Depoimento: Lotado, voo BH-SP tem desrespeito a regras de distanciamento

Passageiros se espremem no corredor para desembarcar

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São Paulo

Na última semana tive que fazer uma viagem de emergência entre São Paulo e Belo Horizonte. Iria de carro com familiares, mas a volta, que ficava por conta própria, achei melhor fazer de avião pela questão de segurança e de tempo. Acabei pegando um voo lotado onde muitos não seguiram regras básicas de distanciamento.

Quando olhei as passagens no sábado (9), um voo da Latam do aeroporto de Confins até Guarulhos para quinta-feira (14) saía R$ 92 —mais barato que uma de ônibus, que costuma sair a partir de R$ 110. No dia seguinte, havia voos de R$ 236 até R$ 1.100.

Já no no Aeroporto Internacional de Confins, próximo de Belo Horizonte, o saguão estava vazio. Alguns passageiros esperavam para fazer check-in e uma pessoa comprava uma passagem. Três esperavam no portão de desembarque, que costumava ficar lotado. Funcionavam apenas um Bob’s e uma loja da Melissa.

Passageiros fazem fila para entrar em um voo no Aeroporto Internacional de Confins, próximo a Belo Horizonte
Passageiros fazem fila para entrar em um voo no Aeroporto Internacional de Confins, próximo a Belo Horizonte - Amanda Lemos - 14.mar.2020/Folhapress

Não tinha, também, fila para passar no detector de metais. Os passageiros se entreolhavam, pegavam seus mini frascos de álcool em gel e seguiam. Todos os funcionários usavam máscaras e luvas, e recomendavam o distanciamento de mais de um metro e meio. Mesmo assim, houve aglomeração na hora de retirar os pertences das bandejas.

Era um desfile de máscaras: uns usavam a clássica azul de funilaria, outros escolheram as de tecido. Eu e mais alguns resolvemos apostar na N95, que tem a capacidade de filtro melhor e tem maior durabilidade. O clima variava entre tensão de ser contaminado e a irritabilidade com a máscara, novo dresscode que é bastante desconfortável durante um longo período de tempo.

A maioria dos portões de embarque estava vazios, enquanto um estava lotado. Os bancos de espera não tinham aviso para manter o distanciamento e passageiros sentavam próximos a outros. Nos alto falantes, uma funcionária repetia informações de segurança baseadas nas recomendações do Ministério da Saúde.

Desde o dia 10 de maio, as principais companhias aéreas que operam no país começaram a exigir o uso de máscaras a todos os seus clientes como medida para conter a disseminação do novo coronavírus. Passageiros da empresa Azul já eram obrigados a usar o item de proteção e a partir do dia 10, a Gol também começou a exigir o uso de máscaras.

A regra começou a ser adotada pela Latam no dia 11.

Os passageiros do meu voo fizeram filas mesmo com a recomendação contrária dos funcionários da Gol. Foram colocados no chão adesivos sinalizando a distância segura, mas não era o suficiente para a quantidade de pessoas. Três funcionários cuidavam do embarque: um checava documentos e outros dois eram responsáveis por manter o distanciamento.

Do portão de embarque até o avião, ficava por conta do passageiro. Pessoas estavam muito próximas mesmo com a sinalização no chão, mas pairava um clima de medo velado.

As instruções de segurança de voo foram passadas, mas sem tocar no assunto coronavírus. Quando o avião decolou, uma mensagem gravada explicou que a companhia aérea seguia recomendações internacionais de segurança, e que o filtro da aeronave era responsável por eliminar do ar 99,7% das partículas nocivas à saúde. Já o serviço de bordo deveria ser solicitado aos funcionários.

Quando o avião aterrissou, o medo velado passou. Os passageiros levantaram todos ao mesmo tempo e fizeram filas apertadas para sair da aeronave. As comissárias de bordo não conseguiam controlar o distanciamento. Ao fundo, uma mensagem aconselhava a quarentena, uso de álcool em gel e o isolamento social.

A fila apertada continuou até o portão de desembarque do aeroporto de Guarulhos, que estava lotado em relação ao aeroporto mineiro. Lojas de bebidas, eletrônicos e roupas funcionavam normalmente. Assim como as cafeterias e restaurantes, que pareciam não zelar pelo distanciamento dos clientes

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