Embraer atrai interesse estrangeiro após fracasso com Boeing

Empresas da China, Índia e Rússia rondam a fabricante brasileira

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São Paulo, Nova Déli e Paris | Reuters

Fabricantes estrangeiros de aviões estão rondando a Embraer semanas após a Boeing abandonar os planos para uma combinação histórica na aviação comercial.

A chinesa Comac sinalizou interesse em cooperação com a unidade comercial da terceira maior fabricante de jatos do mundo. A Irkut, da Rússia, também estudou o caso, apesar de a empresa negar interesse na Embraer.

Logo da Embraer
Após fracasso de acordo com Boeing, empresas estrangeiras demonstram interesse na Embraer - REUTERS/Paulo Whitaker

A Índia, outra potência aeroespacial em ascensão focada principalmente na defesa, mas com um enorme mercado civil, também sinalizou interesse ao estudar o assunto.

Isso coloca o destino da Embraer no centro do chamado grupo de nações dos Brics, com cada um exibindo seus palpites, enquanto gigantes ocidentais Airbus e Boeing se recuperam da crise dos coronavírus.

A Comac e o ministério da aviação civil da Índia não responderam aos pedidos de comentários. Uma porta-voz da Irkut negou qualquer interesse ou conversa sobre a Embraer.

A Embraer não comentou.

A Comac e a Irkut estão desenvolvendo aeronaves para competir diretamente com a Airbus e a Boeing no movimentado mercado de até 150 assentos. Os planos da China são vistos como os mais avançados.

Um acordo com a Embraer agregaria experiência em engenharia e suporte global, mas também entraria em conflito com jatos regionais menores e comercialmente menos bem-sucedidos desenvolvidos pelos dois países.

Uma fonte da indústria russa disse que a controladora da Irkut, a Rostec, está se concentrando nos programas existentes MS-21 e Superjet.

Embora tenha investido pesadamente em peças e manutenção, a Índia é o pretendente menos visível no setor aeroespacial comercial, sem outro projeto ativo de uma aeronave de 14 lugares chamada Saras.

Mas existe um requisito potencial para o desenvolvimento de um jato regional de 80 a 90 lugares —uma categoria ocupada pela Embraer— para o projeto Udan, assinado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, para expandir os serviços aéreos para pequenas cidades.

R.K. Tyagi, ex-presidente da Hindustan Aeronautics, estatal indiana, disse que escreveu ao governo pedindo que ele se movesse rapidamente.

"Qualquer país com ambições analisará isso. Sinto que essa é uma boa oportunidade. O preço (valuation) está baixo e se conseguirmos o controle de um programa de aeronaves moderno e comprovado, será um grande salto", disse.

Funcionários do governo Modi e um grupo de estudo do governo estão juntando uma nota, mas nenhuma representação formal foi feita no Brasil até agora, disse um funcionário ciente dos planos.

Um alto executivo da Embraer disse à Aviation Week em 1º de maio que não havia iniciado conversações com ninguém, mas que não podia legislar para as chamadas de entrada que poderiam vir.

A Embraer disse que considerará os próximos passos com cuidado. Uma das principais dores de cabeça é o seu valor de mercado, que caiu 64% este ano, abaixo do desempenho do setor de aviação atingido pela crise.

A Embraer relutará em vender muito barato em um mercado deprimido pelo coronavírus, mas suas opções são limitadas, embora seja o único fabricante em larga escala disponível, disse Richard Aboulafia, analista do Teal Group.

"A Embraer é uma empresa comercial fantástica, mas poucas pessoas estão tentando comprar uma empresa comercial", disse ele.

A notícia do interesse estrangeiro na empresa braisleira fez as ações da Embraer dispararem 18,6% na Bolsa brasileira e entrarem em leilão.

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