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Não precisamos adicionar uma crise política à crise de saúde e econômica, diz presidente do Itaú

Candido Bracher afirma ver com preocupação as tensões políticas, efervescidas pela saída do ex-ministro Sergio Moro

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São Paulo

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou que enxerga com preocupação a atual tensão política no país, puxada pela saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

Segundo o executivo, a gestão estatal é fundamental para que o país consiga sair da crise do coronavírus e que, apesar dos esforços feitos pelo governo para injetar dinheiro na economia como forma de atenuar os impactos da pandemia, um alinhamento entre os três Poderes ainda se faz necessário.

“É muito importante que o mercado acredite que a dívida pública será controlada na saída da crise e, para isso, é muito importante que haja harmonia entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. E, em função desse quadro, eu naturalmente vejo com preocupação todo o cenário de tensões políticas. Nós não precisaríamos acrescentar uma crise política à grande crise de saúde e econômica que já estamos vivendo”, afirmou o presidente do Itaú em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (5).

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Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco - Adriano Vizoni-15.mar.2018/Folhapress

No sábado (2), o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, entregou à Polícia Federal o histórico de conversas recentes com Jair Bolsonaro pelo Whatsapp, incluindo o diálogo em que o presidente pressiona pela saída de Maurício Valeixo da diretoria-geral da Polícia Federal.

A investigação foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e autorizada pelo ministro Celso de Mello, do STF, relator do caso, após Moro indicar que Bolsonaro teria interesse pessoal para a troca de Valeixo. Moro pediu demissão do cargo no Ministério da Justiça em 24 de abril.

Segundo Bracher, é importante que essa tensão política seja suplantada para que o país continue atuando de maneira alinhada a garantir um futuro para as pessoas físicas e jurídicas após a crise do coronavírus.

“O dinheiro público será bastante usado, e é importante que seja. Mas isso vai fazer com que nossa dívida pública suba para 90% do PIB [Produto Interno Bruto]. Terminaremos uma fase aguda da crise com uma dívida muito elevada, e é importante que as diferenças políticas sejam superadas para passar segurança ao mercado de que essa dívida não fugirá do controle”, afirmou.

O Itaú –maior banco privado do país– anunciou seu resultado do primeiro trimestre nesta segunda-feira (4) com uma queda de 43,1% no lucro líquido do período, para R$ 3,9 bilhões. O tombo é decorrente do aumento significativo (de 147%) nas reservas para cobrir eventuais calotes (as chamadas provisões), que alcançaram R$ 10,4 bilhões.

Segundo Bracher, banco não descarta provisões complementares para o balanço ao longo dos próximos meses, a depender da evolução da crise.

O ambiente de maior risco é também acompanhado por um aumento na carteira de crédito, que subiu 19,4%, para R$ 573,7 bilhões.

Segundo Bracher, a expectativa ainda é de crescimento na carteira, puxado principalmente por pessoas jurídicas.

“Eu tenho a impressão que a demanda de pessoas jurídicas tenderá a ser maior do que a de pessoas físicas na saída da crise, porque as pessoas estarão mais comedidas em seus hábitos de consumo. Mas continuaremos a ajudar as empresas a reequilibrarem suas finanças primeiro e então, no futuro, veremos em que medida cada atividade foi afetada e como essa demanda vai sofrer depois”, afirmou.

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