Descrição de chapéu Financial Times

França lança pacote de 15 bilhões de euros para salvar aéreas

Governo diz que 100 mil empregos estavam em jogo depois que a pandemia levou ao fechamento de fronteiras

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David Keohane
Paris | Financial Times

A França revelou um plano de 15 bilhões de euros para apoiar a indústria aeroespacial, alertando que 100 mil empregos estavam em jogo no setor depois que a pandemia da Covid-19 levou a fechamentos de fronteiras e restrições a viagens em todo o planeta.

O plano, que abarca algumas medidas de apoio anunciadas anteriormente pelo Estado “é comensurável com a violência representada pela crise no começo do ano e seu impacto persistente sobre o tráfego aéreo”, disse Bruno Le Maire, o ministro das Finanças da França, em entrevista coletiva na terça-feira (9).

“Se o Estado não intervier rapidamente, um terço dos empregos no setor podem desaparecer”, ele acrescentou.

O setor aeroespacial emprega 300 mil pessoas na França, direta e indiretamente, e gera 58 bilhões de euros em receitas a cada ano. Le Maire alertou que, sem as medidas de apoio, “100 mil empregos estariam em risco, nos próximos seis meses”.

A economia francesa foi fortemente prejudicada pela pandemia e o governo da França já lançou dois outros planos setoriais específicos, com oito bilhões de euros em apoio à indústria automobilística e 18 bilhões de euros em apoio ao turismo.

O instituto de pesquisa Bruegel estimou o apoio fiscal imediato oferecido pelo governo francês à economia em 88 bilhões de euros, ante uma estimativa de 456,5 bilhões de euros para a assistência oferecida pela Alemanha.

Mesmo considerando o dinheiro adicional oferecido pelo plano aeroespacial, a diferença –acoplada às medidas de confinamento mais rigorosas adotadas na França e à dependência do país quanto a algumas poucas empresas em setores pesadamente atingidos, o que contrasta com a base industrial alemã mais diversificada– levou os economistas a prever que a Alemanha se recuperará mais rápido do impacto do vírus.

Na terça-feira, o banco central francês previu que a economia do país se contrairia em mais de 10% este ano, ainda que deva começar a se recuperar no segundo semestre. O desemprego deve subir dos 8,4% do ano passado para 10,1%, a marca mais alta em quatro anos, em 2020, e chegar a 11,7% no ano que vem, de acordo com a instituição.

Em contraste, a expectativa de contração para a economia da Alemanha é de 6%, de acordo com projeções do Bundesbank, o banco central alemão.

Companhias de todo o setor aeroespacial e sua cadeia de suprimentos estão enfrentando dificuldades, porque encomendas foram canceladas e o fluxo de caixa se reduziu fortemente.

A Airbus, sediada em Toulouse, no sul da França, reduziu sua produção em um terço e líderes setoriais vêm advertindo que a demanda baixa pode persistir por anos.

O plano de apoio francês inclui um pacote de empréstimos de sete bilhões de euros já anunciado para a companhia de aviação Air France-KLM, 300 milhões de euros para a modernização da cadeia de suprimentos e um fundo de investimento que terá capital inicial de 500 milhões de euros, valor que deve subir posteriormente a um bilhão de euros, projetado para ajudar indústrias de pequeno e médio porte, o que pode incluir assistência em consolidações.

O fundo inicialmente contará com 200 milhões de euros fornecidos pelo Estado, 200 milhões das líderes setoriais Airbus, Thales, Dassault e Safran, e 100 milhões de euros providos pela administradora do fundo.

De acordo com o governo francês, de março para cá cerca de 651 instalações industriais do setor aeroespacial recorreram ao esquema de apoio do governo ao desemprego parcial, a fim de bancar pagamentos a 110 mil trabalhadores.

Ao anunciar o plano, em companhia dos ministros do meio ambiente, defesa e trabalho, Le Maire disse que a França “precisa salvar nossa indústria aeronáutica e evitar qualquer perda de posição diante da Boeing, dos Estados Unidos, e da Comac, da China”.

O pacote de sete bilhões de euros para a Air France-KLM, a companhia de aviação franco-holandesa, é composto por três bilhões de euros em empréstimos diretos do Estado e quatro bilhões de euros providos por bancos comerciais mas garantidos pelo governo.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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