Lucro do Banco do Brasil sobe 32,1% e atinge R$ 17,8 bi em 2019

No quarto trimestre, o lucro do banco foi de R$ 4,6 bilhões

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São Paulo

O lucro líquido do Banco do Brasil alcançou R$ 17,8 bilhões em 2019, avanço de 32,1% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 4,6 bilhões. O resultado veio em linha com as projeções do banco para o ano, de lucro entre R$ 16,5 bilhões e R$ 18,5 bilhões.

O banco havia revisado seu guidance (previsão de resultados) para 2019 no terceiro trimestre. O resultado reflete um aumento de 12,3% da margem financeira líquida (receitas com operações de crédito), para R$ 40,1 bilhões no ano.

Para 2020, o BB afirmou projetar uma desaceleração no crescimento da margem para uma alta entre 2% e 5%.

Segundo o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB, Carlos Hamilton, o resultado deste ano será motivado principalmente pela continuação nas mudanças do mix da carteira de crédito e pela redução no custo de captação ante os juros mais baixos.

"Também teremos algum impacto do cheque especial. Mas nós já temos uma estratégia de expansão da base de clientes que usam essa linha para compensar", disse Hamilton.

Os ganhos do banco com tarifas e prestação de serviços atingiram R$ 29,2 bilhões, aumento de 6,4% ante 2018, puxados por consórcios, que cresceram 29,9%, pelas rendas com mercados de capitais, que avançaram 23,7% e pela receita com seguros, previdência e capitalização, que subiu 18%.

No terceiro trimestre, o presidente do banco público, Rubem Novaes, já havia sinalizado um maior foco na administração de recursos em prol de uma desaceleração nos créditos concedidos às grandes empresas. Na época, havia afirmado que o BB estava mais conservador no atacado e mais agressivo no quesito a crédito para pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas.

Homem vestido de amarelo caminha em frente a um prédio, cuja fachada é tomada pelo símbolo do Banco do Brasil
Sede do Banco do Brasil em Brasília - Adriano Machado/Reuters

A carteira de crédito ampliada do BB —que também inclui títulos de valores mobiliários— atingiu R$ 699 bilhões em 2019, queda de 2,6%. O recuo foi puxado pela queda de 9% na carteira pessoa jurídica. Os empréstimos para pessoas físicas, cuja carteira responde por 28,2% do total, cresceu 9% em 2019.

Entre os saltos mais expressivos no crédito do banco para o varejo estão as linhas de empréstimo pessoal, com avanço de 45,2%, de crédito renegociado, alta de 19,2% e de crédito consignado, que subiu 14,3%. Cartão de crédito avançou 10,7% no período. Os empréstimos para grandes empresas ficaram em R$ 117,2 bilhões, queda de 24,6%. Já para micro, pequenas e médias empresas, a alta foi de 8,5%, para R$ 59,5 bilhões.

Ainda segundo Hamilton, há espaço para que as carteiras de pessoas físicas e micro e pequenas empresas continue crescendo ao longo deste ano.

"Também é importante mencionar que os grandes clientes já têm avaliado que é mais vantajoso e adequado migrar parte das suas necessidades [de captação] para o mercado de capitais e nós tendemos a deixar de sermos credores para sermos provedores de serviços", disse.

A inadimplência do banco ficou em 3,27%. Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira (13), a alta de 0,74 ponto percentual em relação a 2018 foi por conta de um caso específico. A inadimplência média do sistema financeiro no período foi de 2,9%. O movimento corresponde, também, à estratégia baseada em forte crescimento no mercado de capitais como uma tentativa de compensar a maior demanda das grandes companhias pelo segmento, ante os prazos maiores e juros mais baixos.

Também no terceiro trimestre, Novaes já havia afirmado que buscava um parceiro internacional para a BB DDTVM. As apostas do mercado estão entre três grandes nomes do mercado: Blackrock, Franklin Templeton e Principal Financial Group.

Segundo o presidente do BB, Rubem Novaes, a parceria em relação à DDTVM ainda depende do preço a ser oferecido por essas empresas.

A proposta de reforma estatutária da Cassi (Caixa de Assistência que administra o plano de saúde dos funcionários do BB), que já havia anunciado precisar de R$ 1,4 bilhão até este ano para compor as reservas exigidas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), trouxe impactos para as despesas de pessoal, segundo o banco. Esses gastos subiram 11,3% no quarto trimestre ante igual período de 2018, para R$ 5,5 bilhões. No ano, essas despesas atingiram R$ 20,2 bilhões.

Os resultados ficaram dentro das projeções feitas pelo BB para 2019. Para 2020, a expectativa de crescimento ficou em um intervalo entre R$ 18,5 bilhões e R$ 20,5 bilhões para o lucro líquido, de 5,5% a 8,5% para a carteira de crédito total, de 1% a 4% para rendas com prestação de serviços, e de 2% a 5% para a margem financeira bruta. O retorno sobre patrimônio líquido ajustado do BB ficou em 14,7%, aumento de 2,5 pontos percentuais em comparação a 2018.

CARTÕES

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, também reafirmou a intenção do banco em mudar a estratégia relacionada à Cielo, adquirente que o BB mantém em parceria com o Bradesco.

"Já contratamos uma consultoria e estamos tentando encontrar os melhores rumos para ambas as instituições. Levantamos diversas possibilidades, mas ainda não tem nada definido", disse Novaes.

Ele também afirmou que não descarta a venda da Cielo e disse que sempre há um preço suficientemente bom que justifique vender ou suficientemente baixo que justifique comprar.

"Qualquer instituição na área de negócios está sempre disposta a comprar ou vender desde que o preço seja adequado. Não dá para fazer um raciocínio simplista, mas tudo tem seu preço", disse.

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