A British Airways chegou a um acordo com os sindicatos que representam seus trabalhadores a fim de reduzir custos, e vai licenciar mais de 30 mil funcionários no momento em que enfrenta a pior crise de sua história.
A decisão surge depois que o grupo que a controla, o IAG, anunciou na quinta-feira (2) planos para suspender as operações de cerca de 90% de seus aviões, em abril e maio, e cancelou o pagamento do dividendo final referente a 2019, em valor de 337 milhões de euros, por conta do agravamento da pandemia do coronavírus.
Sob o acordo acertado com os sindicatos Unite e GMB, a British Airways vai oferecer aos seus tripulantes e pessoal de terra uma versão modificada do esquema de retenção de empregos do governo britânico, sob o qual os trabalhadores são licenciados temporariamente, recebendo 80% de seus salários.
Em contraste com o esquema estatal, não haverá teto de vencimentos. Os funcionários também receberão 80% do valor de alguns de seus adicionais.
A companhia também assumiu o compromisso de não impor licenças não remuneradas durante o período do acordo, que expira no dia 31 de maio. Os trabalhadores das centrais de atendimento, que cuidam dos contatos com os consumidores, não foram afetados.
A British Airways já tinha feito um acordo no mês passado com seus quatro mil pilotos, que terão um corte de 50% em seu salário base nos meses de abril e maio, dividido em três reduções mensais. A companhia emprega um total de cerca de 40 mil pessoas.
O acordo surge apenas semanas depois que Alex Cruz, presidente-executivo da British Airways, advertiu o pessoal, em um memorando fortemente pessimista, de que a empresa estava lutando para sobreviver, por conta da pandemia do coronavírus. Cruz informou aos trabalhadores que a British Airways estava “sob imensa pressão” apesar de seu balanço robusto e do apoio de um controlador forte, o IAG.
Companhias de aviação de todo o mundo estão em busca de maneiras de cortar custos devido à suspensas das viagens aéreas causada pela pandemia do coronavírus.
A Iata, a organização setorial das empresas de transporte aéreo, alertou que as companhias do setor estavam enfrentando “um enorme problema de caixa”, porque as frotas de aviação de todo o mundo estavam paralisadas. Prevê-se que as companhias mundiais de aviação queimarão reservas de caixa da ordem de US$ 61 bilhões no segundo trimestre deste ano.
Esta semana, a British Airways suspendeu as operações no aeroporto de Gatwick e consolidou todos os seus voos de e para Londres no terminal 5 do aeroporto de Heathrow. A companhia havia suspendido temporariamente suas operações no aeroporto municipal de Londres na semana passada.
Willie Walsh, presidente-executivo do IAG, terá um corte de 20% em sua remuneração até o final de seu contrato, em junho. Os presidentes das demais companhias de aviação do grupo, Aer Lingus e Iberia, também aceitarão cortes.
Uma porta-voz da British Airways disse que “com os desafios do coronavírus”, a companhia “tem estado em contato com colegas para informar que vamos adotar o esquema de licença temporária e minimizar o impacto financeiro sobre eles”.
Tradução de Paulo Migliacci
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