Até investidor arrojado pode voltar a ser conservador com crise do coronavírus

Queda na renda pode levar à mudança na carteira de investimentos

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São Paulo

Em caso de redução na renda ou perda de emprego, o investidor deve fazer uma nova avaliação de risco para verificar se sua tolerância a perdas segue a mesma. Especialistas apontam que um investidor arrojado pode ficar mais conservador.

“Uma coisa é o investidor empregado, com salário fixo. Se perdeu o emprego, pode precisar de mais recurso de liquidez espontânea”, diz Luciane Effting, superintendente executiva de investimentos do Santander em referência a investimentos que possam ser sacados a qualquer momento.

O perfil de risco é obtido por meio de questionários e avaliação financeira de bancos, corretoras, casas de análise e sites.

Além da condição econômica, ele leva em conta o psicológico. Para ter uma boa parte da carteira em ações, por exemplo, como no perfil arriscado, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações do mercado.

Teoricamente um investidor arrojado não precisaria mexer na carteira em caso de desemprego. Bastaria ele usar os recursos da reserva de emergência, a indicação número zero para quem poupa e começa a diversificar aplicações.

Segundo especialistas, a reserva de emergência que deve ser de, em média, seis meses de gastos alocados em renda fixa de liquidez diária, como Tesouro Selic ou CDBs (Certificado de Depósito Bancário).

“O tamanho da reserva de liquidez vai se traduzir na sua tranquilidade financeira. Pode ser que um ano de gastos [em reserva] não seja o suficiente”, diz Theo Linero, planejador financeiro CFP pela Planejar.

Como o cenário aponta uma forte contração econômica, especialistas recomendam elevar a reserva.

“Pode ser que a economia melhore só em 2021, então é necessário adequar as economias para isso”, afirma Linero.

Caso a reserva precise ser usada para pagar contas, por exemplo, ela deve ser recomposta com a venda de investimentos de renda variável.

“Nesse caso, o investidor deve vender os ativos mais arriscados e diminuir risco da carteira para fazer os seis meses de colchão”, diz Rodrigo Marcatti, sócio da Veedha Investimentos.

Com a reserva adequada constituída, o investidor deve rebalancear a carteira de investimentos de acordo com seu perfil e o momento econômico.

“Peque pelo conservadorismo”, sugere Marcatti.

COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR

  • Conservador

O conservador preza estabilidade do investimento. Ele quer saber qual será o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.

  • Moderado

O moderado aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira é mais diversificada do que a do conservador, com maior espaço para a renda variável.

  • Arrojado

O arrojado está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Ele tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas do mercado de renda variável, que ocupam boa parte da carteira.

  • Agressivo

O agressivo não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Ele tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.

É importante destacar que investimentos devem ser encarados como de médio a longo prazo. Investimentos com retornos de curto prazo podem ser muito arriscados e levar a prejuízos.​

COMO DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS

Depende do apetite a risco, pessoas de perfil conservador devem ter a menor parte da carteira em ações, por exemplo. Veja diferentes tipos de investimento:

  • Pós-fixados

Acompanham a taxa de juros. Se o juro sobe, a rentabilidade aumenta; se ele cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo as pessoas mais arrojadas têm uma parcela de seu dinheiro nesses produtos. CDBs de bancos pequenos, vendidos em corretoras, pagam mais que os grande bancos.

A aplicação é longo prazo, e o dinheiro fica parado até o vencimento.

Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI

  • Prefixados

Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic suba ou caia. Há risco em caso de venda antecipada e é o primeiro patamar de diversificação.

Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos

  • Inflação

São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação no período. Mudam de preço todo dia, então, para evitar risco perdas, o investidor precisa mantê-los até o vencimento.

Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos

  • Fundos multimercados

Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas em empresas, ações e dívidas de empresas no exterior. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo

  • Ações

Ações são a menor fração de capital de uma empresa, podendo ser negociada em Bolsa. Este tipo de investimento é indicado para pessoas de perfil arrojado. É possível escolher papéis individualmente ou investir por meio de fundos de ações ou que acompanham um índice (ETFs).

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