De Bradesco a BRF, empresas levam pedidos a Bolsonaro

Presidente do conselho de farmacêutica quer dólar a R$ 4 para o setor

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ouviu nesta sexta-feira (20) representantes de empresas como Bradesco, BRF e Raia Drogasil fazerem uma série de demandas para o enfrentamento da crise do coronavírus no país.

A lista de pedidos tem itens como a ampliação da liquidez no sistema financeiro, a manutenção dos serviços de transporte público e até a fixação de um dólar a R$ 4 para o setor farmacêutico.

O presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que o governo precisa cuidar da liquidez do sistema financeiro do país.

Presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que o governo precisa cuidar da liquidez do sistema financeiro do país
Presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que o governo precisa cuidar da liquidez do sistema financeiro do país - Zé Carlos Barretta/Folhapress

“Tem mercados que fecham quando a crise bate, como o de capitais, então é importante termos o máximo de liquidez possível”, disse.

“A economia tem tempos duros e maduros. Se dou crédito em momento maduro, tenho de renovar em tempo duro, e assim estamos fazendo por orientação do governo. Mas é importante não descuidarmos da liquidez do sistema financeiro”, afirmou Trabuco. “A liquidez tem de ser aumentada ao máximo”, disse.

Rubens Ometto, presidente do conselho de administração do grupo de logística e energia Cosan, seguiu na mesma linha, afirmando que há aumento da procura por crédito, que já teria começado a ficar mais caro.

Ele defendeu a liberação de compulsórios, montante que bancos devem deixar guardado nos cofres sem ser emprestado. “[É preciso] acelerar a liberação de compulsórios dos bancos porque a procura por crédito é muito grande e já notamos uma pressão de aumento do custo do dinheiro em razão da demanda”, afirmou.

“A saúde das empresas, pequenas e grandes, é fundamental para que as pessoas continuem recebendo seus salários”, disse Ometto.

O executivo afirmou que seu grupo é o maior produtor de álcool neutro, necessário para a fabricação do álcool em gel, e que vai buscar meios de reforçar a produção e distribuição do produto no país.

Eugênio De Zagottis, diretor da Rede Raia Drogasil, pediu que o governo federal trabalhe para que o transporte municipal de passageiros não seja interrompido.

“Se a gente suspender ônibus e metrô, o funcionário não chega à farmácia, o funcionário não chega ao hospital.”

O empresário Carlos Sanchez, presidente do conselho de administração do grupo NC (dono da fabricante farmacêutica EMS), falou que a alta recente do dólar é quase insuportável.

Ele pediu uma forma de a indústria poder usar um dólar de R$ 4 ou que as margens de lucro das farmácias diminuam em benefício da indústria.

A fala provocou contestações dos representantes das farmácias presentes e Paulo Skaf, presidente da Fiesp, teve de intervir para apaziguar os ânimos.

Dois setores distintos solicitaram que o governo os inclua nas atividades consideradas essenciais para evitar bloqueio de trânsito de seus produtos. Lorival Luz, diretor-presidente da produtora de alimentos BRF, foi o primeiro a pedir.

“Precisamos assegurar que as pessoas se desloquem até os lugares produtivos, que as embalagens cheguem, que os insumos cheguem, que os produtos cheguem às redes de varejo”, afirmou. “Seria importante se colocássemos o alimento da população como uma atividade essencial.”

A mesma demanda foi apresentada por Juliana Azevedo, presidente da Procter&Gamble Brasil.

Ela sugeriu uma declaração formal de itens que sejam declarados como essenciais, além dos de saúde, para não sofrerem com medidas de restrição de movimentação de transporte.

“A gente já sofre alguns percalços e tem aprendizados do lado negativo. Isso [dificuldade na movimentação] aconteceu em outros países quando a crise avançou”, afirmou.

Jean Jereissati Neto, diretor-geral da Ambev, afirmou que a maior preocupação da empresa é com bares e restaurantes.

“São 10 milhões de empregos. Estamos nos organizando para ajudar com capital de giro e o que seja, mas peço que o governo olhe com carinho o setor de bares e restaurantes porque esse vai sofrer muito”, afirmou.

O diretor-presidente da Vivo, Christian Gebara, disse que durante a crise há aumento no uso de redes de comunicação.

Na Espanha, afirmou, o crescimento foi de 50%, e a empresa tem trabalhado para que a infraestrutura atenda os clientes.

“Pessoas em isolamento vão ficar em casa, usar as comunicações para estudar, para entretenimento, para se informar, e estamos fazendo todo o possível para manter as comunicações funcionando.”

Segundo ele, a empresa tem recebido diferentes pedidos de prefeitos e governadores e sugeriu que o governo federal centralize as demandas.

Gebara ainda ofereceu ao governo dados da empresa sobre movimentação de clientes —segundo ele, que mantém a privacidade dos indivíduos— nas cidades para fazer ações de combate a aglomerações.

Abilio Diniz, membro do conselho de administração do Carrefour Brasil, falou que o momento não é para pânico.

“Já passei provavelmente por mais crises que todos os outros que estão aqui nesta reunião. As crises vêm, são fortes e depois acabam. A palavra de ordem em uma crise é serenidade”, disse.

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