Importação brasileira de milho cresce 234% no bimestre

Safra melhor e possíveis efeitos do coronavírus devem reduzir ritmo das compras externas

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O volume recorde de milho saído pelos portos brasileiros no ano passado e o atraso no início da safra de soja, o que poderia comprometer o plantio da segunda safra do cereal, fizeram as grandes empresas consumidoras do país se voltarem para o mercado externo.

O resultado é que as importações de milho do primeiro bimestre superaram em 234% as de igual período do ano passado. As compras nacionais somaram 284 mil toneladas, e o cereal teve como origem maior o Paraguai.

É o segundo maior volume importado nesse período do ano desde 1997, início do acompanhamento de dados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Já as exportações brasileiras caíram para 2,5 milhões de toneladas neste ano, 52% menos do que em igual período de 2019.

O cenário do final do ano passado mudou completamente, e o mercado de milho tem vertentes bem diferentes, o que dificulta o planejamento tanto para produtores como para consumidores.

Resolvidas as dificuldades pontuais de abastecimento, as importações não se manterão no ritmo imprimido neste início de ano.

O primeiro empecilho às compras externas é o patamar atual do dólar. No valor de R$ 4,60, a moeda americana impõe preços inviáveis ao cereal importado para os consumidores de algumas regiões do país, como Santa Catarina, segundo Anderson Galvão, da consultoria Céleres.

Além disso, as preocupações com uma eventual falta de produto, devido ao atraso da soja, não deverá ocorrer.

Os produtores conseguiram semear o milho a tempo e o clima está auxiliando o desenvolvimento da cultura. Vem uma boa safrinha pela frente, diz ele.

Mas um novo fator foi acrescido ao cenário do milho neste ano: o coronavírus. A evolução da doença pelo mundo e seus reflexos sobre a economia vão interferir na demanda do cereal.

O efeito da doença sobre a indústria de alimentos, porém, pode ser bastante incerto, segundo Galvão. O preço do milho pode ceder não só pelo excesso de oferta, uma vez que a projeção é de uma boa safra, mas também pelos efeitos do coronavírus.

Ele lembra, porém, que, na crise americana de 2008, ao contrário do que se previa, a retração da economia mundial não provocou queda no consumo de alimentos.

Nesse jogo de forças, entra o câmbio. Se com o dólar a R$ 3,60 o produto brasileiro já era competitivo no mercado externo, nos patamares atuais do câmbio, fica ainda mais atrativo.

Os brasileiros poderão dar um bom desconto no cereal nas negociações externas. Com isso, o Brasil abocanha novamente parcela das exportações da Argentina e dos Estados Unidos.
 

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