Consumo de combustíveis se recuperou em maio, diz Petrobras

Melhora nas vendas coincide com relaxamento do isolamento social pelo país

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Rio de Janeiro

A Petrobras afirmou nesta sexta (15) que o consumo de combustíveis no país recuperou em maio parte das fortes perdas ocorridas quando começaram a vigorar as restrições à circulação de pessoas para conter a pandemia do novo coronavírus.

O movimento coincide com o relaxamento do isolamento social, tanto por determinação de autoridades em alguns estados, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, quanto pelo aumento da circulação em locais ainda em quarentena, como São Paulo.

Segundo a diretora de Gás e Refino da estatal, Anelise Lara, o consumo de diesel, que chegou a cair 50% no início de abril, é hoje 30% menor do que a média de antes da pandemia. Já no caso da gasolina, a perda de vendas recuou de 65% para algo entre 40% e 45%.

"No início de abril, com efeitos mais fortes da Covid-19, houve retração muito grande", comentou Lara, em entrevista para detalhar o resultado da Petrobras no primeiro trimestre de 2020. "Ao longo de abril e agora em maio, a gente vem observando aumento de demanda."

Segundo ela, as vendas de querosene de aviação permanecem em patamares baixos, diante das restrições a voos comerciais no país, cenário que levou as companhias aéreas a negociar pacote de socorro com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e bancos privados.

Lara disse que, com maiores vendas no mercado interno, a Petrobras deve reduzir suas exportações, que vêm batendo recordes durante a pandemia. Mas a empresa ainda espera vender grandes volumes de gasolina no mercado externo, desovando parte da produção que não encontra compradores no país.

A gasolina é produzida nas mesmas unidades que produzem o gás de cozinha. Com o aumento da demanda por este último após o início do isolamento, a estatal teve que produzir mais gasolina e chegou a consultar clientes sobre a disponibilidade de tanques para guardar o produto.

Nesta sexta, o diretor de Logística da companhia, André Chiarini, disse que a questão dos estoques está equacionada. "No início da pandemia a gente vinha com estoques bem elevados por causa da greve [dos petroleiros, que durou 20 dias em fevereiro]", afirmou.

Ele lembra diretoria de Logística foi criada este mês, mas já vinha desde abril trabalhando com as áreas de produção de petróleo e derivados para encontrar mercados para a produção. "Conseguimos adequar os estoques e hoje estamos com estoques bem adequados tanto em combustíveis como em petróleo."

Apesar da crise, a Petrobras bateu recorde de exportações de combustível para navegação e de petróleo, em fevereiro em abril, respectivamente. Com menos enxofre, o óleo do pré-sal passou a ter alta demanda depois de restrições à poluição no transporte marítimo global.

As vendas no mercado externo ajudaram a compensar as perdas no Brasil. Em relatórios divulgados nesta sexta, analistas do mercado financeiro consideraram positivos os resultados operacionais da empresa no primeiro trimestre, mesmo diante do prejuízo de R$ 48,5 bilhões.

A perda reflete revisão nas projeções futuras de preços do petróleo, que têm impacto no valor contábil dos ativos da companhia. Até o fim de 2019, a Petrobras projetava seus negócios com petróleo a US$ 65 (cerca de R$ 380, pela cotação atual) por barril no longo prazo. Nesta quinta (14) anunciou a revisão da estimativa para US$ 50 (R$ 66) por barril.

Assim, a Petrobras revisou perspectivas de lucros com uma série de campos de petróleo, reduzindo em R$ 65,3 bilhões o valor de seus ativos. "Mas essa mudança não impacta na saúde financeira da companhia", ressaltou a diretora financeira da estatal, Andrea de Almeida.

Olhando o indicador Ebitda (lucro antes de juros, impostos e depreciações), que retrata a capacidade de geração de caixa de uma empresa, o banco UBS disse que a Petrobras entregou "fortes números" no primeiro trimestre, como resultado de maiores exportações, melhores margens e redução de custos.

Na entrevista desta sexta, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a companhia já consegue operar com petróleo a US$ 15 (cerca de R$ 88) por barril mas continuará buscando cortar custos, com o objetivo de entregar valor a seus acionistas.

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