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Febraban afirma que aumentos de risco e de custo exigiriam taxas de juros maiores

Presidente da federação afirma que é preciso encontrar equilíbrio para manter liquidez do sistema bancário

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São Paulo

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou que os riscos e o aumento do custo de captação trazidos pela crise do coronavírus exigiriam taxas maiores de juros nas concessões de crédito pelas instituições bancárias.

“Estender o crédito nas condições atuais me parece um grande passo, já que as condições de risco são muito mais adversas agora do que eram antes, com elevação do custo de funding [captação], menor liquidez e um risco de crédito muito maior. Tudo isso exigira taxas até maiores”, afirmou o economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, em transmissão ao vivo promovida pela Necton nesta segunda-feira (13).

Ele disse ainda que há necessidade de liquidez adicional no sistema financeiro e que o país precisa garantir o que ele chamou de hibernação da economia, de forma que pessoas e empresas consigam ter recursos para passar pelo momento de quarentena.

Presidente da Febraban, Isaac Sidney
Presidente da Febraban, Isaac Sidney; executivo afirma que é preciso existir equilíbrio entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados nos empréstimos - Alan Marques - 5.jul.2016/Folhapress

O presidente da federação, Isaac Sidney, avaliou que parte da composição de risco veio pela maior demanda das grandes empresas no início da crise.

Segundo ele, os desembolsos dos bancos para as grandes empresas aumentaram de 5 a 10 vezes porque companhias que antes captavam recursos na Bolsa de Valores tiveram forte desvalorização por causa da pandemia e agora buscam crédito nos bancos.

“O problema é que são valores vultuosos que se tornam significativos para a liquidez do setor bancário e que causam oscilações em termos de risco e captação. Os bancos continuam monitorando o risco de crédito e de inadimplência e há um esforço para que pessoas físicas e pequenas e médias empresas tenham taxas de juros mantidas nas negociações e novas concessões. PreMerccisamos encontrar um equilíbrio”, disse.

Os bancos estão sob forte crítica de pessoas físicas e empresas, que relatam dificuldade de acesso a crédito e aumento das taxas de juros após a adoção de medidas de controle do coronavírus.

Segundo Sidney, para os juros caírem seria necessário que os órgãos reguladores não aumentassem a carga tributária nem os riscos jurídicos para as instituições financeiras, e que os clientes não quebrassem os contratos de crédito firmados com os bancos.

O último levantamento parcial da Febraban, da semana passada, aponta que os bancos receberam, de 16 de março a 8 de abril, 2 milhões de pedidos para renegociação de prazo de pagamento de empréstimos, que correspondem a R$ 200 bilhões.

O Bradesco afirmou nesta segunda-feira que só na instituição já foram contabilizados 1,1 milhão de pedidos. Os números atualizados da Febraban devem ser divulgados na quinta-feira (16).

A renegociação dos contratos, anunciada em 16 de março pela Febraban, consiste em adiar os vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas por até 60 dias. O acordo vale para contratos vigentes e com pagamento em dia. Caso o banco queira estender o benefício para contratos atrasados, pode fazê-lo, mas isso depende dos critérios estabelecidos por cada instituição.

Segundo Sidney, dos R$ 200 bilhões pedidos aos bancos até agora, cerca de R$ 140 bilhões já foram renegociados.

Ainda segundo o presidente da Febraban, os bancos emprestaram entre R$ 330 bilhões e R$ 350 bilhões nas últimas três semanas, volume que ultrapassa a média mensal registrada pelas instituições no primeiro trimestre deste ano, de R$ 290 bilhões.

“Isso mostra que os recursos estão chegando na ponta para os clientes e que estamos focados em conceder crédito. Além disso, de 85% a 90% dos pleitos das empresas para a linha de financiamento da folha de pagamento estão sendo atendidos”, disse Sidney.

A linha de empréstimo para folha de pagamentos foi parte de uma MP (medida provisória) anunciada pelo governo em 3 de abril, que liberou R$ 40 bilhões em crédito –sendo 85% destes recursos financiados pelo Tesouro Nacional e 15% pelos bancos– para ajudar empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões a pagarem o salário de seus funcionários em meio à pandemia do coronavírus.​

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