Governo vai buscar TCU para não executar despesa de R$ 20 bi do BPC neste ano, diz secretário do Tesouro

Congresso derrubou veto de Bolsonaro em relação ao benefício assistencial

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Brasília

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta quinta-feira (12) que o governo deve buscar um entendimento já expresso pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no passado para não executar neste ano despesas de R$ 20 bilhões criadas pelo Congresso após a derrubada de um veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Na quarta-feira (11), os parlamentares derrubaram um veto à ampliação do BPC (benefício assistencial a idosos carentes e deficientes). O Ministério da Economia estima que, com isso, sejam elevadas em cerca de R$ 20 bilhões ao ano as despesas com o item.

De acordo com Mansueto, o governo planeja usar um acórdão do TCU sobre uma situação semelhante ocorrida em 2018. Na época, o Congresso derrubou um veto à renegociação de dívidas rurais, mas o tribunal entendeu que não era preciso executar a despesa, pois não havia fonte de recursos para isso.

O secretário de Tesouro Nacional Mansueto Almeida - Adriano Machado/Reuters

“Isso é uma regra básica de orçamento. Não se pode executar a despesa, por mais meritória que seja, se não houver fonte de recursos”, disse Mansueto.

“[O TCU, na época] teve entendimento que, quando se cria despesa no ano fiscal em curso e não é definida a fonte dos recursos, você não é obrigado a executar aquela despesa enquanto não consegue a fonte", disse. "Neste ano, com a interpretação passada do TCU, e vamos ter que checar, possivelmente isso já nos assegura que não teremos essa despesa extra neste ano”, disse.

Segundo ele, ainda serão feitas conversas com o TCU para alinhar esse entendimento. Mas ele acredita que o acórdão publicado em 2018 já daria segurança à equipe econômica para não aumentar as despesas em 2020.

Mesmo assim, a equipe econômica continuaria com o problema para montar o Orçamento de 2021. Nesse caso, teriam que ser cortados R$ 20 bilhões em outras despesas para acomodar os recursos necessários ao BPC. Por isso, o governo deve negociar com o Congresso uma alternativa.

“Para o próximo ano, vamos ver o que fazer, se de fato se consegue algo alternativo com o Congresso. Ou na elaboração do Orçamento teríamos que cortar despesa, porque uma coisa que é essencial e importantíssima é cumprir o teto de gastos”, disse.


O secretário disse também que está sendo negociado com o Congresso um remanejamento de recursos para atender despesas necessárias para lidar com o coronavírus. "O que esta em negociação é realocação de orçamento. Qualquer coisa para combater o efeito do coronavírus não vai ter problema algum de passar no Congresso", afirmou.

Uma alternativa é o pedido de um crédito extraordinário ao Congresso. "O coronavírus permite crédito extraordinário porque é imprevisível. Há dois meses, ninguém sabia que teria coronavírus e há quatro meses muito menos. Mas talvez nem isso [crédito extraordinário] seja necessário. Vai depender se vai ter ou não realocação do orçamento. Está em estudo", disse. ​

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