IRB Brasil RE troca comando, corta bônus e vai rever projeções

Companhia busca recuperar credibilidade após suas ações derreterem mais de 50% em 2020

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São Paulo | Reuters

O novo comando do IRB Brasil RE anunciou nesta quinta-feira (5) que não descarta revisar as projeções da companhia para 2020 e que acabou com os bônus por valorização da ação a executivos, conforme busca recuperar sua credibilidade, após as ações derreterem mais de 50% em 2020.

Na noite de quarta (4), a companhia anunciou que Werner Süffert foi eleito pelo conselho de administração para assumir a presidência da companhia interinamente, após renúncia de José Carlos Cardoso, na esteira de uma série de eventos que afetaram a confiança de investidores na resseguradora.

Süffert, que ocupava o cargo de diretor de finanças, relações com investidores e gestão de participação na BB Seguridade, assume ainda o cargo de vice-presidente financeiro e de relações com investidores do IRB, uma vez que Fernando Passos também renunciou.

 IRB faz mudanças na alta-cúpula conforme busca recuperar sua credibilidade, após as ações derreterem mais de mais de 50% em 2020
IRB faz mudanças na alta-cúpula conforme busca recuperar sua credibilidade, após as ações derreterem mais de mais de 50% em 2020 - Wang Ying - 13.mai.2019/Reuters

Nos primeiros negócios desta quinta, os papéis chegaram a subir 5,8%, mas já perderam o fôlego e recuavam 1%, a 18,85, por volta das 11h10. No mesmo horário, o Ibovespa cedia 1,8%.

"A posse do novo executivo se dará tão logo concluídas todas as providências relacionadas ao seu desligamento da função ocupada na BB Seguridade, assim como os demais trâmites regulatórios aplicáveis", afirmou o IRB em fato relevante, acrescentando que ele atuará como presidente interino até a chegada de um novo executivo.

Em fato relevante separado, a BB Seguridade afirmou que o conselho designou o diretor-presidente, Bernardo de Azevedo Silva Rothe, para acumular interinamente as funções de Süffert, que renunciou na quarta-feira ao cargo que ocupava na empresa de seguros e previdência do Banco do Brasil.

O IRB afirmou ainda que fará uma apuração com objetivo de identificar as circunstâncias exatas da divulgação de informações relativas à sua base acionária pela companhia.

As mudanças vêm após as ações do IRB Brasil RE desabarem mais de 40% no pior do momento da quarta-feira, depois que a Berkshire Hathaway —empresa de Warren Buffett afirmou que não é acionista da resseguradora brasileira e nem pretende ser.

O comunicado da holding de investimentos de Warren Buffet foi divulgado após notícias na mídia segundo as quais ela teria aumentado participação no IRB, o que, segundo analistas, foi referendado por executivos em teleconferência da empresa.

As ações da companhia, que tem entre os maiores acionistas a Bradesco Seguros (15,2%) e Itaú Seguros (11,1%), fecharam o pregão de quarta-feira com queda de quase 32%, equivalente a uma perda de cerca de R$ 8 bilhões em valor de mercado em relação ao fechamento de terça e de pouco mais de R$ 18 bilhões no acumulado do ano.

O analista Marcelo Telles, do Credit Suisse, considerou a troca no comando positiva, citando que "foi um passo fundamental para começar a restaurar a credibilidade".

Informações conflitantes relacionadas à cronologia da saída do presidente do conselho, Ivan Monteiro, bem como as razões que o fizeram deixar a resseguradora também adicionaram insegurança aos investidores, conforme agentes financeiros ainda digerem questionamentos recentes da gestora Squadra em relação às informações financeiras divulgadas pelo IRB.

Em teleconferência sobre as mudanças no comando do IRB nesta quinta-feira, Süffert e Pedro Guimarães (presidente da Caixa Econômica Federal, que assumiu a presidência do conselho interinamente em substituição a Monteiro), afirmaram não ver nenhum problema com o balanço do IRB, mas não descartaram uma mudança nas projeções para 2020.

Novo vice-presidente-executivo e financeiro, que também acumulará interinamente a presidência da empresa, Süffert afirmou que o balanço do IRB está "100% correto", mas ponderou que a companhia pode melhorar a divulgação de alguns itens, com mais clareza nas informações.

De acordo com Guimarães, por sua vez, o guidance da resseguradora está mantido "por ora", mas que não podia garantir que não haverá mudanças, uma vez que os dados passarão por uma revisão do novo CFO. Süffert prometeu fazer essa revisão dos dados o quanto antes.

Guimarães afirmou ainda que o conselho do IRB decidiu na quarta-feira abandonar os bônus por valorização da ação para os executivos que assumirão agora a presidência e a vice-presidência de finanças.

A mudança diz respeito ao 'Programa de Superação', que consiste na concessão, por parte da companhia, de uma bonificação aos administradores estatutários como contrapartida à meta de dobrar o valor de mercado da companhia no período de maio de 2018 a maio de 2021, desde que a valorização da ação supere a valorização do Ibovespa no mesmo período.

Analistas do Bank of America Securities colocaram na quarta-feira em revisão a recomendação de "compra" que reforçaram na segunda-feira para as ações do IRB. Na ocasião, os analistas tinham reiterado o call e elevaram o preço-alvo da ação da resseguradora para R$ 44. Mas na quarta-feira eles alertaram os investidores para que não utilizem mais suas previsões e recomendações anteriores sobre a resseguradora.

A equipe do Citi também alertou em relatório a clientes na quarta-feira que sua tese de investimentos sobre o IRB “não é mais precisa” e cortou a recomendação para a ação para "neutra", com preço-alvo de R$ 18, acrescentando que espera informações adicionais. Ainda analistas do Safra colocaram a recomendação e o preço-alvo das ações em revisão.

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