clara que a empresa será prejudicada, é simbólico, pois ela é um dos motores da economia. O mercado mundial vai ser afetado pelo coronavírus e ainda não se fala com muita clareza sobre isso”, diz Thomaz Fortes, gestor de fundos da Warren.

O mercado agora aguarda comunicados semelhantes de outras companhias, o que pode sinalizar a dimensão do impacto econômico da epidemia que se originou na China. 

A doença matou mais de 2.000 pessoas e infectou mais de 75 mil na China desde que surgiu pela primeira vez na cidade de Wuhan, no centro do país, no fim de 2019. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde, o aparecimento de novos casos desacelerou.

Com o temor aos impactos econômicos da epidemia, as principais moedas globais se desvalorizaram em relação ao dólar no pregão. Dentre emergentes, o real foi a segunda moeda que mais perdeu valor, atrás apenas da coroa tcheca.

A cotação do dólar comercial subiu 0,6% nesta terça-feira (18) e foi a R$ 4,36, novo recorde nominal. O pico anterior era de R$ 4,35 na última quarta (12), antes das intervenções do Banco Central, que vendeu US$ 2 bilhões em contratos de swap cambial.

Em termos reais (corrigidos pela inflação), a moeda americana ainda está longe de sua máxima de 2002. Se for considerado apenas o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o pico de R$ 4 naquele ano, equivale a cerca de R$ 10,80 hoje. Caso também seja levada em conta a inflação americana, o valor corrigido seria cerca de R$ 7,50.

No ambiente corporativo, a JBS anunciou nesta terça (18) acordo para comprar a americana Empire Packing por US$ 238 milhões (R$ 1,037 bilhão), valor que inclui a marca Ledbetter, de cortes de bovinos, suínos e produtos processados.

O conglomerado brasileiro de alimentos afirmou que a aquisição é realizada pela unidade norte-americana JBS USA e inclui cinco instalações produtivas localizadas nas cidades de Cincinnati (Ohio), Denver (Colorado), Mason (Ohio), Memphis (Tennessee) e Olympia (Washington).

"A Empire é uma respeitada empresa familiar, com forte liderança e ativos de qualidade localizados em regiões estratégicas nos Estados Unidos e que se enquadram bem em nosso modelo de negócios", disse André Nogueira, presidente da JBS USA, em comunicado.

A ação da JBS fechou em queda de 0,4%, a R$ 25,70.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.