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Google registra explosão de buscas por seguro-desemprego em meio a MP de Bolsonaro e coronavírus

Pesquisas atingiram pico nesta segunda (23), um dia após governo ter enviado medida provisória que permitia suspensão de contratos

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São Paulo

Na esteira da publicação da MP (medida provisória) que flexibiliza as regras trabalhistas e das restrições ao funcionamento do comércio e serviços em meio à crise do coronavírus, explodiram as buscas no Google pelos termos desemprego e seguro-desemprego.

O levantamento, feito pela empresa a pedido da Folha, mostra que o interesse pelo assunto cresce desde a sexta (13).

Para medir a intensidade das pesquisas, os dados foram organizados em uma escala de 0 a 100, em que 100 representa o interesse máximo de busca. O Google não divulga os números absolutos de pesquisas feitas.

De modo a evitar distorções, foram excluídos sábados e domingos, quando as buscas caem consideravelmente.

Nesta segunda, o índice registrou 100 para os dois termos, ponto mais alto considerando os últimos 12 meses. Para efeito de comparação, a média desde março de 2019, descontada a última semana, era 45 para a palavra desemprego e 55 para seguro-desemprego.

Na noite deste domingo (22), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou medida provisória que, dentre outros pontos, autorizava a suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses.

No período, o empregado deixaria de trabalhar e não receberia salário. A empresa seria obrigada a oferecer curso de qualificação online ao trabalhador e a manter benefícios, como plano de saúde.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), criticou a MP, e líderes do Congresso cogitaram devolvê-la. Na tarde desta segunda, porém, Bolsonaro recuou e anunciou em rede social que revogaria o trecho que permitia a suspensão dos contratos.

O governo deve enviar outra MP, anunciada na semana passada, que permite o corte de jornadas e salários em até 50% durante a crise.

As buscas no Google se intensificaram ao passo que prefeitos e governadores anunciaram o fechamento do comércio e de serviços não essenciais, como academias, shoppings e bares. As proibições visam conter o avanço da epidemia no país, que somava 1.891 casos e 34 mortes na tarde desta segunda.

No dia 18, quando o interesse pela pesquisa por seguro-desemprego registrou índice 73, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), estabeleceu que os shoppings da região metropolitana
fossem fechados a partir desta segunda (23)
.

No mesmo dia, o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), determinou o fechamento, a partir da sexta (20), de todo o comércio —a exceção de serviços essenciais, como farmácias e supermercados. Posteriormente, as restrições foram estendidas por Doria para todo o estado.

No dia 19, quando a intensidade das pesquisas por seguro-desemprego saltou para 83, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) proibiu o funcionamento de bares e restaurantes e a circulação nas praias a partir do sábado (21).

Há restrições em diversos outros estados, como Amazonas, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco.

No Twitter, desde o dia 11, foram publicados mais de 1.300 posts com a frase “fui demitido” ou “fui demitida”. Os pontos mais altos foram registrados na quinta (19) e sexta (20), com 211 e 246 posts, respectivamente.

Retuítes e múltiplos tuítes de um mesmo usuário foram excluídos do levantamento.

Na rede, usuários que relataram ter perdido o emprego levantaram dúvidas sobre como conseguiriam ter acesso ao seguro-desemprego, uma vez que os postos de serviço estão fechados.

A solicitação do benefício, contudo, pode ser feita online, pelo portal Emprega Brasil (empregabrasil.mte.gov.br), do Ministério da Economia.

Por conta da crise, o governo federal reajustou de 2,1% para 0,02% a projeção de crescimento do PIB em 2020.

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