Empresas com forte atuação no ecommerce resistem à crise

Salto nas vendas online impulsiona varejistas na Bolsa

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São Paulo

O salto nas vendas online levou grandes varejistas a resistirem ao tombo do mercado financeiro neste ano. Algumas, inclusive, se valorizam em meio à pandemia da Covid-19, como é o caso da Amazon, gigante americana do ecommerce, que atingiu valor de mercado recorde nesta semana.

Com a disseminação do coronavírus e paralisação das atividades econômicas, as principais Bolsas globais tiveram uma das desvalorizações mais rápidas da história em março. De início, as empresas de saúde e biotecnologia foram as primeiras a escapar do movimento, com a atuação do setor no combate ao coronavírus. Nas últimas semanas, o ecommerce também mostrou resiliência.

Centro de distribuição da Amazon em Bangalore, sul da Índia
Centro de distribuição da Amazon em Bangalore, sul da Índia - Abhishek N. Chinnappa/REUTERS

Pesquisas apontam que vendas online saltaram durante a quarentena, especialmente as de itens essenciais, como alimentos, remédios e produtos de higiene. Além disso, eletroeletrônicos, videogames, roupas e maquiagem também têm sido mais procurados nas plataforma.

“Empresas que têm o ecommerce desenvolvido minimizam os impactos do coronavírus no balanço. É uma possibilidade de respiro, apesar das vendas físicas terem um grande peso”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Ele aponta a Magazine Luiza como um dos exemplos. Em 2019, 48% da receita da companhia veio das vendas online, a grande aposta da varejista. Segundo Carvalho, ela conta com um caixa robusto para atravessar a crise. Efeito disso está na baixa queda das ações este ano: 6,5%, enquanto o Ibovespa desaba 31,7%.

Já a Via Varejo, dona de Casas Bahia, Pontofrio e Extra.com, acumula queda de 42% no ano, com um caixa menor e menos penetração no ecommerce. Além disso, a companhia está em fase de reestruturação, com troca de comando após retomada do controle acionário por Michael Klein.

Segundo a agência de notícias Reuters, a Via Varejo teve queda de 70% de sua receita no início da quarentena, reduzindo para 50% com ampliação do marketplace. Para cortar custos, a empresa está negociando a suspensão de aluguéis de mais de 1.020 lojas físicas, o que levaria a uma economia de R$ 80 milhões.

Sem operações físicas, as empresas voltadas ao ecommerce se sobressaem na crise, como a B2W, que tem queda de apenas 1,7% neste ano, e a gigante chinesa Alibaba, com desvalorização de 1,4%.

A Amazon atingiu valor de mercado recorde, a US$ 1,2 trilhões (R$ 6,3 trilhões) na quinta (16), com valorização de 28,6% neste ano. A empresa viu a demanda nos Estados Unidos explodir, levando-a a aumentar em mais de 20% em seu quadro de empregados em apenas um trimestre.

Além de ser líder no mercado de ecommerce americano, a companhia tem o serviço de streaming Amazon Prime Video, setor que também se valorizou na quarentena. A Netflix, por exemplo, tem alta de 30,8% neste ano.

Apesar do salto das vendas online, analistas recomendam cautela com o setor. Dados de março apontam forte queda no varejo como um todo.

Nos EUA, as vendas despencaram 8,7% no mês passado, maior declínio desde o início da série do Departamento de Comércio, em 1992.

“O varejo tende a sofrer na crise. Se investidor comprar ações dessas empresas agora vai ver volatilidade. É necessário tomar bastante cuidado. Não sabemos extensão e impacto do coronavírus”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Esteter afirma ainda que as vendas online não compensam as da lojas físicas, o que deve levar a uma forte queda de receita nas varejistas neste ano.

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