Crise veio como meteoro e retomada pode levar até dois anos, diz Setubal, do Itaú

Para banqueiro, crise é sem precedentes e recuperação depende de vacina

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São Paulo

Segundo Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, a crise do coronavírus veio como um meteoro e a retomada da atividade econômica pode levar até dois anos.

“A crise veio como uma surpresa total, como um meteoro chegando na Terra e não tem paralelo com nada que eu vivi antes, é completamente diferente”, disse o banqueiro em transmissão ao vivo do Itaú BBA, braço de investimentos do banco nesta quinta-feira (7).

Roberto Setubal
Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, - Pedro Ladeira/Folhapress

Setubal aponta que, diferente das crises passadas, que tiveram origem no sistema financeiro, como a de 2008 e 1929, essa crise começou na saúde e, pelo confinamento, levou a uma “redução enorme na atividade econômica, o que eu vejo com muita preocupação, nunca vivemos isso”.

Ele citou que a retração econômica mundial deve ser mais do que os 3% previstos pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

“Não é claro como vamos sair disso e nem a velocidade que vamos ajustar e recuperar a economia. É preocupante, de fato. Não é claro como vamos sair disso, especialmente enquanto não tivermos a vacina porque a retomada da atividade e a situação normal das pessoas pode demorar até, sei lá, dois anos. Não só até ter a vacina, mas ter a vacina disponível para uma grande parte da população. Estamos falando de bilhões de pessoas a serem vacinadas.”

Ele afirmou que o Brasil precisa retomar a agenda fiscal e de reformas para impulsionar o crescimento.

“Estamos em uma situação muito mais frágil que em 2008, quando a nossa economia estava bem e foi relativamente fácil ligar com a crise”, diz Setubal.

O banqueiro disse ainda que o aumento de provisões dos bancos e mudanças regulatórias para lidar com os possíveis calotes na crise deixou o sistema financeiro mais saudável. "Temos mais capacidade de absorver esse choque".

Quanto ao corte de juros no Brasil, que foi a 3% ao ano na quarta (6), Setubal vê um impacto possitivo na vida financeira das empresas, com maior facilidade de financiar dívidas, "mas traz problemas também, como o câmbio desvalorizado. Temos que saber ajustar a economia a esse novo patamar de câmbio". Segundo ele, será possível aumentar exportações com o real desvalorizado.

Nesta quinta, a moeda superou os R$ 5,87 durante o pregão. Por volta das 13h, é cotada a R$ 5,80, alta de 1,7%.

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