Lemann dará maior ênfase a ensino virtual em suas fundações

Empresário diz acreditar que ensino a distância deverá se disseminar no país após a pandemia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O empresário Jorge Paulo Lemann, 80, afirmou nesta segunda-feira (13) que mudou as metas da fundação Lemann para dar maior ênfase ao ensino online e que a pandemia do coronavírus vai acelerar a implementação de ferramentas digitais na educação no Brasil.

O investidor participou de um painel digital sobre educação a distância e filantropia promovido pelo banco BTGPactual no evento Brazil at Sillicon Valley.

“Tivemos uma reunião do conselho da fundação [Lemann] hoje e muitos de nossos objetivos para este ano foram dificultados pelo que está ocorrendo [com a pandemia]. Estamos refazendo nossos objetivos. Uma das coisas importantes é o que podemos fazer nessa área de ensino a distância porque essa é a oportunidade grande do momento para ajudar e fazer algo importante para o Brasil no longo prazo”, disse.

Segundo o empresário, a fundação colocará “mais peso” em ferramentas tecnológicas de ensino virtual.

Jorge Paulo Lemann em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social no Palácio do Planalto, em 2016. - Alan Marques - 21.nov.16/Folhapress

“Eu sou muito otimista, acho que o interesse das pessoas pela aprendizagem online aumentou. Acho que os professores já estão vendo mais como uma ferramenta que os ajuda do que como um competidor”, disse o empresário durante o evento, do qual também participou o fundador da plataforma de ensino digital Khan Academy, Sal Khan.

A plataforma iniciou sua operação no país em 2013 custeada pela fundação Lemann. Hoje, é usada por 4 milhões de pessoas, segundo o investidor. A ferramenta é usada por 397 escolas públicas municipais em 46 cidades.

Para Lemann, a maior dificuldade à expansão do ensino virtual é a conectividade à internet ainda restrita no país. “Estamos tentando contato com empresas e com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para melhorar a conectividade” das escolas públicas.

Segundo ele, o custo para levar a conectividade a todas as escolas públicas do país é de US$ 15 bilhões [R$ 88,31 bilhões]. "É uma questão de dinheiro, mas também organização e de decidir o que deve ser feito. É muito dinheiro, mas quando você olha para a quantidade de pessoas beneficiadas, não é um preço alto comparado ao PIB do Brasil", afirmou Lemann.

“Existe uma conversa sobre online learning ser somente ser acessível a estudantes de melhores escolas porque eles têm melhor conectividade. É um problema atual, mas conforme a conectividade melhora, e possamos implementar a aprendizagem virtual, isso vai desaparecer. Será um equalizador do gap social”, disse o investidor.

Além da fundação que leva seu sobrenome, Lemann é também um dos criadores e mantenedores da fundação Estudar, cujo foco principal é o desenvolvimento profissional de jovens. A instituição também passou a intensificar o uso de plataformas digitais após a pandemia.

Com a quarentena, a procura por cursos online da Estudar multiplicou-se por dez, de acordo com a diretora-executiva da entidade, Anamaíra Spaggiari.

Além dos cursos gravados que podem ser realizados individualmente, a fundação adaptou a metodologia de seus cursos presenciais para a plataforma a distância.

“É uma versão a distância, ao vivo e em grupo, que chamamos de cursos síncronos. Simulamos o ambiente da sala de aula. Estamos pensando em como fazer a conexão do jovem com o mercado de trabalho de forma virtual neste momento”, afirma.

Segundo ela, após a quarentena, o processo da educação online será mais naturalizado, mas não substituirá totalmente a modalidade presencial.

“A tendência é que a gente faça um misto entre virtual, com os conteúdos passados online, e presencial, com a parte de debates e interações”, diz ela.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.