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Petrobras corta investimentos, reduz produção e adia dividendos por coronavírus

Pacote de medidas para enfrentar a crise tem ainda empréstimo e redução de salários de executivos

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Rio de Janeiro

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (26) um pacote de duras medidas para enfrentar a crise gerada pela pandemia do coronavírus e seus efeitos nos preços internacionais do petróleo. As iniciativas vão desde corte nos investimentos à redução temporária de salários de executivos.

Segundo a companhia, o objetivo é reduzir desembolsos e preservar o caixa para atravessar a crise. Nos últimas semanas, com a queda da demanda global, as cotações internacionais do petróleo vêm operando em patamares semelhantes aos do início da década de 2000.

"Estamos preparando a empresa para viver com petróleo abaixo de US$ 25 (cerca de R$ 125) por barril", disse em teleconferência com analistas o presidente da companhia, Roberto Castello Branco.

Na sexta-feira (20) a Petrobras já havia lançado mão de um empréstimo de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões) para reforçar o caixa. Nesta quinta, anunciou que está pegando mais R$ 3,5 bilhões em duas novas linhas de crédito compromissado.

Tanques da Petrobras são vistos em uma refinaria em Paulínia
Refinaria da Petrobras em Paulínia, São Paulo - Paulo Whitaker - 16.abr.2019/Reuters

O pagamento de R$ 1,7 bilhão em dividendos sobre o lucro recorde de R$ 40 bilhões em 2019 também foi adiado, assim como os bônus que a estatal propôs pagar a sua diretoria pelo resultado, que somariam R$ 12 milhões.

A projeção de investimentos para 2020 foi reduzida em quase 30% a projeção de investimentos para 2020, que caiu de US$ 12 bilhões (R$ 60 bilhões) para US$ 8,5 bilhões (R$ 42,5 bilhões). Os cortes serão feitos principalmente em atividades exploratórias, interligação de poços e projetos de refino.

Mas a queda no valor do investimento reflete também a desvalorização do real frente ao dólar, que tornam mais baratos, na moeda norte-americana, os gastos feitos no Brasil. A Petrobras espera reduzir os gastos operacionais em US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões).

Plataformas com custo de produção mais alto, que hoje apresentam fluxo de caixa negativo, serão hibernadas. Tratam-se de ativos em águas rasas, que a companhia já colocou à venda. A produção deles é de 23 mil barris de petróleo por dia..

A empresa decidiu reduzir em 100 mil barris por dia sua produção de petróleo até o final de março. "A companhia avaliará as condições do mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes de produção", disse a estatal.

O volume representa 4% de sua produção média de 2019, que foi de 2,172 milhões de barris de petróleo por dia.

Na teleconferência, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Pereira Oliveira, disse que 20% do corte de produção refere-se às plataformas que serão hibernadas e 80% a outras operações.

Ele afirmou que a empresa vai avaliar se vale fazer um corte maior em abril, mas o processo depende de análise econômica, já que os custos fixos para manter as plataformas podem inviabilizar reduções na produção.

O plano prevê economia de R$ 2,4 bilhões em recursos humanos, em medidas como o adiamento dos bônus, postergação no pagamento de horas-extras, postergação no recolhimento do FGTS (uma das medidas implantadas pelo governo durante a crise), e cancelamento de promoções.

Executivos com cargo de chefia, como diretores e gerentes, terão os salários reduzidos temporariamente em 30%. A diferença será paga depois do fim da crise.

Castello Branco disse que o processo de venda de ativos está mantido, apesar da crise global. O plano de negócios da companhia prevê desinvestimentos entre US$ 20 bilhões (R$ 100 bilhões) e US$ 30 bilhões (R$ 150 bilhões) até 2024.

"Se os preços das ofertas forem bem abaixo das nossas estimativas, não vamos em frente com os processos", frisou. Segundo ele, porém, não há até o momento sinais de perda de interesse pelos ativos.

"A companhia continua a explorar oportunidades para cortes de custos administrativos e operacionais", disse a Petrobras, em nota, na qual diz ser prematuro fazer revisões de seus cenários de longo prazo "dado o alto grau de incerteza prevalecente na economia global".

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