'Ainda é muito cedo para baixar a guarda', diz presidente do Magazine Luiza sobre isolamento

Das 1.100 lojas, 40% foram reabertas no país; empresa adota sistema próprio de controle

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São Paulo

O Brasil é um dos únicos países que flexibilizam medidas de isolamento social, considerando o comércio, ao mesmo tempo em que indicadores relacionados à Covid-19 crescem, afirmou Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (26).

"No mundo inteiro o protocolo foi: fica duas semanas sem aumentar os casos e mais duas semanas caindo para poder liberar o comércio. O Brasil, talvez por uma pressão de não ter feito tão bem no começo—embora nenhum país tenha ficado três meses com o comércio fechado— testa a reabertura ainda com números crescentes", disse.

Segundo ele, ainda é "muito cedo para baixar guarda" em relação ao controle das medidas de isolamento.

Caminhão do Magazine Luiza; empresa registrou prejuízo líquido com fechamento de lojas na pandemia
Caminhão do Magazine Luiza; empresa registrou prejuízo líquido com fechamento de lojas na pandemia - Reuters

A varejista divulgou o balanço financeiro do primeiro trimestre na segunda (25), que contabilizou prejuízo líquido de R$ 8 milhões devido à pandemia de coronavírus, que impôs o fechamento de lojas físicas, e ao aumento das despesas.

Com 40% das cerca de 1.100 lojas já abertas, a companhia adotou um sistema particular de retorno comercial que, muitas vezes, independe dos decretos municipais.

A empresa mapeia mais de 60 variáveis (incluem mortes, crescimento dos casos e ocupação de leitos municipais) e só autoriza a abertura do ponto comercial quando a cidade bate um score. Algumas lojas não voltam a operar mesmo quando há autorização governamental.

"Nos lugares que considerarmos que não é seguro, não vamos abrir", diz Trajano, destacando que a empresa tem uma situação de caixa privilegiada que lhe permite tomar essa decisão. Em Santa Catarina, alguns pontos foram reabertos duas semanas após os decretos permitirem a retomada comercial.

A previsão do executivo é que a maior partes das lojas volte a vender em dois meses. O ecommerce, que representava 50% do faturamento pré-pandemia, tende a manter a trajetória de alta. O setor cresce há 13 trimestres consecutivos.

No primeiro trimestre, com as lojas ainda operantes, os pontos físicos cresceram 7% e o online, 73%. Na economia nacional, Trajano estima que o ecommerce parta dos 5% de participação do pré-coronavírus para 10% na fase posterior à pandemia.

O Magalu foi um dos primeiros a fechar as lojas no início da crise. Cerca de 20 mil pessoas entraram em férias.

Nos lugares que já retomaram as vendas, a empresa adotou o uso de acrílicos em áreas de pagamento, medição de temperatura a funcionários, regras de lotação máxima e de distanciamento social e, em alguns casos, higienização hospitalar.

Em seu balanço financeiro divulgado na segunda, a companhia registrou lucro de R$ 30,8 milhões nos primeiros três meses deste ano ao considerar resultados não recorrentes, como créditos tributários, provisão para riscos tributários e despesas pré-operacionais de lojas, 76,7% menor que no ano anterior.

O Magalu estima que as lojas físicas deixaram de vender R$ 500 milhões enquanto permaneceram fechadas.

O ecommerce, por outro lado, cresceu 72,6% em relação ao primeiro trimestre de 2019, se tornando, pela primeira vez, a maior parte das vendas da varejista, com 53% do total. No último trimestre de 2019, essa fatia era de 48%.

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