Descrição de chapéu Financial Times

HSBC vai cortar 35 mil empregos na Europa e nos EUA para conter crise

Maior tentativa de reorganização desde a crise financeira, banco visa cortar seus custos anuais

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David Crow George Hammond
Londres e Hong Kong | Financial Times

O HSBC disse que pretende cortar cerca de 35 mil empregos como parte de uma redução radical de suas operações na Europa e nos EUA, e também advertiu sobre a ameaça para seus negócios da inquietação social em Hong Kong e do surto de coronavírus.

O banco sediado em Londres disse que visa cortar seus custos anuais em US$ 4,5 bilhões (R$ 19,4 bilhões) e livrar-se de US$ 100 bilhões (R$ 431,5 bilhões) em ativos ponderados pelo risco até o final de 2022. É sua mais drástica tentativa de reorganização desde a crise financeira, numa aposta para reanimar seus negócios vacilantes.

O banco não publicou uma meta de corte de pessoal, mas seu chefe-executivo interino, Noel Quinn, disse em entrevista ao Financial Times esperar que o número de funcionários em tempo integral diminua de cerca de 235 mil para 200 mil em três anos.

Quinn disse que isso seria alcançado em parte por atrito natural, em oposição a simples cortes de empregos, e que as redundâncias seriam "administradas de forma judiciosa e sensível".

Logo do HSBC
Logo do HSBC em Nova York, Estados Unidos - Brendan McDermid/Reuters

Ewen Stevenson, o diretor financeiro do banco, disse que as reduções de pessoal recairão em três "baldes", incluindo o enxugamento dos negócios da financeira na Europa e nos EUA e um plano de corte de custos mais amplo, destinado a reduzir a complexidade. O Financial Times relatou anteriormente que o elemento de corte de custos ameaça 10 mil empregos.

"Partes de nossa empresa não estão gerando resultados aceitáveis. Portanto, estamos elaborando um plano revisado para aumentar os retornos aos investidores", disse Quinn na terça-feira (18). "Já começamos a implementar esse plano, que minha equipe de diretores e eu nos comprometemos a executar aos poucos."

O HSBC disse esperar que a reformulação leve a cerca de US$ 6 bilhões (R$ 25,8 bilhões) em custos de reestruturação e US$ 1,2 bilhão (R$ 5,1 bilhões) em custos relacionados a demissões, a maioria das quais ocorreria neste ano e no próximo.

Os investidores reagiram negativamente à reorganização estratégica, o que fez as ações do HSBC caírem cerca de 6% no início do pregão em Londres.

Um investidor disse que os acionistas ficaram desapontados porque a planejada redução no balanço patrimonial não vai liberar capital exuberante para financiar recompras de ações, com o HSBC aparentemente preferindo usar essa capacidade para abastecer o crescimento na Ásia e em outros mercados emergentes.

O HSBC disse que reduzirá o tamanho de seu banco de investimentos diminuindo a quanto de ativos ponderados pelo risco em cerca de 35% na Europa e 45% nos EUA. Ele acrescentou que remanejaria o capital ligado a esses negócios em áreas de maior crescimento.

O HSBC também disse que encolherá suas operações de vendas e corretagem e pesquisa de ativos na Europa e mudará sua divisão de produtos estruturados de Londres para a Ásia.

Nos EUA, onde o banco gerou retornos abaixo da média durante anos, o HSBC disse que vai se "reposicionar" cortando o tamanho de sua rede de varejo em quase um terço, transferindo os negócios de renda fixa para Londres e reduzindo os custos operacionais em 10% a 15%.

O banco disse que aplicará mudanças significativas na estrutura do grupo, fundindo as seções de "back e middle office" de seu banco de investimentos e banco comercial, quase chegando a uma fusão em plena escala das duas divisões.

Ele também revelou planos de fundir seu banco privado global, que fornece serviços a clientes ricos, em uma unidade de varejo incrementada.

António Simões, chefe do banco privado, está deixando o HSBC em consequência da reformulação, o que faz dele a baixa de perfil mais elevado na reestruturação até agora. Ele já foi citado como potencial futuro executivo-chefe do grupo.

Simões esteve em disputa para liderar o banco comercial, mas essa posição foi preenchida agora permanentemente por Barry O'Byrne, que detinha o cargo em base interina desde agosto.

Além disso, o banco irá suspender a recompra de ações, "diante do alto nível de reestruturação", mas disse que manterá pagamento de dividendos.

O HSBC disse que as mudanças lhe permitirão gerar um retorno sobre o patrimônio líquido —principal medida de rentabilidade— entre 10% e 12% até 2022, comparado com 8,4% relatados sobre 2019.

O banco revelou a reestruturação ao informar um prejuízo antes de impostos de US$ 3,9 bilhões no quarto trimestre, depois de realizar uma baixa contábil sobre o valor de seus bancos de investimentos e comerciais na Europa, o que atribuiu a "suposições de índice de crescimento econômico mais baixo em longo prazo".

O lucro antes de impostos ajustado para o quarto trimestre subiu 29%, para US$ 4,3 bilhões (R$ 18,5 bilhões), à frente das estimativas consensuais de US$ 3,9 bilhões (R$ 16,8 bilhões).

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