Investimentos diretos no país despencam 68% em maio

Número mostra redução de apetite por ativos no país em meio à crise

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Brasília

Os investimentos diretos no Brasil caíram 68% em maio na comparação com o mesmo mês de 2019, para US$ 2,6 bilhões. O número é o menor registrado para meses de maio desde 2018 e mostra um menor apetite por ativos no país em meio à crise do coronavírus.

O indicador representa uma das principais fontes de financiamento da atividade no país e é a categoria de investimento de maior destaque no relacionamento econômico e financeiro do Brasil com o resto do mundo, na visão do Banco Central.

O fluxo do mês foi composto por ingressos líquidos de US$ 2,2 bilhões em participação no capital de empresas e de US$ 354 milhões em operações entre companhias.

Gabriel Cabral/Folhapress

Apesar da piora em relação ao ano passado, os números de maio evoluíram na comparação com abril, quando os ingressos líquidos em investimentos diretos no país ficaram em apenas US$ 234 milhões (queda de 95% ante os US$ 5,1 bilhões de abril de 2019).

Maio continuou registrando saída líquida de investimento em portfólio no mercado doméstico, de US$ 2,2 bilhões (também mais brando que em abril, quando a retirada havia sido de US$ 7,3 bilhões).

De qualquer forma, o acumulado nos últimos 12 meses mostra uma saída de US$ 50,9 bilhões do portfólio doméstico, o maior valor já registrado pelo BC. Os técnicos da autoridade monetária veem os valores como significativos.

Em junho, os dados colhidos pelo BC até o dia 19 mostram certo retorno do capital externo, mostrando um investimento direto no país de R$ 2,2 bilhões. Além disso, há até essa data entrada líquida no portfólio doméstico de US$ 1,2 bilhão, sendo US$ 0,8 bilhão em ações e US$ 0,4 bilhão em títulos.

Para Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, as incertezas da economia no Brasil e no mundo impedem concluir que os dados positivos de junho representam uma reversão de tendência.

"Nós não temos condições de afirmar isso, os fluxos de portfólio são muito voláteis. A situação econômica no Brasil e no mundo ainda é muito incerta, medidas e novidades estão acontecendo a todo momento. Então, nesse conjunto, a gente ainda não pode cravar que é uma reversão", disse.

Os dados apresentados pelo BC mostram ainda que a retração da atividade econômica levou o país a apresentar um superávit nas transações correntes, que consideram o fluxo de bens e serviços entre os residentes do Brasil e o mundo.

O número é afetado pelas exportações e importações da balança comercial, que tradicionalmente apresenta superávit em momentos de baixa atividade doméstica (em grande parte, o país é importador de bens e produtos nas épocas de expansão).

Segundo os dados apresentados pelo BC, as transações correntes apresentaram superávit pelo terceiro mês consecutivo, a US$ 1,3 bilhão (uma reversão em relação ao déficit de US$1,4 bilhão em maio de 2019).

O superávit é registrado em meio à restrição na economia doméstica com as medidas de isolamento causadas pelo coronavírus. "São os efeitos da pandemia e da crise que ela causa", disse Rocha.

O estoque de reservas internacionais aumentou US$ 6,4 bilhões em relação a abril e chegou a US$ 345,7 bilhões em maio. O acréscimo, segundo o BC, decorreu principalmente das intervenções líquidas no mercado de câmbio, compostas por US$ 3,8 bilhões de retornos em linhas com recompra, US$ 2,2 bilhões de retornos nas operações compromissadas em moeda estrangeira, e US$ 520 milhões de vendas à vista.

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