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Vendi minhas ações, o que faço agora?

Especialistas dão dicas de onde investir com a Bolsa em queda

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São Paulo

​A desvalorização da Bolsa brasileira de 7% nesta quarta (26) levou pequenos investidores, que entraram no mercado de ações no último ano, a repensar sua posição nesse tipo de investimento. E não são poucos nessa situação. O número de CPFs cadastrados na Bolsa local mais que dobrou desde 2018 e foi para 1,8 milhão. 

Muitos deles, alarmados com a queda do Ibovespa de mais de 10% na semana, até se desfizeram de suas ações e procuram opções de investimento. “Provavelmente já é tarde demais para fazer alguma coisa que reduza a perda dessa semana. Por isso, é importante sempre ter uma carteira diversificada e entender, em momentos como esse, que não é o dinheiro todo que está caindo 7%”, afirma Felipe Dexheimer, head de alocação da XP Investimentos.

Os analistas destacam diferentes  estratégias. Para quem já vendeu os papéis, existem alternativas de refúgios. Quem vendeu, e já tem investimentos mais conservadores, pode avaliar voltar à Bolsa em busca de oportunidades. E quem não vendeu, precisa manter a calma. Veja alguns procedimentos.

Vendi minhas ações, o que faço agora? ​ 

Busque investimentos conservadores com liquidez, que podem ser sacados a qualquer momento, sem prejuízo. Este montante pode servir como uma reserva para voltar à Bolsa, por exemplo.

  • Ouro

Antes de entrar nessa alternativa muito utilizada durante crises é preciso ter em mente que o ouro está no maior valor da série histórica desde 1999: a R$ 241 o grama.

Aquisição é feita por corretoras, independentemente do tipo de instrumento. Lucros com investimento são isentos de IR até R$ 20 mil; depois, o tributo é de 15% do ganho. Mas existem diferentes alternativas para atrelar o investimento a esse metal: 

À vista: O investidor tem titularidade de uma barra de ouro, como se fosse uma ação. No momento, o lote (de 250 gramas) está a R$ 62 mil. Há incidência de taxas são de custódia e negociação.

Fundos: Investidor pode escolher um fundo multimercado que tenha ouro no portfólio. Custa a partir de R$ 500. Taxas são de administração e performance. Imposto segue tributação de investimento e é retido da fonte.

Contratos em Bolsa: É possível negociar ouro por contratos futuros, a termo e de opção na Bolsa brasileira e no exterior. Investimentos são de alto riso e exigem conhecimento de mercado financeiro. Custo depende do contato e taxas são de custódia e negociação.

  • Fundos de renda fixa

 

Os fundos estão dando retornos muito baixos por causa da queda da taxa básica de juros. No entanto, com o cenário instável, são um local de refúgio a ser considerado. Importante lembrar que há diferentes tipos. 

Fundos pós-fixados
Acompanham o CDI, uma taxa de juro que acompanha a Selic e costuma ser referência para remuneração de investimentos de renda fixa emitidos por bancos. Hoje ela está a 4,15%.

Se o juro sobe, a rentabilidade aumenta; se ele cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo as pessoas mais arrojadas têm uma parcela de seu dinheiro nesses produtos.

Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI

Fundos prefixados
Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic suba ou caia. Há risco em caso de venda antecipada e é o primeiro patamar de diversificação. No investimento prefixado, o rendimento é conhecido na hora da aplicação; é vantajoso quando há expectativa de queda de juros. No momento atual, os títulos mais longos consideram que as taxas vão subir mais que o mercado considera que vá acontecer; por isso, há chances de rendimento maior.

Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos

Fundos que seguem a inflação
São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação no período. Mudam de preço todo dia, então, para evitar risco perdas, o investidor precisa mantê-los até o vencimento.

Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos

  • Títulos de dívida privada

Nessa alternativa, destacam-se as debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas para financiar investimentos. Quem compra uma debênture corre o risco de calote da empresa, já que não há garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Quando o dinheiro é destinado a obras de infraestrutura, há isenção de Imposto de Renda (IR).

A remuneração segue ou a taxa CDI (semelhante à Selic), mais um juros predefinido na emissão, ou o IPCA (inflação) mais juros. O valor mínimo de investimento é de cerca de R$ 10 mil, mas pode chegar a R$ 100 mil.​

Outras opções na mesma modalidade são os CRIs (certificado de recebíveis imobiliários) e CRAs (certificado de recebíveis do agronegócio). Como são mais escassas no mercado, são uma opção mais cara, com aporte mínimo de, em média, R$ 300 mil.

  • Fundos multimercado

São fundos administrados por um gestor especializado, que Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas em empresas, ações e dívidas de empresas no exterior. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo.

  • Dólar

A moeda americana já se valorizou muito no último ano, mas o mercado não vê um teto. O Banco Central (BC) também indica que o câmbio é flutuante e que não vai agir para reduzir o preço da divisa.

Caso o investidor aposte que o dólar vai subir ainda mais, é possível comprar o papel moeda físico em casas de câmbio, mas, pelas altas taxas e encargos, a opção é a menos vantajosa. Especialistas indicam fundos cambiais ou contratos futuros de dólar negociados na Bolsa de Valores. A moeda está cotada a R$ 4,50, recorde nominal (sem contar a inflação).

É hora de voltar ou entrar na Bolsa para comprar ações que ficaram 'baratas'?

Se você não tinha ações ou se desfez da carteira e já detém ativos de segurança (ouro, dólar, títulos do Tesouro ou fundos de renda fixa), uma opção é voltar a comprar papéis, desde que escolhidos a dedo.

Analistas apontam que a forte queda do Ibovespa deixou muitas ações promissoras baratas. Neste caso, é preciso fazer uma análise da companhia a longo prazo. Algumas apresentam expectativas de crescimento altas, apesar do cenário econômico desafiador. Outras são boas pagadoras de dividendos.

Para a análise, a melhor opção é buscar orientação profissional, de gestores ou analistas especializados, ou aplicar em fundos de ações ou multimercado diversificados, nos quais o gestor do fundo faz mudanças na carteira constantemente para ampliar os ganhos.

“A dica é ter calma. Momentos de medo e de pânico são muitos emocionais. O foco deve ser sempre no longo prazo e o dinheiro investido não pode te fazer falta”, diz Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar.

Antes de alocar recursos em qualquer investimento, é preciso garantir uma reserva de segurança equivalente a, no mínimo, seis meses de gastos alocados em um fundo que proteja os investimentos da inflação e ofereça liquidez diária, como fundos DI e o Tesouro Selic.

Se não quiser voltar diretamente para o papel, a alternativa para são os ETFs, fundos que replicam um índice de ações, como o Ibovespa; neste caso, por exemplo, o ganho do fundo será, ao final de um período, o mesmo registrado pela Bolsa; como é um fundo passivo (não há um gestor tomando decisões de investimento), tem taxas mais baixas.

Os fundos de de ações são administrados por um gestor especializado, que faz alterações na carteira de modo a potencializar os ganhos. Nele, além da taxa de corretagem, há a taxa de administração. 

Não vendi as ações e estou perdendo dinheiro. O que fazer?

“É importante não entrar em pânico porque esses movimentos tendem a ser exagerados e são corrigidos. A volatilidade, contudo, vai continuar, não só pelo coronavírus, mas pelo cenário político interno e externo. Se a pessoa não tem estômago para aguentar as oscilações, é melhor ficar de fora”, afirma Mori.

Em momentos de baixa da Bolsa, o melhor a fazer é esperar uma recuperação, que pode vir a curto ou longo prazo. Como os impactos econômicos do coronavírus ainda são difíceis de prever, talvez a Bolsa caia ainda mais antes de subir, pois, em momentos de incerteza, investidores tendem a vender ações e buscar ativos mais seguros.

Para não perder dinheiro ao se desfazer ações por um preço menor do que o pago na aquisição, o melhor a fazer é esperar pela retomada da valorização. Enquanto isso, ativos como ouro, dólar e títulos do Tesouro podem compensar a perda, já que em momentos de queda das ações, eles tendem a se valorizar.

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