Descrição de chapéu Coronavírus

Contra o coronavírus, Ford, Volkswagen e Volvo suspendem produção

Montadoras têm fábricas no Brasil e na Argentina

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São Paulo

Ford, Volkswagen e Volvo Caminhões decidiram nesta quinta-feira (19) interromper a produção em suas fábricas para evitar a propagação do novo coronavírus entre seus funcionários.

A Toyota acompanhou as outras montadoras nesta sexta-feira (20), e anunciou que irá suspender sua produção a partir de segunda (23), com previsão de retorno para o dia 6 de abril.

As paradas ocorrem por um motivo diferente do previsto. A Anfavea (associação das montadoras) temia que a falta de peças vindas da China interrompesse parte das linhas de produção.

Em nota, a entidade afirma que todas as empresas associadas "estão analisando e se preparando para tomar ações de paralisação das suas fábricas no Brasil, e discutindo caso a caso com seus respectivos sindicatos".

Linha de produção de motores na fábrica da Ford em Taubaté, no interior paulista
Linha de produção de motores na fábrica da Ford em Taubaté, no interior paulista - Diego Padgurschi - 25.abr.18/Folhapress

A VW fecha suas linhas de montagem por três semanas a partir de segunda-feira (23). No dia 31, terá início o período de férias coletivas. A empresa afirma que as medidas são parte das ferramentas de flexibilização previstas em Acordo Coletivo de Trabalho.

A empresa alemã mantém quatro fábricas no país, localizadas nas cidades paulistas de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos, além da unidade de São José dos Pinhais (PR).

A Ford confirmou que irá interromper a produção em suas plantas na América do Sul. A empresa produz veículos em Camaçari (BA), Taubaté (SP), na unidade da Troller em Horizonte (CE) e em Pacheco, na Argentina.

A medida entra em vigor no Brasil no dia 23 de março e na Argentina, no dia 25. O objetivo é limitar a propagação do coronavírus.

“Essa ação adicional ajudará a reduzir o risco de disseminação da Covid-19, ao mesmo tempo em que potencializa a saúde dos nossos negócios durante esse período desafiador para toda a economia”, afirma, em nota, Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.

As atividades no Brasil devem ser retomadas no dia 13 de abril. Na Argentina, o retorno está previsto para o dia 6 de abril.

A Volvo irá interromper a fabricação de ônibus e caminhões em Curitiba por quatro semanas a partir da segunda (30). A unidade tem 3.700 funcionários e também produz motores, caixas de câmbio e cabines.

Outras montadoras também já anunciaram férias coletivas por causa dos efeitos da pandemia do coronavírus na economia.

Funcionários da General Motors ficarão em casa entre os dias 30 de março e 12 de abril. Em nota, a GM afirma que o objetivo é ajustar a produção à demanda atual do mercado. A paralisação é válida para todas as cinco fábricas da montadora no país. A unidade de Gravataí (RS) produz o Chevrolet Onix, carro mais vendido do Brasil.

A Mercedes-Benz estará em férias coletivas entre os dias 30 de março e 19 de abril, além de utilizar o banco de horas para dar folgas aos operários. O retorno está previsto para 22 de abril, mas a volta irá depender da situação do país, segundo a fabricante alemã. A empresa produz caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e automóveis em Iracemápolis (interior de SP).

Houve também demissões. A Caoa Chery desligou cerca de 50 trabalhadores da planta de Jacareí (interior de São Paulo). Em nota, a montadora diz que “a situação econômica do Brasil neste início de ano, agravada pela recente disparada do dólar, gerou uma grande e inesperada queda nas vendas do setor.”

“Esta medida tem por objetivo reequilibrar a operação da empresa no país e resistir ao cenário econômico atual e previsto para os próximos meses”, afirma a empresa.De acordo com a Anfavea (associação das montadoras instaladas no Brasil), negociações sobre flexibilização de jornada, paralisação de produção e relação com sindicatos têm sido feitas diretamente pelas empresas. Há 67 fábricas em 10 estados, que empregam cerca de 125 mil trabalhadores.

A crise causada pelo coronavírus chega quando marcas lançam novos carros nacionais de grande volume. Entre os modelos mais recentes estão o Renault Duster 2021, feito em São José dos Pinhais, e a segunda geração do Chevrolet Tracker, que deixou de vir importado do México para ser montado em São Caetano do Sul (Grande São Paulo).

A pandemia reverte as expectativas de fabricantes que planejavam fechar 2020 no azul após anos seguidos de prejuízos. Investimentos feitos pelas montadoras a partir de 2012, que ultrapassam R$ 60 bilhões, ainda não foram recuperados.

Após um primeiro bimestre de números abaixo do esperado, as vendas de março iam bem. O acumulado até terça (17) beirava a 123 mil emplacamentos, com média diária superior a 10 mil unidades. A indústria acreditava em um crescimento perto de 10% no mês em relação a fevereiro.

Embora se espere uma queda acentuada nas próximas semanas, a Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos) vai esperar o resultado de abril para rever suas previsões para 2020. O problema maior será a fuga de clientes.

De acordo com a entidade, os estoques disponíveis hoje cobrem um período de 45 a 60 dias de vendas, o que permitiria manter as entregas no próximo mês mesmo que as fábricas prolongassem seus períodos de paralisação.​

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