O IRB Brasil Resseguros informou nesta sexta (26) que investigação interna identificou os responsáveis pela divulgação de informações falsas ao mercado financeiro e detectou irregularidades no pagamento de cerca de R$ 60 milhões em bônus a diretores e colaboradores.
A apuração foi iniciada após crise vivida pela companhia na virada do ano, que culminou com a demissão de executivos e renúncia do presidente do conselho de administração. A turbulência derrubou o valor das ações da empresa a um quarto do vigente no início de 2020.
Os problemas começaram no fim de 2019, depois que a corretora de valores Squadra questionou suposta maquiagem nos lucros da companhia e se agravaram com o pedido de renúncia do presidente do conselho de administração, Ivan Monteiro, em fevereiro.
Diante da reação negativa do mercado, executivos do IRB disseram a analistas e ao jornal Estado de S. Paulo que o fundo bilionário Berkshire Hathaway havia comprado participação relevante na empresa, levando as ações a subir 6,6% no dia seguinte.
A informação, porém, foi desmentida pelo fundo, que disse nunca ter participado e nem ter o interesse de participar da empresa, detonando uma onda de desconfiança em relação à gestão da companhia e gerando investigações na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Em nota, o IRB informou que as investigações conduzidas pela consultoria KPMG e pelo escritório Felsberg Advogados identificaram os responsáveis pela divulgação da informação. A empresa, porém, não informou os nomes.
Em relatório divulgado em fevereiro, a corretora XP afirmou que a informação havia sido passada pelo ex-presidente da companhia, José Carlos Cardoso, e pelo ex-diretor financeiro, Fernando Passos, em conferências com analisas do mercado.
O IRB tinha um agressivo programa de bônus para executivos, que premiava a diretoria também pela valorização das ações em bolsa. Entre 2017 e 2019, a companhia teve valorização de 200%, a terceira maior da bolsa de São Paulo.
As investigações identificaram que R$ 60 milhões em bônus foram pagos de forma irregular a um ex-diretor e outros executivos. O programa de bônus foi extinto logo após a mudança no comando da companhia.
Além disso, disse a seguradora, as investigações concluíram que entre fevereiro e março de 2020 a empresa recomprou um volume de ações maior do que as quantidades autorizadas pelo conselho de administração.
Segundo o IRB, os responsáveis pelas irregularidades já identificados não integram mais os quadros da companhia. Os resultados das investigações foram apresentados à CVM e à Susep (Superintendência de Seguros Privados).
A empresa disse que vai colaborar com as investigações e tomar providências legais para se ressarcir de todos os prejuízos causados pelas condutas irregulares. Após a divulgação do resultado das investigações, as ações da empresa se valorizaram: até 12h30, subiam mais de 6%.
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