A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) paralisou cinco embarcações de apoio a plataformas de petróleo por contaminação pela Covid-19. Até o momento, há 30 casos confirmados e 2 suspeitos entre os tripulantes dos navios, que estão na Baía de Guanabara, no Rio.
A doença vem se espalhando também entre trabalhadores embarcados nas plataformas em alto mar. Segundo o último relatório da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), havia 152 casos confirmados entre empregados que acessaram plataformas até a terça (21).
As embarcações de apoio fazem o transporte de mantimentos ou prestam serviços especializados, como o lançamento de equipamentos submarinos ou de âncoras, às operações em alto mar. São ambientes confinados, onde os tripulantes costumam dividir camarotes e áreas comuns.
De acordo com a Anvisa, as cinco embarcações que tiveram casos confirmados estão impedidas de deixar o porto do Rio. "A Anvisa está monitorando os navios com o objetivo de prevenir a disseminação da Covid-19 entre seus tripulantes, que normalmente cumprem jornadas de longa duração em alto mar", disse a agência.
A agência diz que o navio Navegantes Pride teve que trocar toda a tripulação, já que as 14 pessoas que estavam no navio foram contaminados. O Skandi Peregrino tem cinco casos confirmados entre 13 tripulantes. Com 47 tripulantes, o Fulmar tem oito casos. E o Seven Sun chegou com 80 tripulantes e três casos confirmados.
Já o navio Santos Scout tem dois casos suspeitos. A tripulação não foi informada. Em todos os casos, a determinação é que os contaminados cumpram medidas de isolamento, que pode ser feito na própria embarcação, em domicílio ou em hotéis.
Em janeiro, segundo a Abeam (Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo), o Brasil tinha 363 navios desse tipo em operação. Desse total, 324 são brasileiros e 39 são estrangeiros - nesses casos, parte da tripulação costuma ser de outras nacionalidades.
A contaminação por Covid-19 já parou também duas plataformas de produção de petróleo contatadas pela Petrobras, uma no litoral capixaba e outra em frente ao Rio de Janeiro. Segundo sindicatos, houve desembarques de emergência em outras quatro unidades nos últimos dias, todas na Bacia de Campos.
A Petrobras diz que, por motivos de sigilo de saúde, não detalha números ou origem de empregados contaminados. Em nota à Folha, disse apenas que não houve paralisação por Covid-19 em plataformas da Bacia de Campos.
À CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a empresa informou na quarta (22) que tem atualmente 261 colaboradores, entre próprios e terceirizados, contaminados pela Covid-19. A estatal diz que desde o início da pandemia adotou medidas para aumentar a segurança, como redução das tripulações e medição de temperatura antes dos embarques.
Na semana passada, em entrevista coletiva, a direção da companhia admitiu que pode iniciar a testagem rápida de empregados antes do embarque, medida que atende a reivindicações dos sindicatos de petroleiros.
A norueguesa Equinor também teve que desembarcar tripulantes de uma embarcação que prestava serviços a plataforma na Bacia de Campos. O Olympia funciona como um hotel flutuante, para abrigar empregados durante obras e manutenções, e teve 44 casos confirmados em uma tripulação de 212 pessoas.
A empresa disse que também vinha adotando medidas preventivas, como redução de pessoas embarcadas, período de observação prévio de sete dias antes do embarque e intensificação da limpeza nas unidades. O Olympia prestava apoio a uma plataforma em contrução no campo de Peregrino.
Proprietária do navio Seven Sun, a norueguesa Subsea 7 diz que testou todos os membros da tripulação que apresentaram sintomas e que não houve novas confirmações, além das três pessoas já desembarcadas do navio. Uma empresa especializada foi contratada para fazer a higienização da embarcação.
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