Descrição de chapéu Coronavírus

Kraft Heinz opera três turnos para abastecer mercados em pandemia, diz presidente

Um ano após escândalo, companhia tira o melhor da crise, segundo Miguel Patricio

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São Paulo

A Kraft Heinz, gigante de alimentos americana, está registrando recordes de produção e trabalhando três turnos ao dia para atender à demanda de supermercados da Europa e dos Estados Unidos durante a pandemia de coronavírus, de acordo com Miguel Patricio, presidente da companhia.

O executivo participou de transmissão ao vivo da corretora XP Investimentos na tarde desta sexta-feira (3).

“Em grocery [não perecíveis] estamos trabalhando 24 horas, três turnos ao dia”, disse, “produzindo tudo que a gente consegue e vendendo tudo que conseguimos produzir”.

Durante a transmissão, Patricio, à frente da multinacional desde junho, adotou o discurso de superação na crise. A companhia passa por um momento de adaptação e busca voltar a crescer de forma orgânica, como pontuou, após um 2019 turbulento.

No ano passado, a companhia, controlada pelo 3G (dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira) e pelo Berkshire Hathaway, do investidor Warren Buffett, foi investigada pela SEC (Securities and Exchange Commision), órgão regulador do mercado americano, por questões contábeis.

Há pouco mais de um ano, a empresa anunciou corte de um terço em seus dividendos e baixa contábil de US$ 15,4 bilhões a partir da reavaliação das marcas Kraft e Oscar Mayer.

Momentos de crise são os que mais me energizam. Estou pilhado”, disse, emendando que “enquanto uns [empresários] estão deprimidos, você vai conseguir ser diferente”.

A Kraft Heinz é uma das maiores empresas do mundo no setor de alimentos e bebidas, com marcas como Heinz e Philadelphia. Segundo Patricio, a crise de coronavírus teve duas ondas de impacto no varejo alimentício.

A primeira foi quando as pessoas correram aos supermercados para estocar produtos não perecíveis. A segunda, quando as escolas pararam, o que mudou drasticamente os padrões de consumo e, por consequência, os de oferta da indústria.

Enquanto abastece prateleiras, a companhia vê queda brusca na sua produção ao food service, setor dedicado à venda de restaurantes. O segmento é o mais afetado da companhia.

Três plantas que fabricam produtos como sachês de ketchup, latas de tomate de cinco quilos ou embalagens com 10 quilos de molho, por exemplo, estão paradas. Nenhum produto, por ora, deve ser descontinuado.

A maior preocupação do executivo é a inflação, embora ele diga que é incipiente analisar esse aspecto.

“Acabei de sair de uma conversa com um dos maiores bancos americanos e ele falava muito de recessão. Isso não é o que mais preocupa, mas a inflação que vai ser gerada nos Estados Unidos pela injeção gigante de capital como nunca foi vista desde anos 1940, e isso pode enfraquecer o dólar em relação a outras moedas do mundo”, afirmou.

No cenário pós-pandemia, Patricio vê alguns padrões remanescentes da crise, como o impulso do consumo pelo ecommerce, verificado na China, onde a terceira idade quebrou a barreira física e passou a comprar online. Novos padrões de trabalho também lhe chamaram a atenção:

“Nunca acreditei em produtividade trabalhando de casa, a verdade é que está sendo superprodutivo, ao menos para mim e para o meu time; mas quem está num apartamenteco em Chicago pode estar deprimido”, disse.

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