Descrição de chapéu Coronavírus

Efeito coronavírus derruba venda de veículos em março, e abril será pior

Foram licenciados 163.638 veículos, pior março desde 2006

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus já se refletem nos emplacamentos. As vendas de veículos novos caíram 18,6% em março na comparação com fevereiro, de acordo com dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

Foram licenciados 163.638 carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões no último mês. Em relação a março de 2019, a redução é de 21,8%.

A média diária de vendas ficou em 7.438 unidades, uma queda de 33,4% em comparação a fevereiro. O resultado é inferior até aos números registrados em março entre os anos de 2015 e 2017, quando houve quedas seguidas na comercialização de veículos.

É o pior março desde 2006, e abril será pior. Ainda não é possível dizer quando as concessionárias serão reabertas e, mesmo que isso ocorra neste mês, as empresas não esperam que haja procura presencial por carros novos.

O mês passado havia começado com emplacamentos diários superiores a 10 mil unidades. Se o número fosse mantido, haveria crescimento de aproximadamente 9% nas vendas em relação a fevereiro.

Mas o agravamento da crise causada pelo novo coronavírus, com fechamento das lojas e das linhas de produção, fez os números despencarem. Na última semana do mês, menos de 1.000 veículos novos foram licenciados por dia, em média.

De acordo com a Fenabrave, a queda acumulada das vendas no primeiro trimestre é de 8,2% na soma dos segmentos de veículos leves e pesados.

No setor de motocicletas, a retração no trimestre em relação a igual período de 2019 é de 4,6%.
A entidade que representa os concessionários tem buscado autorizações para que as oficinas das concessionárias sejam reabertas e possam realizar serviços essenciais e de garantia.

“Se não fizermos a manutenção dos caminhões, motos, táxis ou veículos que trabalham por aplicativos, como esses poderão transportar itens de primeira necessidade à população? Como as ambulâncias e ônibus poderiam atender e transportar as pessoas?”, diz Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.

De acordo com o empresário, os revendedores geram 315 mil empregos diretos em 7.300 lojas distribuídas por 1.020 municípios.

Assumpção calcula que, se as lojas continuarem fechadas, as vendas em abril terão uma queda de até 80% na comparação com o mesmo mês de 2019.

A Fenabrave também busca autorizações para que as revendedoras operem em esquema especial de vendas, com alternância de equipes e maior distância entre os funcionários. O objetivo é viabilizar, ao menos, negócios online.

“Obedecemos a todas as legislações e estamos tomando todas as medidas possíveis para evitar demissões, mas sem uma solução urgente, não haverá alternativa”, diz Assumpção. Ele afirma que o setor voltou 10 anos no tempo com a crise recente, mais aguda no biênio 2015/2016. “Se regredirmos outros 10 anos mais, os pequenos concessionários não irão aguentar.”

Os dados de produção serão divulgados na próxima segunda (6) pela Anfavea (associação que representa as montadoras instaladas no país). O número certamente será negativo, pois as empresas estão paradas desde a última semana.

As empresas têm feito prorrogações das férias coletivas. O trabalho nas quatro fábricas da Volkswagen está interrompido até o dia 30 de abril.

“A partir dessa data, a produção será retomada de acordo com a programação da cadeia de suprimentos e de logística de cada fábrica”, diz nota divulgada pela montadora alemã.

A Toyota havia previsto que voltaria a montar veículos na segunda (6), mas a parada será estendida até o dia 22. A medida também considera a baixa demanda do mercado.

Para tentar atenuar os prejuízos, as montadoras promovem vendas online, mas nem todas têm ferramentas digitais que permitam fechar negócio à distância. Há veículos em estoque.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.