Valor máximo para pagamento com cartão sem senha pode subir para até R$ 120

Coronavírus eleva demanda por limite acima de R$ 50, mas apenas 3% dos cartões têm tecnologia de pagamento por aproximação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A indústria de cartões estuda aumentar o valor permitido para pagamentos por aproximação sem senha, atualmente em R$ 50. O novo teto iria para perto de R$ 100, dizem executivos do setor.

O limite maior já vinha em debate antes da pandemia do novo coronavírus. A novidade é que a doença fez crescer a demanda por pagamento por aproximação —uma forma de evitar contato com superfícies e diminuir o risco de infecção.

O presidente da Mastercard, João Pedro Paro Neto, diz que o novo valor proposto, entre R$ 100 e R$ 120, leva em consideração a média de gasto no cartão de crédito por operação. Ainda assim, não há consenso entre as empresas do segmento, que incluem os bancos que emitem cartão, as bandeiras e as maquininhas.

Projeto piloto permite que a tarifa dos ônibus, em São Paulo, sejam pagas pela aproximação do cartão de crédito ou débito com a tecnologia NFC
Projeto piloto permite que a tarifa dos ônibus, em São Paulo, sejam pagas pela aproximação do cartão de crédito ou débito com a tecnologia NFC - Gabriel Facchini - 12.set.2019/Prefeitura de São Paulo

“Imaginar que o contactless [pagamento por aproximação] possa chegar a níveis assim é bastante interessante, uma vez que a maioria dos países nos quais essa tecnologia já está completamente implementada, esse aumento no valor já aconteceu. Quanto maior for o valor, melhor é a experiência para o consumidor”, afirmou Paro Neto.

A modalidade, no entanto, ainda é incipiente no Brasil. Segundo Paro Neto, por exemplo, o volume de cartões com a tecnologia NFC (Near Field Communication) e smartphones que funcionam como carteira ainda não chega a 5% do mercado.

Para o presidente da Visa no Brasil, Fernando Teles, as empresas conhecem o padrão de gastos do consumidor e isso inibiria fraudes.

“Todo sistema de pagamento funciona em cima de uma análise de comportamento, para que mais transações possam ser autorizadas e a segurança, garantida. E a mudança de hábitos de consumo que vemos traz velocidade à adesão do contactless. Todo o sistema, as máquinas, o mercado, tudo estava preparado. Só faltava a mudança de hábito, que começa a ganhar força agora”, afirma Teles.

Em caso de fraude, o banco emissor do cartão é responsável por indenizar o consumidor quando o pagamento é feito sem senha.

E quem passou a oferecer o pagamento por aproximação com mais força foram as novas instituições financeiras e bancos digitais.

Segundo o Nubank, 70% dos seus clientes têm cartões com NFC –e todos os novos plásticos emitidos já integram a tecnologia. O mesmo acontece com o C6 Bank.

Para o superintendente executivo de cartões e pagamentos digitais do Santander, Rogerio Panca, o momento é propício para que a tecnologia avance e a expectativa é de que cada vez mais clientes do banco estejam aptos a fazer o pagamento por aproximação. O Santander vende pulseiras, adesivos e etiquetas com a tecnologia, lançados antes dos cartões do banco com NFC. Os acessórios são uma aposta do banco para contornar a ausência de compatibilidade do banco com iPhones no pagamento por aproximação.

Segundo o executivo, a meta do banco é chegar até o final do ano com 12 milhões de cartões com NFC nas mãos dos clientes.

“Só em abril, o número de transações contactless cresceu 200% em relação a igual mês de 2019. Há um incentivo maior por essa tecnologia e, nesse cenário, também entendemos que existe espaço para um reajuste no valor do pagamento máximo sem senha. Os R$ 50 não mudam desde 2016. Só de aplicarmos a inflação, por exemplo, já chegaríamos a um número muito próximo de R$ 80”, afirmou Panca.

Já para o diretor de meios de pagamentos do Banco do Brasil, Edson Costa, no entanto, o valor de R$ 50 já está adequado.

“Grande parte das transações individuais que temos hoje se situam abaixo de R$ 50 e esse é um patamar confortável. Mas eu também entendo que a evolução do valor é algo natural e que acontece conforme o uso da tecnologia cresce”, afirmou Costa.

Segundo o executivo do BB, a mudança no comportamento dos clientes também se estende para outras tecnologias, como o caso do QR Code. Nesta terça-feira (12), o banco anunciou a nova parceria com a Cielo para o pagamento com o código. A nova solução está disponível por meio do aplicativo Ourocard para os cartões de todas as bandeiras emitidas pelo BB, é gratuita e está disponível inicialmente apenas para a função crédito.

“É uma alternativa interessante, segura e sem contato físico e esperamos que também ganhe força ante o atual cenário”, disse Costa. Como acontece com o NFC, os pagamentos até R$ 50 pelo QR Code também são feitos sem senha.

No Itaú, onde as transações contactless chegaram até a triplicar em estabelecimentos considerados essenciais – como supermercados – a expectativa também é de crescimento.

“Desde que as medidas de isolamento social entraram em vigor, temos estimulados nossos clientes a fazer uso da tecnologia. Todos os nossos produtos estão sendo adaptados ao NFC, mas ainda não temos um prazo para que isso seja concluído. Também temos acompanhado ativamente as discussões sobre o limite para a transação sem senha, lideradas pela associação do setor, e respeitaremos o que for decidido”, disse Rubens Fogli, diretor do Itaú. ​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.