A coordenadora do recém-criado Conselho Econômico do Estado de São Paulo, a economista Ana Carla Abrão, disse que ainda não existem protocolos prontos para definir como será a reabertura do comércio e a volta das atividades do setor de serviços, como bares, restaurantes e escritórios, em todo o estado.
Nesta quarta-feira (22) o governador João Doria (PSDB-SP) apresentou os primeiros detalhes do Plano São Paulo, o processo de saída da quarentena imposta para conter o novo coronavírus.
“Os critérios da nova quarentena, a partir do dia 11, serão diferenciados e de acordo com dados científicos apurados por cidades e regiões do estado de São Paulo”, disse Doria.
A economista, que começou a trabalhar oficialmente no governo na segunda-feira (20) em esquema pró-bono, diz que ainda está reunindo dados para poder avaliar os impactos de cada medida.
Segundo Ana Carla, o conselho funcionará para auxiliar com análises as decisões do Comitê Empresarial Econômico, liderado pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, e pelo secretário da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles.
Ela já recebeu alguns dados do estado e vai analisar no programa desenvolvido pela consultoria e estratégia de negócios Oliver Wyman Brasil.
Quais são os primeiros passos para definir o que foi batizado de protocolos setoriais? Estamos reunindo tudo o que já existe no mundo e experiências em estados como Rio Grande do Sul e Goiás. Ninguém quer reinventar a roda. Tem cidades, estados e países que estão na frente. Vamos reunir tudo o que tá sendo feito, e, dentro da nossa curva esperada de contaminação, conseguir definir e avaliar os impactos de cada medida.
Quais serão os primeiros setores? Vamos levar em conta a matriz de vulnerabilidade econômica já apresentada pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen [segundo Ellen, o comércio, a economia criativa e cultura e o turismo são as três áreas mais vulneráveis no estado, sendo o microempreendedor a principal prioridade do governo neste momento].
A partir daí vamos definir como abrir os setores de forma organizada para evitar contaminação descontrolada. Esse é um processo que pegou toda a cadeia produtiva. Não adianta abrir um setor se o fornecedor segue fechado.
O setor do comércio tem feito uma pressão para a reabertura antes do dia das Mães. Existe essa possibilidade? Não estou trabalhando com essa hipótese. A não ser que os dados mostrassem algo muito diferente. Mas o governador foi bem claro hoje durante a apresentação.
Tem outro ponto: o que adianta abrir se as pessoas não vão sair para comprar? Mesmo depois de aberto vai demorar para o processo voltar ao patamar anterior. Ninguém vai sair correndo para consumir. As coisas estão todas interligadas.
Qual é o pior cenário? O pior cenário é uma abertura desorganizada. No momento em que o governador anuncia que a partir do dia 11 vai acontecer de forma organizada, eu vejo que é o melhor cenário e espero que os empresários entendam que vai haver uma saída organizada.
Qual será essa saída? O que vai definir isso é a curva de contaminação. A curva, não o patamar. Se as curvas mostrarem um nível de controle e projeção para frente, vamos definir a partir daí. Claro que não é só a curva que define. Ela tem que estar combinada com a capacidade de atendimento da região que essa cidade faz parte. Podemos ter cidades com poucos casos, mas deficientes na área da saúde.
É como compararmos São Paulo com o Amazonas. Eles têm menos casos, mas o sistema de saúde está colapsado, porque existe uma grande deficiência da capacidade de atendimento.
Qual a situação do estado de São Paulo? Existem no estado cidades sem leito, mas que são atendidas por outra cidade da região. Essa análise tem que ser feita.
Como é feito o cálculo? Calcula a curva de contaminação com a capacidade de atendimento. A partir daí vamos definir os dados do cenário de flexibilização. O que essa abertura significa em número de potenciais casos de contaminação e leitos necessários para isso.
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