Veja todas as vezes que a Bolsa brasileira acionou o circuit breaker

Mecanismo é acionado quando o Ibovespa cai mais de 10%

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São Paulo

Desde 1997, quando o mecanismo de circuit breaker foi estabelecido na Bolsa brasileira, ele foi acionado 22 vezes, a maioria delas em períodos de crise.

O circuit breaker interrompe as negociações na Bolsa de Valores quando a queda do principal índice acionário do país, o Ibovespa, supera 10%. Durante a interrupção, não há possibilidade de fechamento de negócios com ativos, derivativos e títulos de renda fixa privada.

Nesta semana, ele foi acionado na segunda (9), na quarta (11) e nesta quinta (12), logo na abertura dos negócios. Nos últimos dias, o avanço do coronavírus e a guerra de preço do petróleo derretem o mercados de ações.

Na quarta (11), pouco depois da OMS (Organização Mundial da Saúde) classificar que há uma pandemia do novo coronavírus em curso no mundo, o Ibovespa caiu mais de 10% e atingiu o segundo circuit breaker da semana, às 15h15. O índice chegou a alcançar os 82.887 pontos antes de ter o pregão suspenso.

O clima de pânico continuou na quinta-feira (12). A Bolsa brasileira novamente bateu os 10% e o circuit breaker foi acionado pela terceira vez na semana e duas vezes em uma hora de funcionamento.

Na quarta (18), por volta das 13h17, o Ibovespa caiu mais de 10% e acionou o circuit breaker por 30 minutos. Na volta dos negócios, o índice fechou em queda de 10,35%

Operador da Bolsa de Nova York observa painel em dia de forte queda
Nesta segunda-feira (9), o circuit breaker foi acionado pela 18ª vez - Xinhua/Michael Nagle

O circuit breaker se aplica em três situações, de acordo com o Manual de Procedimentos Operacionais da B3:

  1. Quando o Ibovespa desvalorizar 10% em relação ao fechamento do pregão anterior, a negociação é interrompida p or 30 minutos;
  2. Reabertas as negociações, caso a queda do Ibovespa atinja 15% em relação ao fechamento do pregão anterior, a negociação é interrompida por uma hora;
  3. Reabertas as negociações, caso a oscilação negativa atinja 20% em relação ao pregão anterior, a B3 pode determinar a suspensão da negociação por período a ser definido pela Bolsa.

Não há acionamento do mecanismo nos últimos 30 minutos do dia. Se a interrupção ocorrer na última hora, o horário de encerramento da Bolsa é prorrogado por até 30 minutos para reabertura e negociação ininterrupta dos ativos e dos derivativos.

Veja outros pregões em que o circuit breaker foi acionado:

1997 - Crise na Ásia

Em 1997, países do Sudeste e Nordeste asiático enfrentaram crise financeira que interrompeu o crescimento econômico e se estendeu ao plano político, com a queda de governos. Nos anos seguintes, contaminou outros países emergentes, como Rússia, Brasil e Argentina, tornando-se a primeira crise da era das finanças globais. O fenômeno foi disparado por processo de fuga de capital e deflação de ativos financeiros das economias da região. Ao todo foram três vezes que o circuit breaker foi acionado no Brasil.

  • 28 Outubro 1997:

Bolsa fechou em queda de 6,42%, após despencar 12,76%

  • 7 Novembro 1997:

Bolsa fechou em queda de 6,38%, após despencar 10,43%

  • 12 Novembro 1997:

Bolsa fechou em queda de 10,20% , após despencar 10,77%

1998 - Crise na Rússia

Em 1998, a Rússia viveu o reflexo da crise asiática do ano anterior. Com isso, o mercado financeiro russo teve fuga de capitais, bancos em crise, e queda do preço do petróleo, principal fonte de moeda forte para o país. Em apenas um ano, a Bolsa brasileira foi interrompida cinco vezes. O governo russo, com menos recursos, se viu sem condições de pagar dívidas externa e interna. Não tinha recursos para pagar salários de funcionários públicos, militares e manter serviços estatais, como hospitais

  • 21 Agosto 1998:

Bolsa fechou em queda de 2,85%, após despencar 10,02%

  • 4 Setembro 1998:

Bolsa fechou em queda de 6,13%, após despencar 13,90%

  • Duas vezes em 10 Setembro 1998:

Bolsa fechou em queda de 15,82% , após despencar 16%

  • 10 Setembro 1998:

Bolsa fechou em queda de 15,82% , após despencar 16%

  • 17 Setembro 1998:

Bolsa fechou em queda de 4,84%, após despencar 10%

1999 - Desvalorização do real

No Brasil, o regime de câmbio flutuante foi adotado logo após a maxidesvalorização do real, ocorrida em janeiro de 1999. Em dois meses, o dólar disparou 73,6%, pulando de R$ 1,21 para R$ 2,10. A partir de então, o Banco Central abandonou o regime de bandas cambiais, que mantinha o dólar quase fixo, passando a operar em regime de câmbio flutuante. Naquele ano, a Bolsa brasileira interrompeu suas negociações duas vezes

  • 13 Janeiro 1999:

Bolsa fechou em queda de 5,05% , após despencar 10,78%

  • 14 Janeiro 1999:

Bolsa fechou em queda de 9,97%, após despencar 10,09%

2008 - Crise financeira

Nos anos 2000, o mercado imobiliário americano estava aquecido pela alta oferta de crédito. Os financiamentos eram feitos com garantia em imóveis, e bancos repassavam esses créditos como investimentos. No entanto, tomaram crédito pessoas que não tinham como pagar (subprime, ou, de segunda linha, em inglês), gerando calote em série e a queda brusca do preço dos investimentos e dos imóveis. O banco de investimento Lehman Brothers, que negociava esses papéis, faliu em 2008. No Brasil, a Bolsa de Valores foi interrompida seis vezes.

  • 29 Setembro 2008:

Bolsa fechou em queda de Fechou em 9,36%, após despencar 13,82%

  • Duas vezes em 6 Outubro 2008:

Bolsa fechou em queda de Fechou em 5,43%, após despencar 15,50%

  • 10 Outubro 2008:

Bolsa fechou em queda de 3,37% , após despencar 10,36%

  • 15 Outubro 2008:

Bolsa fechou em queda de 11,39%, após despencar 14,81%

  • 22 Outubro 2008:

Bolsa fechou em queda de 10,18%, após despencar 10,28%

2017 - Joesley Day

Em 2017, veio a público a informação de que Joesley Batista gravara conversa com o então presidente Michel Temer (MDB). Naquele dia a Bolsa brasileira foi fechada durante 30 minutos, quando as quedas superam 10%.

  • 18 Maio 2017:

Bolsa fechou em queda de 8,80%, após despencar 10,70%

2020 - Coronavírus

  • 9 de março de 2020

Bolsa fechou em queda de 12,17%, após despencar 12,36%

  • 11 de março de 2020

Bolsa fechou em queda de 7,64%, após despencar 12,38%

  • Duas vezes em 12 de março de 2020

Bolsa teve queda de 11,76% e acionou o circuit braker duas vezes

  • 16 de março de 2020

Na abertura, Bolsa teve queda de 12,52% e acionou o circuit breaker por trinta minutos. Ao fim do dia, a Bolsa encerrou o pregão com queda de 13,92%.

  • 18 de março de 2020

Por volta das 13h17, o Ibovespa caiu mais de 10% e acionou o circuit breaker por 30 minutos. Na volta dos negócios, o índice fechou em queda de 10,35%

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