Risco de parar operações por coronavírus já foi maior, diz diretor da Vale

Executivo afirma ainda que China, principal cliente, está se recuperando rápido de pandemia

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Rio de Janeiro

Apesar do aumento dos casos de Covid-19 no país, o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, afirmou nesta sexta (8) que vê hoje menos risco de paralisar operações do que no início da pandemia. Ele defendeu que medidas adotadas em suas unidades industriais garantem a segurança dos trabalhadores.

Em seu balanço do primeiro trimestre, em que registrou lucro de R$ 984 milhões, a Vale havia colocado a paralisação de atividades como um dos riscos aos negócios da companhia após o início da pandemia do novo coronavírus.

"Dificilmente, [a pandemia] vai nos levar a fechar operação, mas pode nos levar a operar com capacidade reduzida ou a fazer transferência de empregados entre uma operação e outra", afirmou ele, em live promovida pelo jornal Valor Econômico. "Mas acho que o risco hoje é mais reduzido do que era no começo da pandemia."

Segundo ele, a Vale reduziu os contingentes em suas unidades industriais e adotou medidas como alterações nos turnos para evitar aglomerações na entrada e nos restaurantes. Além disso, suspendeu obras, retirando cerca de dez mil terceirizados de suas unidades.

Todos os empregados estão trabalhando com máscaras. A empresa implantou um sistema de rastreamento dos trabalhadores, para identificar rapidamente aqueles com que potenciais infectados tiveram contato nas semanas anteriores à confirmação da doença.

Sem detalhar o número de contaminados entre os empregados da mineradora, Siani disse que não há casos em confirmados suas operações em Minas Gerais. No Pará, onde já houve confirmados, a empresa diz que está trabalhando com as autoridades para ajudar a reduzir o contágio nas cidades.

Nesse sentido, apoia a higienização das ruas e vai instalar um sistema de testagem da população em Parauapebas (PA), município onde está sediada a mina de Carajás, a maior do país. O sistema, que funciona como um drive thru de restaurante, deve começar a operar no fim de maio ou início de junho.

Siani disse que, no início da pandemia, a adoção de ações de controle à circulação por diferentes esferas de governos poderia colocar em risco as operações, mas conversas com autoridades reduziram os riscos. "No começo do lockdown, havia uma certa confusão instalada", comentou.

Segundo ele, a China, principal cliente da companhia, já começa a se recuperar da crise econômica e a reduzir seus estoques de aço e minério de ferro. A Europa, por outro lado, deve demorar mais a retomar, já que a economia local é mais baseada em consumo de manufaturados, que dependem da confiança das pessoas.

Ele ressaltou, porém, que o mercado chinês pode sentir no segundo semestre queda nas exportações de aço para outros países que ainda estejam passando por redução da atividade econômica.

Siani reforçou que a Vale só voltará a distribuir dividendos depois de devolver o crédito rotativo de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 29 bilhões, ao câmbio atual) que tomou para reforçar o caixa durante a crise. Na sua opinião, porém, o fato de não ter havido segunda onda de contaminação na China até o momento deixa o cenário mais tranquilo.

A empresa começou ainda a retomar obras de reparação e remediação da área atingida pelo rompimento de barragem de rejeitos em Brumadinho (MG), que 270 mortos em janeiro de 2019, que chegaram a ser suspensas após o início da pandemia.

A companhia retomou ainda negociações com famílias de vítimas, que haviam suspensas com o fechamento de escritórios e agora estão sendo feitas em reuniões virtuais. Até o momento, a empresa gastou R$ 3,6 bilhões em indenizações e ajudas emergenciais.

A evolução das ações de reparação é uma das justificativas apresentadas pela Vale para distribuir bônus de até R$ 19 milhões a seus diretores pelo desempenho de 2019, ano do desastre e em que a companhia teve prejuízo de R$ 6,7 bilhões. A premiação foi aprovada em assembleia de acionistas no último dia 30.

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