Mais da metade do crédito cedido pelos bancos desde o começo da pandemia foi para empresas

Febraban afirma que 56,2% dos recursos foram para companhias; empresários ainda reclamam de dificuldade no acesso ao crédito

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São Paulo

O último levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), divulgado nesta segunda-feira (29) apontou que 56,2% de todo o crédito cedido pelos bancos desde o começo da pandemia foi para pessoas jurídicas.

Segundo a federação, os empréstimos dos bancos somam R$ 1,1 trilhão de 1º de março até 19 de junho, incluindo contratações, renovações e suspensão de parcelas. Deste total, os bancos acumulam R$ 627,2 bilhões de concessões para pessoas jurídicas.

O número total considera a concessão de crédito oficial divulgada pelo Banco Central na semana passada, que somaram R$ 981,2 bilhões, e os dados consolidados pela Federação até 19 de junho – os quais consideram apenas o segmento livre de crédito para pessoa jurídica, que somou R$ 135,5 bilhões.

Empréstimos para empresas somam R$ 627,2 bilhões; empresários ainda relatam dificuldade no acesso ao crédito
Empréstimos para empresas somam R$ 627,2 bilhões; empresários ainda relatam dificuldade no acesso ao crédito - Gabriel Cabral - 22.ago.2019/Folhapress

O levantamento da Febraban, no entanto, não especifica o porte das companhias que receberam esses recursos. Apesar dos números registrados pela federação, pequenas e médias empresas têm reclamado de dificuldades no acesso ao crédito desde o início da pandemia de coronavírus, quando o Banco Central implementou as primeiras medidas de injeção de recursos na economia.

Um estudo recente divulgado pela ANR (Associação Nacional de Restaurantes) aponta que 76% das empresas do setor que buscaram novas linhas de crédito para financiar o negócio tiveram suas propostas recusadas.

Empresários também já haviam relatado à Folha que esbarraram em burocracia, excesso de exigências e demora nas respostas dos grandes bancos ao tentar acessar recursos para pagamento de salários de seus funcionários. A linha com esse propósito foi liberada no início de março pelo governo federal. Foram R$ 40 bilhões voltados para companhias com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões.

Relatos de que os bancos aumentaram os juros e restringiram a negociação de contratos também acontecem desde o início da pandemia de coronavírus.

A Febraban também afirma que os bancos já renegociaram 11,3 milhões de contratos com operações em dia, que respondem por um saldo devedor de R$ 666,4 bilhões. O volume de renegociações responde por um aumento de 16,5% em relação ao último levantamento da federação, divulgada no início do mês e que registrava 9,7 milhões de contratos.

A renegociação de contratos faz parte de uma medida anunciada em março pela Febraban e que consistia em adiar os vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas por até 60 dias. Com a extensão da crise ante a pandemia do coronavírus, alguns bancos estenderam o prazo de carência para 180 dias.

O adiamento dessas dívidas é tratado pelos bancos como uma renegociação de contratos.

Segundo a Febraban, os juros totais de maio atingiram 20,4%, redução de 2,3 p.p. (pontos percentuais) em relação a março. Já os spreads bancários (diferença entre os juros pagos pelos bancos na captação de recursos e as taxas cobradas nos empréstimos) atingiram 16,4 pontos percentuais em maio, queda de 1,6 p.p. na mesma relação.

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