Gol, Azul e Latam aceitaram pacote de socorro, diz presidente do BNDES

Montezano afirma que condições são viáveis, apesar de críticas feitas pelas companhias

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Rio de Janeiro

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, afirmou nesta sexta (15) que as três grandes companhias aéreas brasileiras aderiram ao pacote de socorro oferecido em conjunto com bancos privados para enfrentar a crise do coronavírus.

"Enviamos propostas à empresas esta semana e na data de ontem [quinta, 14], todas aceitaram a proposta dos sindicatos e agora entram na fase de execução", afirmou Montezano, em entrevista para detalhar o resultado do BNDES no primeiro trimestre de 2020.

Nesta quinta (14), houve reuniões do BNDES com representantes de grandes bancos e das companhias aéreas Gol, Azul e Latam. O banco apresentou um modelo híbrido de apoio, com a oferta de crédito e títulos lastreados em ações.

As empresas aéreas sofrem com restrições à circulação de aeronaves e queda na demanda após o início das medidas de isolamento. A Azul, por exemplo, teve R$ 6,5 bilhões de prejuízo no primeiro trimestre. Já a Gol perdeu R$ 2,2 bilhões.

Segundo a proposta do BNDES, cada empresa teria até R$ 2 bilhões em recursos. O banco de fomento participaria com até 60% e bancos privados, com até 10%. O restante seria captado pelas empresas no mercado. Montezano defende que o pacote é viável e que há apetite no mercado por títulos de dívida.

"Existe, sim, demanda. Temos visto o mercado se aquecendo, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil", afirmou Montezano, em resposta a questionamentos sobre possíveis dificuldades para o lançamento de títulos em meio à pandemia.

Com a crise do coronavírus e seus impactos na economia, porém, investidores têm vendido ativos mais arriscados em busca de opções mais seguras. O índice de debêntures da Anbima (entidade do mercado de capitais), por exemplo, afundou 5%, depois de leve alta de 0,4% em fevereiro.

Na única oferta inicial de ações feita por empresa brasileira este ano, da operadora de estacionamentos Estapar, o volume e os preços das ações foram reduzidos após o início da pandemia para diminuir o risco da oferta. Os papéis foram vendidos ao preço mínimo de R$ 10,50.

Montezano não quis antecipar detalhes das operações, alegando que as empresas têm ações em Bolsa e, por isso, devem seguir regras de divulgação de informações. Além disso, afirmou, os valores finais só serão definidos após oferta dos títulos de dívida no mercado.

Outros setores

O BNDES vem negociando termos semelhantes com o setor automotivo, mas Montezano também não quis dar maiores detalhes. Disse apenas que só serão feitas operações com empresas que receberem garantias da matriz no exterior.

"É fundamental que o acionista tenha interesse em continuar no país e participar do risco da operação", afirmou. Também neste caso, haverá participação de sindicatos de bancos e as operações serão feitas com condições de mercado, sem juros subsidiados.

O BNDES adotou esse modelo para evitar questionamentos sobre favorecimento a empresas, como ocorrido na política de campeões nacionais dos governos petistas. "Não cabe ao BNDES escolher sozinho as condições das empresas A, B ou C", argumentou Montezano.

Também bastante afetado pela crise, o setor de varejo é outro na mira do banco, mas as conversas ainda não foram iniciadas. Outro setor na mira é o elétrico, mas as negociações dependem de decreto do governo federal que vai garantir as bases para empréstimo às distribuidoras de energia.

Suspensão de parcelas

Em dois meses, 19 mil empresas pediram para suspender o pagamento de parcelas de empréstimos ao BNDES por dificuldades financeiras após o início da pandemia. A suspensão dos pagamentos foi uma das primeiras medidas de socorro anunciadas pelo banco.

Até o momento, o BNDES já aprovou R$ 13 bilhões em crédito para enfrentar o coronavírus —a maior parte desse volume em suspensão de pagamentos. O programa de financiamento da folha de pagamento teve R$ 1,6 bilhão e a linha de capital de giro para micro, pequenas e médias empresas, R$ 2,3 bilhões.

Na entrevista desta sexta, Montezano reconheceu dificuldades no acesso a crédito por pequenas e médias empresas e disse que o BNDES pretende ampliar a oferta de dinheiro para a linha de capital de giro.

Ressaltou ainda que o banco trabalha em um seguro de crédito para facilitar o acesso aos recursos.

O seguro usará o FGI (Fundo Garantidor de Investimentos), instrumento já disponível no banco. A ideia é que o Tesouro coloque R$ 20 bilhões no fundo, o que garantiria a concessão de até R$ 100 bilhões em empréstimos.

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