1º de Maio virtual das centrais une de Lula a FHC em atos contra Bolsonaro

Políticos falaram sobre democracia e emprego; mensagem de governador do RS foi vetada

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram, nesta sexta-feira (1º), do ato online em comemoração do Dia do Trabalho.

É a primeira vez que os dois dividem o mesmo palanque –ainda que virtual– desde o histórico 1989, quando FHC apoiou Lula contra Fernando Collor de Mello no segundo turno das eleições presidenciais.

Trinta e um anos depois, em meio à crise do coronavírus e à turbulência econômica, os dois enviaram mensagens aos trabalhadores a convite das nove centrais organizadoras do 1º de Maio Unificado, realizado pela internet em função da pandemia da Covid-19

Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tucano e petista pregaram união em defesa da liberdade. Para Lula, "a história ensina que grandes tragédias costumam ser parteiras de grandes transformações”.

Live de ex-presidentes Lula e FHC Foto: reprodução

“Mas as grandes tragédias também são reveladoras do verdadeiro caráter das pessoas e das coisas. Não me refiro apenas ao deboche do presidente da República com a memória de mais de 5.000 brasileiros mortos pela Covid-19. A pandemia deixou o capitalismo nu”, afirmou o ex-presidente.

De pé e vestindo camisa social, Lula disse ainda que o ódio e a ignorância se alimentam um do outro e são o oposto do que está na alma brasileira. Segundo ele, a crise revelou o brasileiro é generoso, tolerante e solidário.

“É com esse espírito, com essa alegria, essa criatividade, que estamos todos lutando para sair das trevas”.

Para FHC, o Brasil enfrenta um momento de medo, da pandemia e do desemprego. Daí, a realização de um ato unificado.

“Não é hora de nos desunirmos. É hora de nos juntarmos porque temos que construir um futuro. O futuro tem que ser construído a partir das condições do presente. São negativas, eu sei, mas são as que nós temos”, afirmou FHC, pregando a “capacidade de olhar para frente, acreditar no futuro e juntar as pessoas para que possam marchar juntas”.

Sentado no sofá e calçando meias vermelhas, o tucano disse que a data é cheia de significados e é necessário enfrentar problemas que são novos. “Temos que manter a democracia, a liberdade. As tarefas são muitas, e só com união se consegue superá-las”, disse.

Desafeto de FHC, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) também ocupou esse palco virtual. Sem citar o nome de Bolsonaro, Ciro alertou para o risco de desmonte de direitos trabalhistas e disse que “o Brasil contava com mais de 13 milhões de desempregados ainda antes da crise do coronavírus e mais de 38 milhões de pessoas estavam obrigadas a viver a dura realidade da informalidade e sem nenhuma proteção”.

“Desejo que esse 1º de Maio, apesar de tanta aflição e angústia, ajude a levantar o nosso querido povo brasileiro e possamos ser capazes de organizar essa luta e reconquistar os nossos direitos”, afirmou.

Adversária de Dilma Rousseff (PT) na corrida presidencial, a ex-ministra Marina Silva (Rede) disse que esse “é o 1º de Maio mais difícil desse século em função dos problemas que já estávamos sofrendo com desemprego, as injustiças sociais e agora todas essas questões sendo agravadas de forma assustadora pela pandemia do novo coronavírus”.

Também sem mencionar Bolsonaro, Marina defendeu “que não se permita que qualquer governo com delírios autoritários queira retomar o processo de ditadura e de autoritarismo no nosso país”.

Os ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff, além de Marina Silva, Ciro Gomes e Carlos Lupi gravaram mensagens para celebrar o Dia do Trabalhador no Brasil nesta sexta-feira(1) - Reproducao/TV Folha

“É fundamental que a gente esteja unido em torno daquilo que é essencial: a defesa da vida, a proteção dos direitos e a defesa de nossa democracia”.

A ex-presidente Dilma Rousseff falou em unidade, acusou o governo federal de omissão e encerrou sua intervenção pregando “Fora, Bolsonaro”.

Desfalques

Planejado como uma demonstração de unidade das centrais, a comemoração sofreu desfalques. Incomodados com a lista de convidados, o PSOL e o coordenador do MTST Guilherme Boulos decidiram não participar do ato virtual, que, encabeçado por CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, reuniu nove centrais.

Apesar do discurso em exaltação à unidade, divergências marcaram a organização do ato até o dia de sua exibição. Embora tenha enviado sua mensagem a pedido dos organizadores, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), teve sua aparição vetada. Em sua intervenção, o tucano pregava a modernização da legislação que alicerça os direitos trabalhistas.

“Quando o Brasil criou a CLT, lá nos anos 40, a realidade era diferente. Com o passar do tempo, apesar de todas as atualizações que foram feitas ao longo de 70 anos, como a reforma trabalhista de 2017, ainda não conseguimos pavimentar um caminho mais concreto para reduzir o desemprego que está se agravando agora com a crise do coronavírus”, dizia Leite na mensagem gravada.

As manifestações de políticos foram entrelaçadas com apresentações musicais, falas de artistas e declarações de dirigentes das nove centrais organizadoras: além de CUT e Força, UGT, CSB, CTB, CGTB, NCST, Intersindical e Publica.

Como o ato foi transmitido em vários sites, não foi possível calcular sua audiência.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.