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Após mais de 3 meses, comércio de rua do Rio reabre com ruas cheias

Prefeito Marcelo Crivella antecipou a terceira fase de reabertura das atividades na cidade

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Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro antecipou para este sábado (27) parte da terceira fase de reabertura das atividades na cidade, que estava prevista para a próxima quinta-feira (2). As ruas ficarem cheias em alguns dos principais pontos de comércio, fechados desde o dia 24 de março, há mais de três meses, ainda no início da pandemia da Covid-19 no Brasil.

A liberação permitiu que todos os comércios de rua, os salões de beleza e as barbearias pudessem funcionar. No Saara (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega), o movimento foi intenso, mas ainda aparentava ser menor do que o período pré-pandemia. Muitos locais ainda estavam fechados, mas outros funcionavam com o aval da prefeitura.

Os estabelecimentos abertos tentavam evitar aglomeração de pessoas e a Vigilância Sanitária fazia fiscalização para acompanhar o primeiro dia de atividades. Algumas lojas organizavam os potenciais clientes, interessados em ver os produtos, para que não se aglomerassem dentro do espaço fechado.

Saara registrou movimentação intensa neste sábado - Dikran Junior/AGIF

O presidente do CLDRio (Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro) e do SindlojasRio (Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro), Aldo Gonçalves, reclamou dos critérios adotados para definir as etapas do plano de flexibilização.

"A prefeitura poderia ter anunciado a reabertura com alguma antecedência, com maior organização", disse. Gonçalves citou como exemplo a reabertura de shoppings e o trabalho de ambulantes, enquanto as lojas de rua permaneceram fechadas. Além disso, apontou que o anúncio liberando as operações foi feito no fim da tarde de sexta, sem dar o tempo necessário para os lojistas pudessem ser organizar .

O consultor Bruno Cardoso, 32, foi um dos moradores da cidade que aproveitou a reabertura para passear com a família. "Viemos só ver o movimento, para sair um pouco de casa, e acho que está bem menor do que antes da pandemia", disse ele, que mora próximo ao Saara.

A maioria das pessoas que circulava pelo local utilizavam máscaras. Outras, se precaviam ainda mais. Caso da dona de casa Maria Lúcia, 57. "Vim dar uma volta, mas preferi trazer minha garrafa de álcool em gel para me sentir mais segura", afirmou.

A reabertura ocorre no momento em que vários setores registram recordes de desempenhos negativos por causa da pandemia. O comércio recuou 16,8% em abril diante dos impactos da Covid-19 no país. O setor de serviços caiu 11,7.%, por sua vez.

O ramo de Outros serviços prestados às famílias - onde se encaixam os salões de beleza e cabeleireiros -, despencou 46,6% durante a pandemia, segundo a última divulgação do IBGE. Quem acompanha o setor de comércio estima que muitas lojas com as portas fechadas neste sábado não devem voltar mesmo com a autorização para reabertura.

Ainda em março, primeiro mês a sentir os efeitos econômicos da pandemia, as vendas do varejo carioca registraram queda de 85%, o pior resultado da história do comércio local, segundo o SindlojasRio. A estimativa é de um prejuízo de R$ 300 milhões para cada dia de fechamento.

Em contrapartida, o isoalmento teve impacto positivo na saúde pública. A taxa de ocupação das UTIs do Rio de Janeiro vem caindo há algumas semanas. Na última segunda (22), 57% dos leitos nas unidades estaduais de referência para a doença estavam ocupados. Contribuiu para a melhora a inauguração de um hospital de campanha em São Gonçalo na semana anterior, ainda com 20 das 80 UTIs previstas.

Já a fila por vagas de enfermaria e terapia intensiva no estado subiu —de 73 no dia 15 para 91 no dia 22. Epidemiologistas que acompanham os números da Covid-19 se preocupam com a abertura da economia em várias cidades e o aumento de casos no interior, que podem voltar a inundar o sistema de saúde da capital.

Divulgação deste sábado da Secretaria de Saúde do Rio apontava que o estado marcou 9.789 mortes e somava 108.803 casos confirmados de Covid-19. Há ainda 1.053 óbitos em investigação. A rede SUS na capital mantinha 1.273 pessoas internadas em leitos exclusivos para o novo coronavírus nesta sexta, sendo 522 deles em UTI.

De acordo com o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), a antecipação da reabertura do comércio aconteceu porque a curva de contágios pela Covid-19 no Rio de Janeiro apresentou queda nos últimos dias. Ele usou uma comparação do número de mortes no estado para se justificar.

"Ontem, dia 25 de junho, tivemos 164 sepultamentos. No mesmo dia do ano passado foram 200. Ontem, 36 sepultamentos a menos do que no mesmo período do ano passado, o que mostra que a curva está caindo", disse o prefeito, em entrevista coletiva nesta sexta (26).

Em maio, porém, dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontavam que o Rio teve 10.227 mortes, mais de 90% acima da média mensal das últimas duas décadas, segundo reportagem do UOL.

Neste sábado, as lojas que reabriram só tinham autorização para atender o equivalente a um terço da capacidade total. Os estabelecimentos ainda precisavam disponibilizar álcool em gel e sabonete nos banheiros. A indicação é a mesma para salões de beleza e barbearias, que devem funcionar com serviços agendados, ficando a sala de espera proibida. Bebidas e petiscos ainda estão vetados, assim como depilação e maquiagem.

Restaurantes, bares e academias seguem o plano previsto pela prefeitura e devem abrir com restrições na quinta (2), assim como as praias, parques e ruas abertas para lazer —com o aluguel de barracas e cadeiras ainda vedado. Hoje, teoricamente, só está permitido usar o calçadão, o mar e os parques para atividades físicas.

Em edição do Diário Oficial desta sexta, ficou estipulado que a partir de quinta os bares e restaurantes podem funcionar com mesas e cadeiras nas calçadas e áreas de estacionamento com autorização, e em horários específicos, às sextas, sábados e vésperas de feriados, das 19h até 1h do dia seguinte, e em domingos e feriados, das 12h as 22h. Não está permitido música ou ruídos que atrapalhem a vizinhança.

​O prefeito também anunciou que, no dia 10 de julho, deve liberar que creches e escolas privadas retornem às aulas presenciais caso queiram. A retomada, porém, não será obrigatória para professores e funcionários, que não devem perder o salário, nem para pais de alunos, que poderão optar por aulas remotas.

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