Descrição de chapéu Coronavírus

Grandes empresas de destilados doam álcool para hospitais durante crise do coronavírus

Diageo e dona da cachaça 51 envasam produto para prefeituras e secretarias de saúde

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São Paulo

Com o avanço do novo coronavírus no país, empresas de destilados têm uma nova demanda pela frente. Nomes como Diageo e Cia. Muller, dona da 51, estão produzindo álcool 70% para limpeza de superfícies e doando para hospitais públicos.

Nesta semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) simplificou a autorização para fabricação e venda produtos para higienizar mãos e objetos, como álcool em gel, e desinfetantes para limpeza de superfícies e ambientes, o álcool 70%. Antes da medida da agência, a cervejeira Ambev anunciou que doaria 500 mil unidades de álcool em gel para hospitais públicos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

A Diageo, detentora de rótulos como Johnnie Walker, Cîroc, Tanqueray e Ypióca irá doar 50 mil litros para secretaria de Saúde do Ceará, que será responsável pela distribuição a unidades de assistência à saúde e hospitais da rede pública do Estado.

A produção está sendo feita na fábrica da Ypióca, em Fortaleza. “Obviamente estamos deixando de produzir nossos rótulos para fazer o álcool 70%, mas o momento é de mobilização”, diz Daniela de Fiori, diretora de relações corporativas da empresa. As embalagens com 480ml, envasadas no local, ficam prontas neste final de semana.

Existe a expectativa, conta a executiva, de que aconteçam outras doações. “Estamos vivendo um cenário incerto, mas continuamos conversando com a secretaria de saúde para ver o que podemos fazer”, explica. A busca de um parceiro para produzir álcool em gel também está no radar da empresa, que não tem tecnologia para desenvolver o produto. “São processos diferentes e não temos o necessário para isso”, diz.

A ação também acontece em sete países afetados onde a Diageo atua, como Estados Unidos, Itália, Quênia, Índia e Austrália, totalizando cerca de 2 milhões de litros de álcool 70% distribuídos. Assim como no Brasil, a parceria é feita com governos nacionais e locais.

O diálogo entre empresa e governos locais é uma das atitudes incentivadas pelo Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça). Segundo Carlos Lima, diretor executivo da entidade, algumas prefeituras não estão conseguindo absorver demanda. “O que temos orientado é que procurem os representantes das cidades para entender a demanda local e entender qual demanda é prioritária”, diz.

Como a produção de bebidas alcoólicas é regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o órgão foi notificado pela entidade a mobilização do setor.

O Ibrac, que representa o setor produtivo da bebida, também anunciou que os produtores irão doar mais de 70 mil litros de álcool 70% para hospitais públicos.

As primeiras doações estão previstas para os próximos dias e serão destinadas ao SUS (Sistema Único de Saúde), e demais órgãos públicos destinados ao atendimento da população, que poderão, por sua vez, doar estes produtos para as populações mais expostas.

Inicialmente, estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Sul irão receber os produtos. Também entraram para lista Minas Gerais, Paraná e Paraíba.

A Cia. Muller, é uma das empresas que estão envolvidas. A companhia disponibilizou inicialmente 6.500 litros de álcool 70% para hospitais de Pirassununga, interior de São Paulo, local da sede da empresa. A ação beneficia, também, Leme e Guariba, cidades próximas à fábrica, e ao Corpo de Bombeiros, Academia da Força Aérea, asilos e delegacias da região.

A Cia. Muller informou à Folha que ampliou a medida e que vai doar mais 28 mil litros de álcool 70% e 2.000 de álcool em gel. O envasamento e a transformação do álcool para limpeza de superfícies é feito na própria fábrica, enquanto a versão em gel é fruto de uma parceria com uma empresa de cosméticos da região.

José Aidar Neto, presidente da Cia. Muller, diz que o setor de bebidas foi profundamente impactado, mas a prioridade no momento é ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus. “Nossa ideia é expandir a ação e fazer uma parceria com o Estado de São Paulo para continuar as doações”, diz o executivo.

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