Guedes diz que está sereno e que reformas são melhor resposta à crise

Ministro da Economia não mencionou se medidas adicionais podem ser adotadas

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Brasília

Em meio à turbulência internacional observada nesta segunda-feira (9), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo está sereno e que a melhor resposta à crise será o andamento de reformas estruturais. Ele não mencionou se medidas adicionais podem ser adotadas.

O dia começou com um aprofundamento das tensões na economia mundial depois que, além da disseminação do novo coronavírus, foi aberta uma batalha comercial entre países produtores de petróleo.

“Estamos absolutamente tranquilos e confiantes de que a democracia brasileira vai reagir transformando essa crise em avanço das reformas”, disse ao chegar no Ministério da Economia. “É hora de termos uma atitude construtiva. Os três poderes, com serenidade, cada um resolver sua parte. Não está na hora de ninguém pedir privilégio, pedir aumento, pedir facilidade”.

O ministro da Economia Paulo Guedes durante evento no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 4.mar.2020/Folhapress

No início das negociações da semana, o petróleo do tipo Brent registrou queda de mais de 30%, derrubando o preço para perto de US$ 30 por barril, a maior desvalorização desde a Guerra do Golfo, em 1991.

O forte recuo reflete a decisão da petroleira da Arábia Saudita, a Saudi Aramco, de elevar sua produção e oferecer descontos a compradores justamente quando a discussão entre países produtores era pela redução da oferta.

As Bolsas de Valores abriram o dia em forte queda em todo o mundo. No Brasil, o Ibovespa, principal índice da bolsa de São Paulo, abriu com recuo de 8%. As operações chegaram a ser suspensas depois que o mergulho bateu em 10%.

Guedes afirmou que o mundo já estava em desaceleração e que a crise internacional agora está se aprofundando. Ele ponderou, que o Brasil vive situação diferente, com uma reaceleração da atividade, e tem dinâmica própria.

O ministro não fez previsões para o dólar. Para ele, se houver uma incerteza em relação à continuidade das reformas no Brasil, a tendência é que haja instabilidade.

Guedes disse que a reforma administrativa será enviada ao Congresso “assim que possível”. Sobre a tributária, afirmou que a apresentação será feita nesta semana ou na próxima.

Questionado sobre se a venda de reservas internacionais deveria ser aprofundada para conter a alta do dólar, ele também fez relação com a aprovação das medidas econômicas.

“Se as reformas avançam e as pessoas estão tentando comprar dólar, o Banco Central acredito que vá vender. Se, ao contrário, as reformas não avançam e aí não tem fundamento a favor, a incerteza continua. Mas isso é um problema do Banco Central”, afirmou, antes de defender que o Congresso aprove o projeto de autonomia da autoridade monetária do país.

O ministro disse que as propostas já enviadas pelo governo no ano passado estão avançando no Legislativo e defendeu que os parlamentares descarimbem os recursos do Orçamento.

Fazendo referência à ampliação do chamado Orçamento impositivo, disse ser importante que os deputados e senadores controlem os recursos públicos, mas não "pisando no pé" do Executivo. "Não é possível você querer os benefícios de ter os recursos sem ter o custo político de fazer as reformas".

Em relação ao fato de o barril de petróleo ter desabado, o ministro não foi claro se considera que podem haver efeitos negativos.

“Quando o preço do petróleo subiu, todo mundo ‘ah, greve dos caminhoneiros, terrível, a inflação vai voltar’. Aí o preço do petróleo cai, todo mundo vai falar o que agora?”, disse.

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