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Bolsonaro corre o risco de repetir pibinho de Temer

Crescimento de 2019-2020 pode ficar em torno de 1,3%, na média anual

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São Paulo

O crescimento do PIB foi fraquinho, como era esperado: 1,1%. Olhando seus miúdos, por dentro, nota-se que foi muito parecido com o de 2018. Jair Bolsonaro, que gosta de atribuir a seu governo qualquer melhora que tenha ocorrido no país em 2019, terá que assumir esse filho também, o Pibinho, que deu uma fraquejada e foi menor do que o de 2018.

Pior, pelo que se vê no horizonte agora, o primeiro biênio de Bolsonaro pode ter um crescimento igual ao do biênio integral de Michel Temer (2017-2018), 1,3%, na média.

Pelo andar da carruagem, 2020 vai ter de comer muito feijão para crescer mais do que 2019 do que só vamos saber passada a metade do ano. Por ora, chute-se de modo informado que este primeiro trimestre seja de estagnação ou quase. A queda do ritmo era prevista, mas agora deve ser um tombo, por causa dos efeitos do coronavírus na economia local e mundial.

Chute-se também, agora de modo otimista, que a economia volte a crescer no segundo trimestre no mesmo ritmo em que vinha na segunda metade de 2019. Isto é, que a crise do coronavírus passaria logo agora a partir de abril e que o governo não fizesse mais baderna. Assim, o crescimento de 2020 seria de algo perto de 1,6%.

O desempenho da economia, por setores, foi similar ao de 2018. Feitas as contas pela perspectiva do consumo, o consumo privado (“das famílias), do governo e o investimento (em instalações produtivas, máquinas, equipamentos etc.) cada um baixou um tico, em torno 0,2 ponto percentual.

É a cara de um país em que:

1)  o crescimento anual do salário médio ora anda pela casa de zero;

2)  o governo está na penúria e gasta mal;

3)  as empresas têm capacidade ociosa, medo de investir, dada a baderna local e mundial, e falta investimento público ou concessões de serviços e obras públicas para a iniciativa privada.

Considerados os números da perspectiva da produção de bens e serviços, as diferenças mais significativas, ainda assim miúdas, ocorreram na indústria e no comércio.

A baixa da contribuição da indústria de transformação (“fábricas”) foi compensada pela alta na construção civil. No total, a contribuição da indústria para a criação de valor foi zero. Nos serviços, que contribuíram menos para o crescimento em 2019, houve pequenas baixas no comércio, nos transportes e nas atividades imobiliárias.

Mas isso tudo é quase firula. O grande fato a reter é que a economia brasileira tem crescido a um ritmo próximo de 1% faz três anos.

Outro fato a reter: a indústria brasileira está catatônica faz pelo menos uma década. A produção da indústria de transformação está em um nível inferior ao de 2008; quase 14% inferior ao nível de 2013.

A construção civil se recupera da grande depressão; cresceu mais rápido que a indústria de transformação no ano passado. Mas a produção do setor ainda está mais de 28% abaixo do nível de 2013.

A indústria apanhou da desaceleração mundial em 2019. Mas está com um problema profundo de eficiência, competitividade, produtividade, como se chame. A construção civil ainda está no fundo do poço do inferno da depressão: isso é o retrato de um país sem capacidade de investir e que asfixiou o gasto público em obras, em investimento.

Sem indústria e sem investimento vai ser difícil sair do lugar.

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