O comércio do estado de São Paulo estima uma perda de 45% do faturamento previsto para o mês de abril, com a prorrogação da quarentena em São Paulo, mas apoia a medida e recomenda a todos os associados que mantenham as portas fechadas.
Dos R$ 35 bilhões previstos em faturamento apenas no comércio –o cálculo não considera o setor de serviços– para um mês de abril, a estimativa da federação é que 45% desse valor se perca entre lojas fechadas e consumo menor.
O comércio emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas. Há risco de demissões e muitos já começaram, mas as representações do setor dizem que o esforço é pela manutenção das vagas.
A FecomercioSP, federação que representa o segmento, defende que a continuidade no isolamento exige que os governos estaduais e federal sejam mais rápidos e definam medidas mais profundas de socorro às empresas.
O vice-presidente da FecomercioSP , Ivo Dall’Acqua, faz elogios aos anúncios mais recentes, como as medidas provisórias que permitiram a suspensão de contratos e a redução de salário e jornada, além da flexibilização na concessão de férias e feriados.
“A medida que permite a redução já foi publicada, mas o governo ainda não entregou as ferramentas para acesso”, diz.
Para ele, é possível que a equipe econômica esteja sobrecarregada, mas que o momento exige rapidez nas soluções.
“Temos que ser parceiros, mas precisamos de celeridade. A regra do pagamento dos informais demorou muito para ser publicada”, afirma.
O dinheiro liberado pelo governo de São Paulo –R$ 650 milhões–, por meio do Banco do Povo e da Desenvolve SP, para capital de giro e investimento de empresas com faturamento de até R$ 300 milhões ao ano, é considerado irrisório.
“Esse valor equivale a meio dia de faturamento no comércio. Precisamos de medidas mais drásticas para injeção de liquidez”, diz.
O dirigente da FecomercioSP afirma que as medidas de crédito anunciadas pelo governo federal ainda não chegam às empresas. “Você não consegue capital de giro a menos de 15% ao mês hoje”, diz. Para ele, é necessário que os bancos públicos atuem de maneira agressiva na concessão de crédito.
Dall’Acqua diz que os governos também precisam começar a definir um plano que já contemple uma retomada, ainda que lenta e progressiva, das atividades comerciais.
“Estamos subindo um pouco o tom justamente porque estamos vendo mais ações no sentido de se reparar os problemas e menos no sentido de se prever a retomada”, afirma.
Para ele, a situação não vai ser resolvida tão cedo, para será controlada.
Parte das demandas apresentadas pelo setor já foi atendida, como o adiamento no pagamento do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) para empresas do Simples Nacional. Para a FecomercioSP, é necessário prorrogar a medida por seis meses e estender o benefício a outros tipos de enquadramento.
Outras propostas, como a liberação do FGTS também são apontadas como importantes para dar capacidade de consumo às famílias. “No momento, todo mundo consome alimentos e produto de limpeza. Há muita dúvida se haverá emprego e como é que as coisas vão ficar”, diz Dall’Acqua.
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