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JBS nos EUA é processada por família de funcionário morto por Covid-19

Familiarem afirmam que a empresa falhou em proteger seus funcionários com máscaras e outras medidas de segurança

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Washington

Enock Benjamin morreu dia 3 de abril por insuficiência respiratória provocada pela Covid-19. Aos 70 anos, o haitiano que morava nos EUA era um dos 1.400 funcionários do complexo frigorífico da JBS USA em Souderton, no estado americano da Pensilvânia.

Nesta quinta-feira (7), a família de Benjamin entrou com um processo contra a gigante de carnes, acusando-a de negligência. Afirma que a JBS USA falhou em proteger seus funcionários com máscaras e outras medidas de segurança, e que a empresa aumentou a produção de março para satisfazer a demanda por carne bovina, suína e de aves já durante um estágio avançado da pandemia do novo coronavírus.

"Ao escolher os lucros em vez da segurança, a JBS demonstrou uma negligência imprudente aos direitos e à segurança de terceiros", diz o processo, de acordo com o jornal The Philadelphia Inquirer.

Fábrica da JBS em Lapa, Paraná - Ueslei Marcelino - 21.mar.2017/Reuters

Os EUA são hoje o epicentro da pandemia, com mais de 1,2 milhão de casos e 76 mil mortes.

O caso de Benjamin é o reflexo mais dramático do impacto da Covid-19 nos frigoríficos dos EUA e pode gerar uma onda de novos processos em todo o país.

Desde o início da crise, duas dezenas de frigoríficos fecharam nos EUA e centenas de casos da doença entre funcionários foram relatados aos órgãos de saúde.

De acordo com relatório do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), 115 instalações de processamento de carnes e aves reportaram diagnósticos de Covid-19 entre seus quadros, em 19 dos 50 estados americanos.

Dos 130 mil trabalhadores desses locais, 4.913 tiveram casos foram confirmados —858 deles na Pensilvânia—, com ao menos 20 mortes, uma delas, a de Benjamin.

Com cerca de 60 plantas nos EUA, a JBS USA afirma que fechou temporariamente ao menos quatro delas para "contribuir com a saúde pública", mas todas já voltaram às atividades, algumas com capacidade reduzida.

O complexo de Souderton, onde trabalhava Benjamin, foi uma das instalações fechadas para limpeza e adaptações para medidas de distanciamento social em espaços compartilhados e entre os maquinários.

A morte do funcionário, porém, aconteceu enquanto a planta estava fechada para esses procedimentos, ou seja, Benjamin já tinha sido infectado antes disso.

Procurada pela reportagem, a JBS USA não havia respondido até o fechamento deste texto.

Além da JBS USA, outras gigantes da carne fecharam algumas de suas plantas este ano e alegam queda de produção de até 50% nos EUA. Entre elas, estão a Tyson Foods e a Smithfield Foods.

Preocupado com os danos econômicos da pandemia em sua campanha à reeleição, Donald Trump decidiu intervir no setor.

Em meio ao aumento de preços da carne e à escalada do desemprego no país, o presidente assinou no fim do mês passado uma ordem executiva para que os frigoríficos se mantenham abertos.

Baseado no Ato de Defesa da Produção, criado em 1950 para garantir a produção nacional, Trump quer evitar problemas de abastecimento mas a Tyson, por exemplo, afirma que a medida não deve adiantar.

Nesta segunda (4), em conversa com investidores, a Tyson afirmou que sua produção de carne de porco já havia despencado 50%, diante de projeções de analistas de que as perdas podem ser ainda maiores.

A ordem de Trump dá às empresas cobertura legal e proteção contra ações de responsabilização caso trabalhadores peguem o vírus por terem que se manter em serviço.

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