Descrição de chapéu Coronavírus

Com fábricas paradas por coronavírus, produção de veículos cai 21,1% em março

Entre fevereiro e março, queda é de 7%; no acumulado do ano, a retração chega a 16%

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São Paulo

A produção de veículos leves e pesados no último mês caiu 21,1% em relação a março de 2019. Os dados foram divulgados nesta segunda (6) pela Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil.

Entre fevereiro e março, a queda é de 7%; no acumulado do ano, a retração chega a 16%.

Fábricas distribuídas por 10 estados e 40 cidades estão paradas há duas semanas devido à pandemia do novo coronavírus e, embora estejam preparadas para reativar as linhas de montagem, não há previsão de que isso ocorra em abril.

Instalações do laboratório de segurança veicular de uma montadora
Instalações do laboratório de segurança veicular de uma montadora - Eduardo Knapp - 28.mai.2015/Folhapress

“Já havia mencionado o risco de interromper a produção por falta de componentes vindos da China e problemas de logística, mas a parada ocorreu devido ao agravamento da crise para proteger os trabalhadores e não sobrecarregar o sistema de saúde pública”, diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

Moraes diz que uma das grandes preocupações do momento é com a liquidez da cadeia produtiva, pois as fabricantes estão sem receita e medidas de incentivo, como facilitação do acesso ao crédito, ainda não chegaram às empresas.

O presidente da Anfavea afirma que os bancos asfixiam o setor ao cobrar taxas muito elevadas e dificultar a concessão de empréstimos.

Procurada, a Febraban (federação dos bancos) não respondeu.

Algumas montadoras já anunciaram a prorrogação das férias coletivas forçadas. A Mercedes prevê o retorno para o dia 4 de maio, a depender da situação do país. A Volkswagen também confirmou que não haverá produção no mês de abril.

Os emplacamentos caíram 21,8% na comparação entre os meses de março de 2019 e de 2020.

Embora algumas empresas desenvolvam canais online de vendas para manter as atividades, espera-se queda superior a 80% nas vendas em abril, seguindo o que ocorreu em países que estão há mais tempo em quarentena.

De acordo com Moraes, há 266,6 mil veículos em estoque. Seria o suficiente para 48 dias de vendas, mas a Anfavea calcula que esse volume vai atender a demanda dos meses de abril e maio.

O número de empregos diretos nas montadoras caiu 0,2% entre fevereiro e março. Hoje, há 125,7 mil funcionários nas fábricas.

Em março, a Caoa Chery desligou cerca de 50 trabalhadores da planta de Jacareí (interior de São Paulo). Em nota, a montadora disse que a situação econômica do Brasil neste início de ano, agravada pela recente disparada do dólar, gerou uma grande e inesperada queda nas vendas do setor. “Esta medida tem por objetivo reequilibrar a operação da empresa no país e resistir ao cenário econômico atual e previsto para os próximos meses.”

A Anfavea não vai rever as projeções por enquanto, devido à profundidade da crise. Em janeiro, a entidade havia projetado para 2020 um crescimento de 9,4% nas vendas e de 7,3% na produção de veículos leves e pesados.

“Temos a noção de que o segundo trimestre será muito ruim para a economia como um todo, esperamos que no terceiro já comecemos a ver a retomada, que se consolidaria no quarto trimestre”, afirma Moraes.

O presidente da Anfavea diz ainda que a primeira quinzena de março foi boa, com a economia rodando no ritmo normal. “O emplacamento estava em torno de 10 mil unidades por dia, já a segunda quinzena teve um forte impacto da questão coronavírus.”

Na última semana de março, foram licenciados apenas 1.400 automóveis no país.

A Anfavea e a Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos) fazem articulações políticas para viabilizar o funcionamento parcial das concessionárias, o que já ocorre em diversas cidades.

Moraes afirma que solicitou a todos os governadores, além de recorrer deputados e senadores, a manutenção das atividades nos setores de peças e de serviços, por considerar que são atividades essenciais. “Temos uma frota circulante, caminhões transportando medicamentos e alimentos.”

As exportações, que já vinham bem, caíram 21,1% na comparação com março de 2019. No acumulado do ano, a retração é de 14,9%. Antes do impacto da crise, a Anfavea previa queda de 11%.

A entidade que representa as montadoras esperava que o PIB crescesse 2,5% em 2020. Porém, faz agora uma compilação de projeções baseadas no impacto causado pelo novo coronavírus. Os dados apresentados indicam queda de 2,3%.

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