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Empresas brasileiras já encomendaram 30 milhões de testes de Covid-19 para retomar atividades

Empresas preparam nova rotina após o isolamento para garantir segurança de trabalhador

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São Paulo

Empresas já se preparam para uma nova rotina de trabalho após o isolamento. Além da preocupação em adotarem protocolos de segurança para evitar o contágio, como a adoção de medidas que garantam distanciamento físico, outra estratégia é implementar a testagem em massa para identificar funcionários que possam ter contraído a Covid-19 e não sabem.

A CBDL (Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial), entidade que reúne fabricantes e importadores de testes e reagentes para diagnóstico, afirma que empresas brasileiras já encomendaram 30 milhões de testes, que devem chegar no Brasil entre maio e junho.

A B3B A Vida, distribuidora de produtos hospitalares, afirma que já recebeu pedidos de grandes empresas, dos mais variados setores, preocupadas em conseguir os kits.

“Será preciso testar os funcionários no retorno ao trabalho, mas o movimento, no fim, tende a ser contínuo. Quem der negativo deve ser testado frequentemente e as empresas estão se preparando para fazer isso de forma periódica”, diz Bruno Albuquerque, diretor da B3B.

Algumas companhias, que estão em operação, já adotaram o teste para garantir a segurança da equipe. Vale, por exemplo, tem testado empregados e terceirizados. “A medida faz parte das ações da empresa para prevenção e combate ao novo coronavírus em suas operações”, afirmou em nota.

A mineradora divulgou nesta quarta-feira (29) que estima custos da ordem US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões) com a pandemia ao longo de 2020. As despesas compreendem paralisação de operações, gastos com ajuda humanitária e maiores benefícios a empregados, entre outros.

A Randon, fabricante de autopeças, vagões ferroviários e implementos como reboques, comprou ao todo 6.000 testes. A empresa já usa os primeiros 1.000 kits laboratoriais e o restante tem entrega prevista até o fim da semana. A empresa tem pouco mais de 11 mil funcionários.

"Esses mil testes iniciais são de uma parceria com laboratórios locais. Os demais são de algumas fontes entre Estados Unidos, China e Coreia do Sul. Alguns dos testes já foram aplicados em colaboradores que haviam viajados para áreas críticas, como Itália, por exemplo. Todos deram negativo", disse a empresa em nota.

O banco Santander também iniciou os exames. A instituição afirma que fez testes voluntários em mais de cem executivos nas últimas semanas. "Em menos de 5% deles foram identificados anticorpos", afirmou.

A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, tem aplicado testes apenas em funcionários que apresentem sintomas. “Também faz parte do plano de contenção da empresa a doação de insumos hospitalares, o que inclui testes de detecção do vírus”, afirmou a BRF em nota.

Segundo fontes ouvidas pela Folha, Claro, Vivo e Itaú também optaram por aplicar os exames nos funcionários. Procurados, eles não quiseram participar da reportagem.

Adquirir os testes não é uma tarefa simples. A alta demanda mundial chegou a gerar uma escassez no mercado. Até mesmo hospitais públicos e privados têm dificuldades para conseguir os exames atualmente.

A Ambev é uma das empresas que relata ter encontrado dificuldades para localizar kits e, depois, para garantir a qualidade dos produtos disponíveis. A empresa diz que um time com mais de dez emissários tentou encontrar testes em diferentes países e não conseguiu produtos totalmente confiáveis. A opção foi protelar a aquisição.

Segundo a CBDL, a expectativa é que o fornecimento mundial comece a se normalizar a partir do mês que vem. “Teve um impacto negativo na China por conta de uma mudança de documentação para os exportadores. Por isso, pedidos volumosos caíram por terra, e o Brasil começou a buscar outras fontes de produção como a Coreia do Sul, países da Europa, Canadá e Estados Unidos”, afirma Carlos Eduardo Gouvêa, presidente-executivo da CBDL.

dois tipos de testes disponíveis para detectar a Covid-19. O RT-PCR busca a presença do vírus no organismo através da análise de material coletado da garganta e nariz do paciente e podem levar dias para ficar pronto e identifica apenas o vírus no organismo.

Já os chamados testes rápidos buscam identificar anticorpos produzidos pelo corpo humano específicos para o vírus.

Como empresas tentam deter a disseminação do vírus no ambiente de trabalho, a preferência tem sido utilizar os testes rápidos.

Gouvêa afirma que os pedidos do setor privado não vão competir com o que já foi pedido pelo governo brasileiro, para ser usado no SUS (Sistema Único de Saúde). “O governo já tem boa parte assegurado.”

O Ministério da Saúde anunciou em março a compra de 22,9 milhões de testes, dos quais apenas 900 mil foram entregues até 15 de abril. Apesar disso, no dia 20 de abril o ministro da pasta, Nelson Teich, aumentou a previsão para 46 milhões, sendo 24,2 milhões de testes RT-PCR (reação em cadeia de polimerase em tempo real) e 22 milhões de testes rápidos.

Embora a expectativa seja de testar até 50 mil pessoas por dia, o Ministério da Saúde tem a entrega programada de apenas 9,2 milhões do total de 22,9 milhões previstos.

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