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Livro relata filosofia matar ou morrer da criação da Uber e de seu cofundador

Jornalista narra a história da startup desde o contexto do cenário em que surgiu até a derrocada de seu mentor com seu jogo sujo

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A Guerra pela Uber

  • Autor Mike Isaac
  • Editora Intrínseca (R$ 59,90, 464 págs.)

“Há tanta corrupção e favorecimento na indústria de táxis e tantos interesses na regulação que, se você pedir permissão para algo que já é legal, jamais obterá.”

A frase de Travis Kalanick, cofundador da Uber, simboliza uma cultura do Vale do Silício de desfazer estruturas consolidadas de poder para criar formas inovadoras em que a sociedade possa funcionar.

Esse espírito emergiu da fusão de ideais hippies dos anos 1960 com a ganância e o desejo de inovar, segundo Mike Issac, autor de “A Guerra pela Uber”, que narra a história de uma das startups mais famosas do mundo e de Kalanick.

A obra tem 31 capítulos e é dividida em cinco partes, que vão da contextualização do cenário em que surgiu Kalanick e a Uber à trajetória que levou o cofundador a ser substituído no comando da marca.

Nascido em Los Angeles, em 1976, Kalanick sempre foi de se movimentar, nunca parava quieto. Quando criança, conforme teria dito seu pai, ele chegou a fazer um buraco no chão de tanto andar. 

Tanto é assim que na sede da Uber, em São Francisco, há uma pista coberta circular de 400 metros contornando bancadas e mesas de reunião.

O cofundador da Uber também é descrito como alguém que adorava eficiência e odiava desperdício. Mas, antes de ligar os pontos e chegar à ideia de que essas características o teriam levado a desenvolver a startup, é preciso lembrar que a Uber não foi a primeira criação de Kalanick.

O livro mostra que seu primeiro empreendimento foi a Scour, empresa de tecnologia voltada para busca e compartilhamento de arquivos —algo parecido com o Napster. A experiência fracassou.

Sua segunda empresa, a Red Swoosh, também voltada para o compartilhamento de arquivos, não foi um grande sucesso, mas ao menos lhe rendeu US$ 2 milhões com sua venda.

A ideia do serviço de transporte, no entanto, não partiu dele. Quem teve o estalo foi o canadense Garret Camp, que, de acordo com a obra, teria se incomodado tanto por ter dificuldades para se locomover em São Francisco que resolveu desenvolver uma solução.

Se a ideia não veio da cabeça de Kalanick, a proposta inicial da empresa também não foi a que a tornou tão popular. 

A princípio, a Ubercab (como foi chamada no início) era uma página na internet que conectava empresas de carro de luxo a clientes interessados em viajar. Ou seja, nada de app, nem de serviço popular.

O empurrão veio por parte de duas empresas, a Apple e a Lyft. A primeira criou o iPhone, com seus aplicativos e sua proposta de telefone inteligente. A segunda foi a que primeiro quis ofertar serviço de transporte popular. A ideia, porém, foi descoberta por Kalanick antes de seu lançamento, e ele, então, se antecipou à concorrente.

Contra a Lyft, aliás, o livro mostra que o cofundador nunca jogou limpo, seja via marketing agressivo ou ao controlar dados de quem dirigia para as duas marcas.

Foi sob Kalanick também que a Uber chegou a burlar o sistema da Apple, instalando um dispositivo em seu app que dava acesso a contatos, câmera e histórico de mensagens. A invasão de privacidade incomodou Tim Cook, e a startup quase saiu da App Store.

Além disso, a atmosfera de trabalho não era a mais amigável. A Uber ficou marcada por ter “um monte de machos alfa com MBAs no mesmo ambiente”, segundo o autor. Foi daí que surgiu a “mentalidade de campeão”, na qual o lema extraoficial era matar ou morrer.

Um dos relatos de abuso descrito no livro se passa no Brasil. Um gerente no Rio de Janeiro, quando ficava bravo, gritava ou arremessava canecas de café em seus subordinados.

Conforme narra o jornalista, esse mesmo gerente teria humilhado um funcionário e o levado às lágrimas na frente de toda a empresa. As inumerosas queixas no RH foram todas ignoradas, de acordo com o autor.

A obra de 464 páginas não se restringe a criador e criatura. O autor vai além e contextualiza os acontecimentos, detalhando, por exemplo, a crise pontocom dos anos 1990, a vida e as relações de figuras influentes do Vale do Silício e também de investidores. 

O trabalho do jornalista Mike Isaac mostra ser o resultado de uma apuração profunda. Ideal para entender as entranhas do mundo da tecnologia.


MACROECONOMIA
Consenso e Contrassenso

André Lara Resende, Portfolio Penguin, R$ 69,90, 224 págs.

Um dos formuladores do Plano Real, André Lara Resende apresenta nesta obra uma coletânea de ensaios sobre o descompasso entre a realidade brasileira e as teorias econômicas que sustentaram as políticas públicas no país nos últimos 30 anos.

PERSISTÊNCIA
Ainda Dá

Mario Sergio Cortella e Paulo Jebaili, ed. Planeta, R$ 41,90, 144 págs.

Quem nunca abriu mão de alguma vontade ou sonho? Nesta obra, os autores mostram, por meio de reflexões e histórias, que a busca pela excelência e pelo melhor resultado é, antes de tudo, uma atitude de quem persiste e pensa que “ainda dá”.

INTERAÇÃO
Falando com Estranhos

Malcolm Gladwell, ed. 
Sextante, R$ 49,90, 320 págs.

Sem conseguir traduzir o que se passa na cabeça de uma pessoa desconhecida, fica difícil estabelecer uma interação saudável. É sobre isso que cada capítulo deste livro se trata. O autor mostra, por meio de exemplos, como ideias preconcebidas afetam o comportamento humano.

SILÊNCIO
​A Quietude é a Chave

Ryan Holiday, ed. Intrínseca, R$ 39,90, 288 págs.

Para Sêneca, filósofo do Império Romano, a paz interna era a base para os humanos terem foco e disciplina. Mas como chegar a esse estado se hoje há um estímulo contínuo para que a mente trabalhe o tempo todo? O autor desta obra ajuda o leitor a encontrar esse caminho.

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