Petrobras prevê venda de ativos mesmo em meio à pandemia

Estatal afirma que projetos de desinvestimentos permanecem intactos; principal grupo de ativos são refinarias

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Santos

Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, a Petrobras espera anunciar venda de ativos, principalmente refinarias, afirmou nesta terça-feira (19) o presidente Roberto Castello Branco, em live com o Banco Safra transmitida pelo Youtube.

Segundo o executivo, os projetos de desinvestimentos permanecem intactos, apesar da recessão influenciada pela pandemia. Ele diz que deve ter boas notícias sobre o assunto em breve, sendo que o principal grupo de ativos são as refinarias.

"Até agora não ouvimos manifestação de desinteresse. Pediram para postergar a entrega de propostas para junho e tudo permanece normal. A nossa expectativa continua sendo positiva e estamos confiantes que vamos conseguir assinar acordos de compra e venda até o final desse ano e concluir transações no próximo ano", disse Castello Branco.

O presidente afirmou que nada mudou no plano de desinvestimentos, apesar das dificuldades. Ele quer a dívida bruta da estatal em US$ 87 bilhões ao final do ano, mesmo patamar de 2019, o que no contexto atual, segundo ele, seria uma vitória. Na semana passada, a Petrobras anunciou prejuízo recorde de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre de 2020.

Facha do prédio da Petrobras no Rio de Janeiro - Lucas Tavares/Folhapress

Em dezembro, Castello Branco já havia apontado o futuro da Petrobras, em apresentação para investidores estrangeiros, com ativos apenas na região Sudeste e a possibilidade de investimentos em logística para atender Sudeste e Centro-Oeste, vendendo todas as operações em terras ou águas rasas em outros estados.

"A recessão influencia no atraso na execução de alguns projetos, mas até agora [o desinvestimento] permanece intacto", analisou o presidente da Petrobras.

Outro ponto abordado pelo executivo foi a redução drástica de demanda —a de gasolina caiu 60%, enquanto a de querosene de aviação vendeu apenas 6% do que vende normalmente. Castello Branco prevê que, com o tempo, haverá uma recuperação da economia mundial, que será lenta, e consequentemente a recuperação da demanda por petróleo também vai ocorrer.

A queda na demanda foi acompanhada também de diminuição drástica nos preços​​. A Petrobras realizou pelo menos 11 cortes no preço da gasolina até o mês de abril, reflexo da queda das cotações internacionais do produto em meio às medidas de isolamento para enfrentar o coronavírus em vários países.

"Temos que nos preparar para viver com preços mais baixos do que estávamos imaginando até fevereiro de 2020", disse o executivo. "Nossa nova trajetória de preços esperada vai reagindo lentamente até se acomodar em US$ 50", acrescentou.

Em maio, após uma sequência de cortes, a Petrobras voltou a aumentar o preço da gasolina nas refinarias, no que foi o primeiro reajuste positivo desde o início da pandemia. Na semana passada, aumentou novamente o valor, em reajuste de 10%. O movimento acompanhou a escalada do dólar no Brasil e a elevação do preço da gasolina no mercado internacional.

Castello Branco também apontou que a empresa não elimina do painel de riscos a hipótese de mais de um surto de Covid-19 no Brasil e no mundo. Ele destaca que a nuvem de incertezas só vai desaparecer quando existir uma vacina.

"Estamos trabalhando de forma cautelosa. Nada impede que tenha uma nova onda da pandemia. A gripe espanhola teve três ondas, a primeira em 1918, a segunda em 1919, a mais mortal, e uma menor em 1920. Torço para que nada aconteça desse tipo, mas não vejo um céu azul brilhando nesses movimentos de curto prazo", disse o executivo.

Nesta segunda-feira (19), o Brasil registrou 674 novas mortes por coronavírus, 13.140 novos casos e é agora o terceiro país com mais casos no mundo ao superar o Reino Unido —são 254.220 ao todo, contra 244.995 dos britânicos. O total de óbitos no Brasil é de 16.792. Outros 2.277 óbitos estão em investigação.

Também nesta segunda, a Folha mostrou que, depois das plataformas de petróleo, refinarias da Petrobras têm focos de contaminação pelo novo coronavírus, segundo sindicatos de trabalhadores da estatal. Eles denunciam surtos em unidades em Cubatão (SP), no Rio de Janeiro e em Manaus. A empresa diz que tem tomado uma série de medidas para proteger os seus empregados.

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